6 de julho de 2013

ENTERRO JUDAICO NO RIO DE JANEIRO VAI PARAR NA JUSTIÇA

Leonardo Laska, de 29 anos, que morreu em um acidente de carro em abril de 2011
Na quase totalidade, a ortodoxia interpreta ao pé da letra a tradição judaica (Morashá), com total descaso às outras denominações judaicas progressistas (Reformista, Conservadora ou Masorti e Reconstrucionista) ou os sentimentos de sua própria comunidade. Somos menos de 1% da população do planeta, há inúmeros inimigos que tentam diariamente nos destruir e, ainda assim, lutamos contra nós mesmos. Cada vez que isso acontece, os inimigos sorriem. É uma lástima. O empresário carioca Júlio Laska está processando a Associação Religiosa Israelita Chevra Kadisha do Rio de Janeiro porque a entidade negou autorização para que seu filho fosse enterrado ao lado do túmulo dos avós. A Chevra Kadisha é responsável pela administração do cemitério judaico de Villar dos Teles, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Leonardo Laska, 29, filho de Júlio, morreu em um acidente em abril de 2011. Ele viajava em um ônibus que capotou na rodovia Rio-Santos. O pai alega que tentou enterrá-lo na ala A do cemitério, mas só conseguiu na ala C.


Segundo Júlio, o corpo do filho não pode ficar na ala A, porque sua mãe, que não era judia, foi convertida por uma instituição "não ortodoxa". Ele diz que não há nenhuma informação no cemitério indicando que o setor A é reservado aos ortodoxos.
"O meu filho estudou em escola ortodoxa, chegou a morar em um kibutz em Israel e pertencia à Federação Israelita do Rio de Janeiro. Era muito religioso. E mesmo assim não deixaram ele ficar ao lado dos meus pais no cemitério", diz ele, que entrou com ação na 52ª Vara Cível do Rio em outubro do ano passado.
No processo, ele pede uma indenização por danos morais pela transferência do local do sepultamento.
"O cemitério tem outros locais onde o judeu que não é ortodoxo pode ser enterrado. Essa é uma questão de respeito à tradição judaica", diz o advogado da associação, José Roberto Castro Neves.
Vale frisar que a tradição judaica, baseada na Torá, não faz distinção entre as diferentes vertentes judaicas, ou seja: judeu é toda pessoa nascida de mãe judia ou convertida oficialmente ao Judaísmo e não somente ao judaísmo ortodoxo.
O advogado diz que incluiu no processo os pareceres de rabinos, que avalizaram a decisão.
"A Constituição diz que homens e mulheres são iguais. Mas, na religião católica, só o homem pode rezar missa. Toda religião tem suas regras", compara.
A Congregação Judaica do Brasil - CJB (Progressista), sediada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, inaugurou um Cemitétrio Comunal Israelita no subúrbio de Paciência, também na Zona Oeste, para membros de toda comunidade judaica, independente da denominação. Caso não haja uma mudança de mentalidade entre determinadas vertentes judaicas mais radicais, a tendência no futuro será a criação de mais cemitérios como esse para diminuir a dor de cabeça e decepção para quem perde seus entes queridos. 

Fonte: Folha de São Paulo
26/05/2012 - 12h57

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