BBC Brasil
Atualizado em 17 de julho, 2009 - 12:46 (Brasília) 15:46 GMT
O Tribunal de Justiça de Jerusalém chegou, nesta sexta-feira, a um acordo com líderes judeus ultraortodoxos e decidiu enviar uma mulher da comunidade, acusada de impedir seu filho de três anos de se alimentar, à prisão domiciliar na residência de um rabino.
Membros do grupo religioso ao qual pertence a mulher consideraram a prisão injusta e uma interferência em seus assuntos internos. Isso levou a violentos protestos que quase paralisaram a cidade nos últimos quatro dias.
As negociações no tribunal duraram quatro horas e envolveram líderes da comunidade ultraortodoxa de Jerusalém, membros da polícia e representantes do Ministério da Segurança Interna israelense.
De acordo com a decisão do tribunal, a mulher será mantida em prisão domiciliar na residência de um dos rabinos que lideram a comunidade, além de ser afastada de seus filhos e passar por exames psiquiátricos.
Maus-tratos
A criança de três anos foi levada ao hospital Hadassa em estado grave, pesando apenas 7 kg. Depois de colocar câmeras ocultas no local, a equipe médica do hospital descobriu que a mãe costumava retirar a sonda que alimentava seu filho.
Ela foi acusada de maltratar a criança e, segundo a polícia, há suspeitas de que também costumava maltratar seus outros dois filhos.
A família pertence ao setor mais radical da comunidade judaica ultraortodoxa de Jerusalém, o Neturei Karta, que é extremamente fechado e não reconhece a existência do Estado de Israel.
De acordo com os líderes espirituais desse grupo, que inclui dezenas de milhares de pessoas, a religião proíbe a criação de um Estado Judaico antes da chegada do Messias.
Durante os últimos quatro dias, milhares de membros da comunidade entraram em confronto com a polícia de Jerusalém, bloquearam vias de trânsito, queimaram equipamentos da prefeitura e atiraram pedras contra prédios municipais e governamentais.
Pelo menos 18 policiais ficaram feridos e 50 manifestantes foram presos.
Entre as instituições que ficaram danificadas estão o Ministério de Bem-Estar Social e o Ministério da Educação.
Corte de serviços
Líderes do Neturei Karta acusaram tanto o hospital Hadassa como a polícia israelense de "calúnia" e exigiram a libertação imediata da mulher.
O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, suspendeu todos os serviços da prefeitura em alguns dos bairros ultraortodoxos "enquanto os ânimos não se acalmarem".
De acordo com o jornalista ultraortodoxo Beni Rabinovitz, "o prefeito impôs uma punição coletiva contra a comunidade".
Segundo Dudi Zilbershlag, porta-voz da família, com a decisão de libertar a suspeita, "o tribunal demonstrou liderança e restituiu a tranquilidade em Jerusalém".
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