Entre outros documentos onde sua história pode ser encontrada, há uma referência na Cabalá, em que Lilith (לילית) é apresentada como a primeira mulher de Adão, personagem bíblico do mito de Adão e Eva
Citada em vários textos da antiguidade como o Antigo Testamento, o mito de Lilith (לילית) é encontrado em muitas culturas. Na mitologia da Babilônia, Lilith era um demônio com corpo de mulher que vivia no inferno. Entre outros documentos onde sua história pode ser encontrada, há uma referência na Cabalá, em que ela é apresentada como a primeira mulher de Adão, personagem bíblico do mito de Adão e Eva. Em uma das passagens da história bíblica, o demônio feminino é acusado de assumir forma de serpente e influenciar Eva a provar o fruto proibido.
Na mitologia mesopotâmica, Lilith (לילית) era associada à figura de um demônio noturno do sexo feminino
Criado em meados do século VII, o Alfabeto de Ben-Sira, apresenta Lilith como uma antecessora de Eva. Antes desta citação, não havia qualquer ligação entre sua figura e a parábola da Criação e com Adão e Eva. Na idade contemporânea, a figura do demônio feminino tem sido muito discutida por teólogos e estudiosos da mitologia, a questão mais relevante desta discussão é se a história de Lilith é o ou não apresentada na Bíblia.
Na mitologia mesopotâmica, Lilith era associada à figura de um demônio noturno do sexo feminino. Nesta cultura, a criatura sombria simbolizava o vento e, por isso, tinha sua imagem relacionada a pestes, mal-estar e à morte. Para entrar em contato com seu universo, Lilith utilizava-se da água como portal. Já na mitologia hebraica, com citações no Midrash e Talmud, Lilith também é vista como um demônio.
Entre os sumérios, em meados de 3000 a. C., Lilith era conhecida pelo nome de Lilitu. Naquele período, sua figura apareceu, em um primeiro momento, na representação de um grupo de demônios ou espíritos relacionados às tormentas e ventos. De acordo com alguns mitólogos, em 700 a.C. ocorreu a alteração do nome para Lilith. Assim como na Suméria, os povos da Babilônia associavam Lilith com espíritos ruins e entidades demoníacas. Simbolizando-a pela lua, os babilônicos acreditavam que o demônio feminino variava entre fases ruins e boas.
Na época contemporânea, ocorre outra interpretação da imagem de Lilith, que deixa de ser apenas um demônio feminino maligno para se tornar, entre os românticos, um símbolo de sensualidade e sedução. Essa alteração ocorreu entre intelectuais de origem europeia, que homenagearam Lilith em obras como o quadro de John Collier, de 1892, no qual a criatura é retratada como uma mulher sensual envolta por uma serpente. Desta forma, Lilith deixa de ser associada ao mal, à proliferação de doenças, entre outras pestes.
Na época contemporânea, ocorre outra interpretação da imagem de Lilith (לילית), que deixa de ser apenas um demônio feminino maligno para se tornar, entre os românticos, um símbolo de sensualidade e sedução
. A versão mais conhecida do mito de Lilith:
Lilith era a primeira esposa de Adão, bem antes da criação de Eva. Ela foi criada junto com ele para ser sua ajudante. No entanto, Lilith (לילית) não se adaptou muito bem a este critério.
Em sua tentativa de deitar-se com Lilith (לילית), Adão exigiu a “posição do missionário” [pela sua superioridade masculina]. No entanto, Lilith questionou: “Nós fomos criados iguais, e, portanto, vamos fazer amor em posições iguais”. Adão respondeu que, sendo à imagem do Elohim, não iria se rebaixar a um nível em que estivesse subordinado a ela, que ela era simplesmente como “um dos muitos animais do campo”: fora criada como sua auxiliar e assim deveria permanecer. Na realidade temos aqui um aspecto psicológico do patriarcado muito evidente: Adão assistia aos animais do campo copulando e queria reproduzir o mesmo padrão com Lilith. Ela, no entanto, era muito mais do que Adão tinha imaginado.
Insatisfeita, foi até “Javé” e habilmente usou seu talento de sedução sobre ele. Yahweh, conhecido por sua inclinação para com as mulheres, revelou o seu nome sagrado (YHWH). Então Lilith pronunciou o nome divino e voou para longe do Éden e de Adão – para sempre. Aqui vemos duas características da Deusa, uma é que Ela “voa”, o que sugere que tenha sido criada com asas segundo essa história, e a outra é que quando Lilith toma uma decisão, Ela faz e ninguém desfaz.
Lilith assume residência no interior de uma caverna ao atravessar do Mar Vermelho. Lá ela conhece Samael, seu Consorte Divino, conhecido como o Anjo da Morte, e ambos se enamoram. [Samael foi, posteriormente, associado à figura mítica do antigo Deus romano Lúcifer, O Portador da Luz, que a Igreja Canônica Cristã transformou no temido “Diabo”]. Podemos imaginar, mesmo em termos mitológicos, o porquê de Lilith se unir a Samael: Ele, enquanto poder autônomo, não dependia das ordens de um criador pois era considerado um anjo caído, ele era por si só líder e não servo de um trono – e o mais importante, ele aceitava o poder do feminino emanado de Lilith e a via como sua companheira, orgulhando-se em sua companhia.
Adão, por sua vez, percebe que era muito ruim viver sem Lilith, e se arrepende de ter desejado seu distanciamento. Ele pede pelo seu retorno a Yahweh. Deus envia, então, três Anjos Executores para “recuperá-la”.
Estes três anjos, ao encontrarem Lilith, exigem seu retorno imediato para Adão, e por ordem de Yahweh e a ameaçam: se ela se recusasse a voltar, ela seria condenada a ser transformada num demônio e eles iriam matar cem de seus “filhos demônios” por dia. [Aqui também é evidente a demonização de um Feminino que se nega à subjugação, logo, tudo o que vem dele, inclusive seus descendentes, são amaldiçoados].
Lilith, que não temia maldições, diz aos anjos que mesmo esse destino era melhor do que voltar ao Éden e se submeter a Adão. Como os Executores concretizaram o que disseram, Lilith também não deixa por menos: em pagamento pela dor imposta sobre ela e seus filhos, ela executaria todos os filhos de Adão, atacaria as crianças e suas mães e os homens durante sono, para roubar seu sêmen a fim de gerar mais filhos para repor os que foram assassinados. É evidente que a transferência psicológica do mal, segundo a misoginia judaica, é aqui configurada para ensinar os mais jovens a temer o Feminino.
Finalizamos aqui este breve resumo, apenas lembrando a parte da história em que Eva é criada e Lilith e Samael decidem, juntos, “iniciar” Adão e Eva nos Mistérios, oferecendo-lhes a opção do Conhecimento, através da imagem simbólica e tentadora da Maçã.
. Fontes:
Autoria: Deva Layo [Luciáurea], dedicada da Tradição de Lilith.
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Por Felipe Araújo
https://www.infoescola.com/mitologia/lilith/
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