Seu valor genuíno vem da sua contribuição para outra alma, do amor e bondade que você entrega a outro coração
Os primeiros versículos da porção dessa semana da Torá, Ki Tissá, transmitem a instrução de D'us a Moshê sobre como contar o povo judeu. Quando é necessário fazer um censo, eles são contados não de maneira comum, pessoa por pessoa. Em vez disso, todo membro da comunidade deveria contribuir com uma moeda para caridade, e então as moedas eram contadas.
Qual o raciocínio por trás dessa instrução? Por que a necessidade de contar a comunidade por intermédio de um objeto, em vez de simplesmente contabilizar as pessoas de forma direta?
Cada um de nós tem a capacidade de tocar um coração, elevar um espírito, acender uma alma, olhar um ser humano nos olhos e dizer: “Eu te amo”
Duas mensagens, aparentemente, estão sendo transmitidas aqui:
. Qual é o seu valor?
Primeiro, a Torá está sugerindo que você seja contado não com base naquilo que é, mas naquilo que você dá. Seu valor genuíno vem da sua contribuição para outra alma, do amor e bondade que você entrega a outro coração.
Sir Moses Montefiore, um diplomata e filantropo judeu do Século 19, certa vez foi indagado sobre quanto valia. O homem milionário pensou por um instante e disse um número. O outro respondeu: “Isso não pode estar certo. Pelos meus cálculos você deve valer muito mais.”
A resposta de Moses Montefiore foi: “Você não me perguntou quanto eu possuo. Portanto calculei a quantia que doei para caridade este ano e foi este número que lhe forneci. Veja,” disse ele, “você vale aquilo que está disposto a dividir com os outros.”
. Avaliando um povo:
Porém, parece haver uma mensagem mais vital apresentada aqui, que parece reverberar através da história. Para avaliar o valor e grandeza de um povo, a Torá está sugerindo que você deve estudar não o número de corpos, mas a profundidade de suas contribuições. O que mais importa não é a quantidade de seus adeptos, mas sim seu comprometimento em fazer uma diferença e sua inspiração e ânimo para fazer sacrifícios por seus valores e ideais. Números podem ser desapontadores. Grandes grupos de pessoas com frequência mal deixam um vestígio. Por outro lado, há vezes em que pequenos grupos, quando empenharam alma e coração em seu sistema de valores, causaram um enorme impacto, totalmente desproporcional aos seus números.
Para avaliar a importância da existência judaica, a Torá está nos dizendo que você deve estudar não os seus números: os judeus jamais constituíram mais de um por cento da sociedade. Em vez disso, você deve examinar o impacto que este pequeno grupo monoteísta tem causado no mundo. Outras nações, culturas e civilizações tiveram números muito maiores, territórios mais vastos e exércitos mais poderosos. Mas ninguém deixou uma impressão no próprio tecido da civilização como os relativamente poucos e perseguidos descendentes de Avraham Yitschac e Yaacov.
Ninguém deixou uma impressão no próprio tecido da civilização como os relativamente poucos e perseguidos descendentes de Avraham Yitschac e Yaacov
Como escreveu o escritor católico Thomas Cahill em seu bestseller “Os Presentes dos Judeus: Como uma Tribo de Nômades do Deserto Mudou a Maneira de Todos Pensarem e Sentirem”:
“A maioria de nossas melhores palavras na verdade – novo, aventura, surpresa; indivíduo singular, pessoa, vocação; tempo, história, futuro; liberdade, progresso, espírito; fé, esperança e justiça – são presentes dos judeus… Mal conseguimos levantar pela manhã ou atravessar uma rua sem sermos judeus. Sonhamos sonhos judeus e esperamos esperanças judaicas.”
Aqui está uma passagem do historiador contemporâneo Paul Johson em seu bestseller “História dos Judeus”:
“Todas as grandes descobertas conceituais do intelecto parecem óbvias e inescapáveis depois que foram reveladas, mas é preciso um gênio especial para formulá-las pela primeira vez. O judeu tem este dom. A eles devemos a ideia de igualdade perante a lei, tanto divina quanto humana; da santidade da vida e da dignidade da pessoa humana; da consciência individual e da redenção pessoal; da consciência coletiva e da responsabilidade social; da paz como uma ideia abstrata e amor como o alicerce da justiça, e muitos outros itens que constituem a mobília básica moral da mente humana. Sem os judeus, isso poderia ter sido um lugar muito mais vazio.”
. O Poder do Amor:
Assim como isso é verdadeiro a respeito da nossa identidade nacional, é verdadeiro no que concerne a cada pessoa individualmente. Às vezes você poderia pensar consigo mesmo: “Não tenho valor; não valho nada.”
Vem a Torá e diz que você por si mesmo, enclausurado em sua vaidade e egoísmo, pode de fato representar uma criatura pequena, fútil, indigna de ser contada (“Se eu for somente para mim mesmo, o que sou eu.” Hilel é citado como dizendo isto em Ética dos Pais). No entanto, cada um de nós tem o poder de contribuir com algo para o mundo, de buscar uma pessoa em necessidade. Cada um de nós tem a capacidade de tocar um coração, elevar um espírito, acender uma alma, olhar um ser humano nos olhos e dizer “Eu te amo.” Você pode na verdade ser pequeno, mas o amor e luz que você pode levar a outra vida através de um simples gesto, um “bom dia” sincero, ou um ato de bondade e gentileza, não pode ser contado o suficiente.
. Fontes:
Rabino Yosef Y. Jacobson é editor de Algemeiner.com, um site de notícias e comentários judaicos em inglês e yidish. Rabino Jacobson também faz palestras sobre ensinamentos chassídicos, sendo muito popular e bastante procurado. É autor da série de fitas “Um Conto Sobre Duas Almas”.
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2483090/jewish/Procurando-sua-Auto-Estima.htm
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