19 de setembro de 2009

FILHOS NATIVOS DE TRABALHADORES ESTRANGEIROS ILEGAIS REPRESENTAM DILEMA PARA ISRAEL



TEL AVIV (JTA) - O menino de rosto redondo que recebeu o nome incomum de um rabino por seus pais filipinos nasceu há 11 anos em Israel e nunca conheceu outra terra.
Ele só fala hebraico e nunca viajou para as Filipinas, mas juntamente com algumas outras 1.100 crianças de trabalhadores estrangeiros sem autorização de trabalho em Israel, o menino enfrenta a possível deportação, juntamente com sua família.
"Eu me sinto israelense no meu coração e na minha alma", disse o menino, Rabi Eliazar Cruz.
Seus pais vieram inicialmente a Israel legalmente, como cuidadores de idosos, mas permaneceram depois que seus vistos venceram.
"A Terra de Israel é a minha terra", disse Rabino. "Mas esses dias eu fico a maior parte do tempo em casa, no interior. Eu não quero ser apanhado fora e interrogado pela polícia sobre onde estão meus pais e depois deportados.
No final de julho, uma ordem do Governo para deportar as crianças e suas famílias como parte de um projeto de erradicação dos imigrantes ilegais, foi adiada por três meses pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu no último minuto, sob pressão do público local, grupos de direitos humanos e até mesmo do Presidente Shimon Peres.
Ainda assim, a política do Governo sobre a questão das crianças nascidas em Israel, filhas de trabalhadores estrangeiros, cuja maioria dos pais entraram no país legalmente, mas permaneceram depois que a sua autorização de trabalho terminou, continua sem solução.
Como outros países no mundo industrial, Israel enfrenta o dilema de como lidar com as famílias surgidas em seu território por trabalhadores estrangeiros, entretanto, Israel, não tem uma política de imigração para os não-judeus.
“Israel incentivou a chegada de trabalhadores estrangeiros para estadias de curta duração e participação no mercado de trabalho em áreas onde não havia mão-de-obra suficiente", disse John Gal, professor de Ciências Sociais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Agora, Israel enfrenta uma situação a qual temos filhos de trabalhadores que nasceram aqui, mas com status migratório indefinido".
Sabine Hadad, porta-voz do Ministério do Interior, disse que a deportação residentes em situação ilegal é uma questão de aplicação da lei.
"Essas pessoas violaram a lei e eles sabem disso", disse ela sobre os estrangeiros ilegais. "A lei precisa ser aplicada".
Instituir uma política que permite que os pais de crianças nascidas em Israel fiquem permanentemente no país também iria abrir uma rota para os imigrantes ilegais para permanecer em Israel para sempre: basta ter um filho aqui.
Entretanto, cerca de 2.000 crianças filhas de estrangeiros nasceram em Israel. Eles falam hebraico fluentemente, freqüentam escolas israelitas e juntaram-se a movimentos de juventude. Alguns até já até serviram nas Forças Armadas.
Em 2006, o Governo concedeu a 900 crianças o status de residente permanente. Aqueles cujos futuros estão agora em questão são os outros 1.100.
"Eu não sou judia, mas sou israelense", disse uma adolescente, cujos pais vieram a Israel da Turquia.
Grupos de direitos humanos israelense também se questionam sobre o que eles consideram política governamental “porta giratória”, pois força os trabalhadores estrangeiros para fora do país e, em seguida, traz novos trabalhadores, em vez de apenas manter os que já estão no país e querem ficar.
A maioria dos trabalhadores estrangeiros no país é proveniente das Filipinas, Tailândia, Colômbia, China e África e grande parte trabalha como cuidadores de idosos ou deficientes.
Depois da segunda intifada (Revolta palestina), um grande número de autorizações foram emitidas para trazer trabalhadores estrangeiros para a agricultura e construção civil, para substituir trabalhadores palestinos.
Ao anunciar a decisão de suspender as ordens de deportação para as crianças e seus pais, o escritório de Netanyahu divulgou um comunicado explicando a posição da administração sobre os residentes ilegais em geral.
"O fluxo continuo de residentes ilegais em Israel durante os últimos anos tem levado à uma situação em que a percentagem de residentes em situação ilegal no país é um dos mais altos do mundo, em relação à população local e do número de empregados no mercado de trabalho ", disse o comunicado." Este fato aumenta o desemprego entre os israelenses e altera significativamente a demografia interna de Israel. "
Harel Kohen, um assessor de Yaakov Katz, que dirige a comissão parlamentar do Knesset sobre trabalhadores estrangeiros, disse que tomar uma posição firme com relação aos trabalhadores estrangeiros ilegais em Israel é preserver o caráter judaico de Israel.
"Nós precisamos garantir que eles não permaneçam em Israel, caso contrário, Israel está em risco de ter o seu próprio povo assimilado", disse ele. "Nós poderíamos perder nossa identidade judaica".
O Ministério do Interior diz que há cerca de 300.000 imigrantes ilegais e cerca de 70.700 trabalhadores estrangeiros legais em Israel.
O ministro da Educação Gidon Sa'ar está preparando uma legislação que impeça a deportação e ao encarceramento de menores com idades de 3 a 18 anos, juntamente com seus pais e irmãos. Sa'ar propõe também define as condições em que o status de residente permanente pode ser concedido a crianças integradas na vida de Israel.
O jornal Ha'aretz de Israel aprovou a proposta através de um editorial.
"Uma nação que experimentou as ordens de expulsão e do estatuto de refugiado não é permitida expulsar os filhos de refugiados e virar as costas para o sofrimento das crianças que querem se tornar parte do país", disse o editorial.

ISRAEL: PROPAGANDA CONTRA ASSIMILAÇÃO CAUSA ULTRAJE NA DIÁSPORA JUDAICA




JERUSALÉM (Reuters) - Uma campanha publicitária contra a assimilação judaica, co-patrocinada pelo governo de Israel, foi suspensa após ultrajar judeus no exterior,disse um oficial, colocando as relações, as vezes preocupantes, entre os residentes na pátria judaica e o judaísmo mundial.
A campanha no idioma hebraico foi lançada pela Masa, uma ação conjunta da quase-governamental Agência Judaica e o Governo israelense. Incluiu anúncios de jornais e na televisão mostrando panfletos de pessoas desaparecidas estampadas sob o título "PERDIDAS".
Judeus no exterior consideraram a campanha um ataque contra o casamento misto - o fenômeno comum de judeus se casarem com não-judeus.
As estatísticas mostram que os Estados Unidos abrigam a maior comunidade judaica fora de Israel - cerca de metade dos casamentos de judeus durante os últimos 25 anos têm sido mistos.
Um anúncio de TV convida os espectadores, jovens judeus que vivem no estrangeiro, para entrar em contato com a Masa, alertando que eles corriam o "perigo" de se casarem com não-judeus. "Juntos, vamos fortalecer seus laços com Israel, por isso, não vamos perdê-los", entoava uma voz.
Os líderes religiosos, blogueiros e escritores editoriais criticaram a campanha como uma afronta aos filhos de casamentos mistos, e os funcionários da Agência Judaica, disseram que centenas de pessoas contataram a organização para denunciá-la.
Algumas imagens evocavam o Holocausto, exibindo uma linha férrea a caminho de um campo de concentração.
J.J. Goldberg, diretor editorial do semanário judeu-americano The Forward, considerou: "Uma das campanhas publicitárias retrógradas mais espetaculares na história judaica moderna".
Ninguém, diz Goldberg, vai conquistar os corações dos jovens judeus de ascendência mista "com anúncios publicitários que insinuam que o casamento dos seus pais foi uma forma de genocídio".
Assimilação, ou enfraquecimento gradual da identidade judaica com imersão na cultura ocidental, é um dos temas mais explosivos no mundo judaico. Um terço dos judeus do mundo foram mortos no Holocausto, e alguns judeus temem que casamentos mistos e assimilação moderna ameaçam a sobrevivência da comunidade.
O presidente da Agência judaica Natan Sharansky emitiu uma declaração dizendo que ele ordenou que os anúncios ofensivos fossem suspensos.
"Não há dúvida de que o fortalecimento dos vínculos entre judaísmo da Diáspora e o Estado de Israel auxiliam na luta contra a assimilação", disse Sharansky.
"Ao mesmo tempo, temos de evitar ofender os judeus da Diáspora e encontrar uma linguagem comum entre eles e os cidadãos de Israel", acrescentou.
Muitos dos críticos da campanha notaram que nem todos os judeus que se casam fora de sua fé abandonam a religião.
O Blogger Ed Case disse no site: Interfaithfamily.com que "os líderes de Israel simplesmente não compreendem que muitas pessoas de fés diferentes se casaram e que seus filhos adultos estão ativamente envolvidos na vida judaica".
A Rabina Laura Baum, uma das fundadoras da ourjewishcommunity.org, escreveu em seu blog que "uma campanha publicitária como a da Masa somente quer empurrar as pessoas para fora do Judaísmo".