10 de agosto de 2021

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL: RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS


Terreiro de Candomblé é depredado durante festividade para Yemanjá, em Jacarepaguá (RJ)

Um homem foi autuado por dano pela Polícia Civil do Rio após depredar um terreiro de Candomblé em Jacarepaguá, na Zona Oeste, no último sábado, dia 6. Segundo a corporação, a 32ª DP (Taquara) instaurou inquérito para apurar o crime de intolerância religiosa.
De acordo com os dirigentes do Ilê Àsé Babami Erinlé e Ogunté, Cristina D Yemanjá, Iyalorixá, de 50 anos, e Babalorixá Felipe D Odé, de 33 anos, o centro religioso na Rua Araticum 1.505, no bairro do Anil, foi atacado por um vizinho durante as festividades para Yemanjá por volta das 18h30 de sábado.
Com 43 e 11 anos de iniciados, respectivamente, os dirigentes disseram que o autor, "Magnno Gomes Lúcio, que se titulava evangélico, começou a xingar e depredar o terreiro".

"O que era para ser uma comemoração, virou uma dor de cabeça", afirmou a dupla em um comunicado emitido nesta terça-feira, dia 9.

Segundo a Iyalorixá, que está há pouco mais de um ano no local, o espaço pertence a outro religioso de matriz africana que, apesar de ser cunhado do agressor, apoiou o registro de ocorrência contra ele na delegacia. A dirigente contou que esta não foi a primeira vez que o vizinho se manifestou contrário ao templo, localizado numa estrada sem saída. De acordo com ela, já houve reclamação de barulho enquanto era realizada uma atividade religiosa.

"Ele já vem jogando piadinhas e vem nos incomodando já há um certo tempo, mas não demos importância, até esse sábado", acrescentou.

A Iyalorixá explicou que a confusão de sábado começou com uma discussão sobre a melhor forma de escoar os bolsões d'água que se formaram na via em razão da chuva. Naquele momento, ela arrumava a entrada do terreiro para receber visitas. Enquanto isso, o homem teria ficado nervoso e, usando uma escada, teria quebrado o telhado de uma casa de santo, num espaço reservado, conforme Mãe Cristina relatou. Em seguida, teria utilizado um pedaço de pau para atingir objetos sagrados, como Odù de Yemanjá (combinação de jogo), quartinhas (espécie de jarro com tampa, feito em barro ou porcelana), Erê de Xangô (peças como Gamelinha e Trovoada) e pratos de Yemanjá e Oxalá.

A dirigente narrou ainda as ofensas que escutou naquela noite: “Vocês são um bando de macumbeiros. Não quero macumba aqui”, “Por isso que não gosto de macumba”, “Odeio macumbeiros”. Para a polícia, entretanto, o agressor teria dito que agiu daquela forma por sentir-se ameaçado.

A sacerdotisa afirmou ter ficado "estarrecida" e disse que evita realizar atividades no terreiro aos domingos em respeito a uma igreja evangélica próxima.

“Quem irá arcar com o prejuízo, seja moral, ofensivo ou material?", questionou Mãe Cristina.

O caso foi denunciado pelos responsáveis do terreiro para a Agen Afro.
Para o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, a depredação de sábado "é uma prova de como estamos sem proteção".

"Qualquer pessoa se acha no direito de profanar e ultrajar nossa religião", criticou. "Só neste ano, e olha que estamos no início de fevereiro, recebi oito casos, sendo sete deles envolvendo o segmento de matriz africana. É preciso prender, punir, processar".

. Fonte:

https://extra.globo.com/casos-de-policia/policia-apura-ofensas-judeus-em-panfletos-jogados-em-ruas-de-condominios-da-barra-da-tijuca-rv1-1-25147473.html

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