RESPOSTA:
Por séculos os judeus foram
perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias
e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os
pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.
O judaísmo mantém sua chama sempre
viva. A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por
quê? Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos
nossas próprias convicções. Mas quando judeus são seguidamente questionados
sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: "Por que os
judeus não acreditam em Jesus?" Preparamos alguns argumentos com o
objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por
esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição
judaica.
JESUS NÃO
PREENCHEU AS PROFECIAS MESSIÂNICAS
O que o Messias deveria atingir? A
Torá diz que ele:
a - Construirá o terceiro Templo
Sagrado (Yechezkel 37:26-28)
b - Levará todos os judeus de volta à
Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6).
c - Introduzirá uma era de paz
mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está
escrito: "Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá
a guerra." (Yeshayáhu 2:4).
d - Divulgará o conhecimento
universal sobre o D'us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só.
Como está escrito: "D'us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D'us
será Um e seu nome será Um" (Zecharyá 14:9).
O fato histórico é que Jesus não
preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.
2. CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA
JUDAICA
a - D'us em três?
A idéia cristã da trindade quebra
D'us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (mateus
28:19).
Compare isto com o Shemá, a base da
crença judaica: "Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D'us, o Senhor é
UM" (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D'us todos os dias,
escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça
(Tefilin). Esta declaração da unicidade de D'us são as primeiras palavras que
uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes
de morrer.
Na Lei Judaica, adorar um deus em
três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o
judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as
Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se
converterem.
b - Um homem como deus?
Os cristãos acreditam que D'us veio à
terra em forma humana, como disse Jesus: "Eu e o Pai somos um"
(João 10:30).
Maimônides devota a maior parte do
"Guia para os perplexos" a idéia fundamental que D'us é incorpóreo,
significando que Ele não assume forma física. D'us é eterno, acima do tempo.
É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que
D'us assume forma humana torna D'us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade
como Sua Divindade. Como diz a Torá: "D'us não é um mortal"
(Bamidbar 23:19).
O Judaísmo diz que Messias nascerá de
pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não
será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada
geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides
- Leis dos Reis 11:3).
c - Um intermediário para a oração?
É uma idéia básica na crença cristã
que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e.,
confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário,
pois disse: "Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim."
No Judaísmo, a prece é assunto
totalmente particular, entre cada pessoa e D'us. A Torá diz: "D'us está
perto de todos que clamam por Ele" (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez
Mandamentos declaram: "Não terá outros deuses DIANTE DE MIM,"
significando que é proibido colocar um mediador entre D'us e o homem. (veja
Maimônides - Leis da Idolatria cap. 1).
d - Envolvimento no mundo físico
O Cristianismo freqüentemente trata o
mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã,
é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os
mosteiros estão em locais remotos e segregados.
Em contraste, o Judaísmo acredita que
D'us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A
espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de
maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos
mais sagrados que podemos realizar.
O Talmud diz que se uma pessoa tem a
oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de
prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como
viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.
3. JESUS NÃO PERSONIFICA AS
QUALIFICAÇÕES PESSOAIS DO MESSIAS
a - Messias como profeta
Jesus não foi um profeta. A profecia
apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade
de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus
recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com
a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.
Jesus apareceu em cena
aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.
b - Descendente de David
O Messias deve ser descendente do Rei
David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a
reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e
dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser
descendente do Rei David pelo lado paterno!
c - Observância da Torá
O Messias levará o povo judeu à
completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem
para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como
um falso profeta. (Devarim 13:1-4).
No decorrer de todo o Novo
Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se
aplicam mais. (veja João 1:45 e
9:16, Atos 3:22 e 7:37).
4. VERSÍCULOS BÍBLICOS
"REFERINDO-SE" A JESUS SÃO TRADUÇÕES INCORRETAS
Os versículos bíblicos apenas podem
ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas
discrepâncias na tradução cristã.
a - Nascimento virgem
A idéia cristã de um nascimento
virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma "alma"
que dá à luz. A palavra "alma" sempre significou uma mulher jovem,
mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como
"virgem". Isto relaciona o nascimento de Jesus com a ideia pagã do
primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.
b - Crucifixão
O versículo em Tehilim 22:17 afirma:
"Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés." A palavra hebraica
ka'ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra "ferir
muito". Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência
à crucifixão: "Eles furaram minhas mãos e pés."
c - Servo sofredor
Os cristãos afirmam que Yeshayáhu
(Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o
tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As
profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são
considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de
referências à nação judaica com um pronome singular.
Ironicamente, as profecias de
perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus
foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus.
De onde provêm estas traduções
erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: "Um
certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão."
5. A CRENÇA JUDAICA É BASEADA NA
REVELAÇÃO NACIONAL
Das 15 mil religiões na História
Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e.,
D'us falando a toda a nação. Se D'us está para iniciar uma religião, faz
sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.
O Judaísmo,é a única entre todas as
grandes religiões do mundo que não confia em "reivindicações de
milagres" como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá
afirma que D'us às vezes concede o poder de "milagres" a
charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).
Maimônides declara (Fundações da
Torá, cap. 8
"Os Judeus não creram em Moshê
(Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a
crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas
remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados
através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no
deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua
profecia.
"Qual era então a base da crença
judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e
ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros... como
está escrito: 'Face a face, D'us falou com vocês...' A Torá também declara:
'D'us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos
todos aqui, vivos.' (Devarim 5:3)."
O Judaísmo não são os milagres. É o
testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.
6. JUDEUS E GENTIOS
O Judaísmo não exige que todos se
convertam à religião. A Torá de Moshê é uma verdade para toda a Humanidade,
seja judia ou não. O Rei Salomão pediu a D'us para considerar as preces de
não-judeus que vão ao Templo Sagrado (Reis I, 8:41-43). O profeta Yeshayáhu
refere-se ao Templo Sagrado como uma "Casa para todas as nações." O
serviço no Templo durante Sucot realizava 70 oferendas de touros,
correspondendo às 70 nações do mundo. De fato, o Talmud diz que se os Romanos
tivessem percebido quantos benefícios estavam conseguindo do Templo, jamais o
teriam destruído.
Os judeus nunca buscaram ativamente
converter as pessoas ao Judaísmo, porque a Torá prescreve um caminho correto
para que os gentios o sigam, conhecido como "As Sete Leis de
Nôach." Maimônides explica que qualquer ser humano que observe fielmente
estas leis morais básicas recebe um lugar apropriado no céu.
7. TRAZENDO O MESSIAS
De fato, o mundo está
desesperadamente necessitado da Redenção Messiânica. A guerra e a poluição
ameaçam nosso planeta; o ego e a confusão estão erodindo a vida familiar. Na
mesma extensão em que estamos conscientes dos problemas da sociedade, é a
extensão em que ansiamos pela Redenção. Como declara o Talmud, uma das
primeiras perguntas que um judeu recebe no Dia do Julgamento é: "Você
ansiou pela vinda do Messias?"
Como podemos apressar a vinda de
Mashiach? A melhor maneira é amar generosamente toda a humanidade, cumprir as
mitsvot da Torá (da melhor maneira que pudermos) e encorajar outros para que
as cumpram também.
O Mashiach pode chegar a qualquer
momento e tudo depende de nossas ações. D'us estará pronto quando estivermos.
Pois, como disse o Rei David: "A Redenção chegará hoje - se derem
atenção à Sua voz."
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