Esta é uma homenagem ao talento de vários artistas de ascendência judaica, que atuam na TV, teatro e cinema no Brasil. Desta vez ficaram de fora os músicos.
Atores:
Abrahão Farc (Abram Jacob Szafarc) - ator e diretor
Beyla Genauer - atriz e escritora
Bel Kutner - atriz
Bernardo Jablonski - ator, diretor e crítico teatral
Betty Gofman - atriz
Bruce Gomlevsky - ator
Cacá Rosset - ator e diretor
Caco Ciocler - ator
Carlo Mossy (Moisés Abrão Goldszal) - ator e cineasta
Clarice Niskier - atriz
Cláudia Ohana - atriz
Dan Stulbach - ator
Débora Bloch - atriz
Deborah Evelyn (Deborah Sochaczewski Evelyn) - atriz
Deborah Olivieri (Débora Ida Szafran) - atriz
Dina Sfat (Dina Kutner) - atriz
Eliana Guttman - atriz
Elias Gleiser (Elicz Gleiser) - ator
Etty Fraser - atriz
Eva Todor - atriz
Eva Wilma (Eva Wilma Riefle Buckup) - atriz
Felipe Levy (Philipe Levy) - ator
Felipe Wagner - ator
Fernando Reski - ator e apresentador de TV
Gilbert (Abraham Gilbert Stein) - ator, cantor e radialista
Giovanna Gold (Giovanna Goldsarb Padilha Sodré) - atriz
Guilherme Weber - ator
Ida Gomes (Ida Szafran Gomes) - atriz
Isaac Bardavid - ator e dublador profissional
Jaime Barcelos - ator
Jaime Leibovitch - ator
Jonas Bloch - ator
Jorge Cherques - ator
Jorge Mautner - cantor, compositor e escritor
José Lewgoy - ator
Laila Zaid - atriz
Leina Krespi (Leina Perelman da Matta) - atriz
Luciano Szafir - ator
Marcelo Szpketor - ator
Marcos Mion (Marcos Chaib Mion) - ator e apresentador de TV
Marcos Wainberg - ator
Mário Schoemberger - ator
Michel Bercovitch - ator, diretor e produtor
Michel Melamed - ator e apresentador de TV
Miriam Mehler - atriz
Natalia Thimberg - atriz
Odilon Wagner - ator
Renata Sorrah (Renata Leonardo Pereira Sochaczewski) - atriz
Riva Nimitz - atriz
Rosane Gofman - atriz
Soraya Ravenle (Soraya Jarlicht) - atriz e cantora
Sura Berditchevsky (Sílvia Berditchevsky) - atriz, diretora e professora de teatro
Suzana Faini ( Myriam Suzana Faini) - atriz e bailarina
Tereza Rachel (Teresinha Brandwain de La Sierra) - atriz
Viviane Pasmanter - atriz
Ziembinski (Zbigniew Marian Ziembinski) - ator
Humoristas:
Berta Loran (Basza Ajs) - atriz e humorista
Beto Silva (Roberto Adler) - humorista do Casseta & Planeta
Bussunda (Cláudio Bessermann Viana) - humorista e redator do Casseta & Planeta
Fabio Rabin - humorista de stand-up
Juca Chaves (Jurandyr Czaczkes) - compositor e humorista
Marcos Plonka - ator e humorista
Dramaturgos:
Gilberto Braga (Gilberto Tumscitz Braga) - autor de novelas
Cineastas:
Arnaldo Jabor - cineasta e jornalista
Carlo Mossy (Moisés Abrão Goldszal) - ator e cineasta
Cao Hamburger - cineasta e roteirista
Sylvio Back - cineasta
Jom Tob Azulay - cineasta, escritor e ex-diplomata
Diretores de TV e Teatro:
Amora Mautner
Felipe Hirsch
Iacov Hillel
Maurício Sherman
Sura Berditchevsky (Sílvia Berditchevsky)
Tiago Worcman
Apresentadores de TV:
Boris Casoy
Daniel Azulay
Didi Wagner (Adriana Golombek Wagner)
Fernando Reski
Luciano Huck
Luisa Melll (Marina Zatz de Camargo)
Márcia Peltier
Marcos Mion (Marcos Chaib Mion)
Michel Melamed
Pedro Bial (Pedro Bialski)
Roberto Justus
Serginho Groissman
Sandra Annenberg
Sílvio Santos (nome artístico de Senor Abravanel)
Fontes:
Dramaturgia Brasileira
Revista Judaica
Jornal Alef
Unirio
Época
Cultura Hebraica
Folhas de Almanaque
O jornalista Leonardo Ferreira, natural do Rio de Janeiro (RJ), é formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, pós-graduado em Gestão Comercial & Marketing Digital, pós-graduado em Transtorno do Espectro Autista: Inclusão Escolar & Social, além de membro do Templo Beth-El of Jersey City (www.betheljc.org). O templo foi fundado no estado de New Jersey (EUA), em 1864.
1 de dezembro de 2012
Nossos Sábios: O Lechá Dodi do Rabi Shlomo Alkabetz
Reza: Lechá Dodi - Revista Morashá
O Lechá Dodi é o ponto alto do Cabalat Shabat – o serviço de orações das noites de sexta-feira, quando recebemos o Shabat. De todas as orações desse dia, o Lechá Dodi é a mais famosa e bela, e nenhuma outra é recitada com tanto júbilo e fervor. Escrita pelo poeta e cabalista sefardita do século 16, o Rabi Shlomo HaLevi Alkabetz, o Lechá Dodi foi adotado por todas as comunidades judaicas, sefarditas e asquenazitas. Pouco se sabe sobre Rabi Alkabetz, que nasceu por volta de 1505, até que ele se estabeleceu na cidade de Salônica, onde se tornou extremamente respeitado por seus profundos conhecimentos da Torá, Talmud e das obras místicas. Em meados de 1535, após vivenciar com Rabi Yossef Caro, autor do Shulchan Aruch, uma experiência mística, deixou essa cidade e fixou residência em Safed. A cidade era um grande centro de estudos místicos, onde viviam e ensinavam grandes sábios sefaraditas, profundos conhecedores do Talmud e da Cabalá, como Rabi Moshe Cordovero, Rabi Chaim Vital e o próprio Arizal, Rabi Itzahak Luria, o maior cabalista na história judaica.
Em Safed, às sextas-feiras, ao pôr-do-sol, Rabi Alkabetz ia com outros cabalistas aos campos, para dar as boas-vindas ao Shabat. Foi nessa atmosfera que Rabi Alkabetz escreveu a poema Lechá Dodi. Apesar de outras saudações poéticas ao Shabat terem sido compostas por outros Sábios, foi o Lechá Dodi que recebeu o endosso de Rabi Yitzhak Luria, discípulo do cabalista Rabi Cordovero, aluno e cunhado de Rabi Alkabetz.
Tendo sido composto por um homem que foi um grande erudito em Torá, cabalista e poeta, o Lechá Dodi tem muitas camadas de significado. Baseia-se em fontes encontradas nos Cinco Livros da Torá, nos Livros dos Profetas e nas Escrituras Sagradas, no Talmud e Midrash, e faz referências a alguns dos assuntos mais profundos e complexos da Cabalá. Mas como a interpretação cabalista de seus versos está além do escopo deste ensaio, elucidaremos o significado básico das estrofes do Lechá Dodi, para que cada um de nós possa ter condições de melhor apreciar suas palavras quando as recitamos durante as orações da noite de Shabat.
O tema geral do Lechá Dodi é que o Shabat é uma “Noiva” ou uma “Rainha”, a quem saímos para receber e dar as boas vindas. Estas metáforas se baseiam na descrição do Talmud sobre a alegre saudação dos Sábios ao Shabat (Shabat, 119a): Rabi Chanina costumava envolver-se em suas vestes especiais do Shabat e dizer: ‘Vamos, saiamos para saudar a Rainha do Shabat’ ”. Rabi Yannai se aparamentava com suas vestimentas especiais e dizia: “Entre, noiva! Entre, noiva!”. O Lechá Dodi divide-se em estrofes. Algumas congregações têm o costume de repetir a primeira estrofe (Lechá Dodi Likrat Kala, Penei Shabat Necabelá) após recitar cada uma das demais estrofes. Abaixo traduzimos e elucidamos cada estrofe individualmente.
Lechá Dodi:
“Vem, meu Amado, saudar a Noiva, vem, vamos dar as boas vindas à Presença do Shabat.”
Lechá Dodi se inicia convidando nosso “Amado”, o Próprio D’us, a se unir a nós no Shabat. A “Noiva” é o próprio Shabat. O Midrash (Bereshit Rabá 11) ensina que quando D’us criou o tempo, dividindo-o em sete dias, Ele prometeu ao recém-criado Shabat que “Israel será seu novo par” para sempre. Conseqüentemente, a cada semana, o Povo Judeu saúda a aproximação do Shabat como se fosse um noivo que aguarda sua noiva, enquanto esta se aproxima do pálio nupcial.
Outro comentarista (Anat Yosef) interpreta a “Noiva” como sendo uma alusão à Shechiná, a Presença explícita de D’us, que foi retirada do homem devido aos pecados de Israel. Por isso, pedimos ao Eterno que se una a nós ao saudar Sua própria Presença; estamos orando a Ele pelo fim do exílio, para que a Shechiná volte novamente a brilhar sobre o Povo Judeu e sobre o mundo todo. Isto somente ocorrerá com a chegada do Mashiach e a reconstrução do Templo Sagrado de Jerusalém.
Shamor:
“Guarda e Recorda, ditos em uma expressão única e simultânea, nos fez ouvir D’us, Uno e Único. O Eterno é Um e Seu Nome é Único – por seu bom nome, por sua beleza, por seu louvor.”
O Talmud (Shevuot 20b) ensina que quando D’us deu os Dez Mandamentos, Ele milagrosamente habilitou Israel a ouvir simultaneamente os dois aspectos complementares do mandamento do Shabat: Shamor (Deuteronômio, 5:12) – para guardar o Shabat – é a ordem de evitar sua profanação, ao passo que Zachor (Êxodo, 20:8) – para recordar o Shabat – é a ordem de realizar os mandamentos positivos associados a esse dia, tais como recitar o Kidush sobre um copo de vinho e dedicar o dia a atividades que são permitidas, espiritualmente elevadas e fisicamente alegres, tais como a oração, o estudo da Torá, o descanso e o prazer das refeições do Shabat. Apesar de a Torá escrever esses dois mandamentos, Shamor e Zachor, de forma separada, D’us os combinou no Sinai para que o Povo Judeu entendesse que os mesmos são inseparáveis.
Um dos comentários sobre o Sefer Yetzirá (o Livro da Formação), o livro mais antigo sobre a Cabalá, afirma que a capacidade de D’us de fundir os opostos é indicada pela descrição d’Ele como sendo “Um e Único”. O Infinito Criador, que não é limitado de forma alguma, realiza o feito impossível de pronunciar as palavras “Recorda” e “Guarda” de forma simultânea.
O Lechá Dodi é o ponto alto do Cabalat Shabat – o serviço de orações das noites de sexta-feira, quando recebemos o Shabat. De todas as orações desse dia, o Lechá Dodi é a mais famosa e bela, e nenhuma outra é recitada com tanto júbilo e fervor. Escrita pelo poeta e cabalista sefardita do século 16, o Rabi Shlomo HaLevi Alkabetz, o Lechá Dodi foi adotado por todas as comunidades judaicas, sefarditas e asquenazitas. Pouco se sabe sobre Rabi Alkabetz, que nasceu por volta de 1505, até que ele se estabeleceu na cidade de Salônica, onde se tornou extremamente respeitado por seus profundos conhecimentos da Torá, Talmud e das obras místicas. Em meados de 1535, após vivenciar com Rabi Yossef Caro, autor do Shulchan Aruch, uma experiência mística, deixou essa cidade e fixou residência em Safed. A cidade era um grande centro de estudos místicos, onde viviam e ensinavam grandes sábios sefaraditas, profundos conhecedores do Talmud e da Cabalá, como Rabi Moshe Cordovero, Rabi Chaim Vital e o próprio Arizal, Rabi Itzahak Luria, o maior cabalista na história judaica.
Em Safed, às sextas-feiras, ao pôr-do-sol, Rabi Alkabetz ia com outros cabalistas aos campos, para dar as boas-vindas ao Shabat. Foi nessa atmosfera que Rabi Alkabetz escreveu a poema Lechá Dodi. Apesar de outras saudações poéticas ao Shabat terem sido compostas por outros Sábios, foi o Lechá Dodi que recebeu o endosso de Rabi Yitzhak Luria, discípulo do cabalista Rabi Cordovero, aluno e cunhado de Rabi Alkabetz.
Tendo sido composto por um homem que foi um grande erudito em Torá, cabalista e poeta, o Lechá Dodi tem muitas camadas de significado. Baseia-se em fontes encontradas nos Cinco Livros da Torá, nos Livros dos Profetas e nas Escrituras Sagradas, no Talmud e Midrash, e faz referências a alguns dos assuntos mais profundos e complexos da Cabalá. Mas como a interpretação cabalista de seus versos está além do escopo deste ensaio, elucidaremos o significado básico das estrofes do Lechá Dodi, para que cada um de nós possa ter condições de melhor apreciar suas palavras quando as recitamos durante as orações da noite de Shabat.
O tema geral do Lechá Dodi é que o Shabat é uma “Noiva” ou uma “Rainha”, a quem saímos para receber e dar as boas vindas. Estas metáforas se baseiam na descrição do Talmud sobre a alegre saudação dos Sábios ao Shabat (Shabat, 119a): Rabi Chanina costumava envolver-se em suas vestes especiais do Shabat e dizer: ‘Vamos, saiamos para saudar a Rainha do Shabat’ ”. Rabi Yannai se aparamentava com suas vestimentas especiais e dizia: “Entre, noiva! Entre, noiva!”. O Lechá Dodi divide-se em estrofes. Algumas congregações têm o costume de repetir a primeira estrofe (Lechá Dodi Likrat Kala, Penei Shabat Necabelá) após recitar cada uma das demais estrofes. Abaixo traduzimos e elucidamos cada estrofe individualmente.
Lechá Dodi:
“Vem, meu Amado, saudar a Noiva, vem, vamos dar as boas vindas à Presença do Shabat.”
Lechá Dodi se inicia convidando nosso “Amado”, o Próprio D’us, a se unir a nós no Shabat. A “Noiva” é o próprio Shabat. O Midrash (Bereshit Rabá 11) ensina que quando D’us criou o tempo, dividindo-o em sete dias, Ele prometeu ao recém-criado Shabat que “Israel será seu novo par” para sempre. Conseqüentemente, a cada semana, o Povo Judeu saúda a aproximação do Shabat como se fosse um noivo que aguarda sua noiva, enquanto esta se aproxima do pálio nupcial.
Outro comentarista (Anat Yosef) interpreta a “Noiva” como sendo uma alusão à Shechiná, a Presença explícita de D’us, que foi retirada do homem devido aos pecados de Israel. Por isso, pedimos ao Eterno que se una a nós ao saudar Sua própria Presença; estamos orando a Ele pelo fim do exílio, para que a Shechiná volte novamente a brilhar sobre o Povo Judeu e sobre o mundo todo. Isto somente ocorrerá com a chegada do Mashiach e a reconstrução do Templo Sagrado de Jerusalém.
Shamor:
“Guarda e Recorda, ditos em uma expressão única e simultânea, nos fez ouvir D’us, Uno e Único. O Eterno é Um e Seu Nome é Único – por seu bom nome, por sua beleza, por seu louvor.”
O Talmud (Shevuot 20b) ensina que quando D’us deu os Dez Mandamentos, Ele milagrosamente habilitou Israel a ouvir simultaneamente os dois aspectos complementares do mandamento do Shabat: Shamor (Deuteronômio, 5:12) – para guardar o Shabat – é a ordem de evitar sua profanação, ao passo que Zachor (Êxodo, 20:8) – para recordar o Shabat – é a ordem de realizar os mandamentos positivos associados a esse dia, tais como recitar o Kidush sobre um copo de vinho e dedicar o dia a atividades que são permitidas, espiritualmente elevadas e fisicamente alegres, tais como a oração, o estudo da Torá, o descanso e o prazer das refeições do Shabat. Apesar de a Torá escrever esses dois mandamentos, Shamor e Zachor, de forma separada, D’us os combinou no Sinai para que o Povo Judeu entendesse que os mesmos são inseparáveis.
Um dos comentários sobre o Sefer Yetzirá (o Livro da Formação), o livro mais antigo sobre a Cabalá, afirma que a capacidade de D’us de fundir os opostos é indicada pela descrição d’Ele como sendo “Um e Único”. O Infinito Criador, que não é limitado de forma alguma, realiza o feito impossível de pronunciar as palavras “Recorda” e “Guarda” de forma simultânea.
Categorias:
Cultura,
Curiosidades,
Entrevista Personalidades,
Judaísmo,
Nossa História,
Tradição
DESCOBERTA DA SINAGOGA DURA-EUROPOS
Revista Morashá - Edição 76 - junho de 2012
A sinagoga de Dura-Europos, que ficou enterrada nas areias da Síria Oriental por 17 séculos, escreveu sozinha um importante capítulo na história da arquitetura e decoração das sinagogas. Sua descoberta causou um frisson entre arqueólogos e historiadores, pelas pinturas que ornam seu interior, retratando cenas bíblicas que revelam uma arte de cuja existência não se tinha conhecimento. Era o maior conjunto de afrescos da Antiguidade inspirados na Torá, no Midrash, nos Livros dos Profetas e em outros textos judaicos.
O impacto foi profundo tanto sobre o que se sabia, até então, em relação à arte judaica e, de modo geral sobre os estudos da arte nos últimos séculos da Antiguidade, como sobre a iconografia bíblica e os vínculos entre a arte judaica e a cristã. Tais afrescos estão, hoje, expostos no Museu Nacional, em Damasco. O destino de Dura-Europos, antiga cidade fundada no terceiro século antes da Era Comum (a.E.C), às margens do rio Eufrates, e de sua sinagoga, é, de certa forma, comparável ao de Pompéia, pois suas riquezas arquitetônicas e artísticas foram preservadas pelas toneladas de areia e entulhos sob as quais a cidade ficou soterrada desde sua destruição, em meados do século 3 desta Era, até sua descoberta acidental, em 1920.
O sítio foi encontrado pelo exército britânico, que fazia preparativos táticos para enfrentar a chamada Revolta árabe, que se havia espalhado também na região do Eufrates. Ao cavar trincheiras perto da cidade de Salhiy, uma unidade encontrou um muro de um antigo templo, onde se podia ver um afresco muito bem conservado.
Historiadores e pesquisadores sabiam da existência de Dura-Europos, pois a cidade é mencionada nos textos do geógrafo Isidore de Charax, que viveu no século 1 da Era Comum. Apenas não se conhecia a sua localização.
O local começou a ser escavado por arqueólogos em 1922, mas os trabalhos tiveram que ser interrompidos dois anos mais tarde devido à falta de segurança da região. Em 1928, arqueólogos da Universidade de Yale, em associação com a Academie des Inscriptions et Belles Lettres, voltaram a escavar o sítio. Quando, em 1937, Yale decidiu interromper os trabalhos por escassez de fundos, cerca de 30% da antiga cidade haviam sido revelados. Entre as riquezas arquitetônicas e artísticas descobertas e os inúmeros templos dedicados às mais diversas divindades, havia uma sinagoga, encontrada em 1932, em notável estado de preservação. Junto à sinagoga, foram encontrados, também, um local de orações usado provavelmente por soldados romanos, conhecido como domo Mithareum, e uma pequena capela cristã.
A sinagoga, com sua construção e decoração tão elaboradas, não encontra paralelo em nenhum outro templo encontrado em Dura-Europos. O arqueólogo norte-americano Clarck Hopkins assim descreveu a descoberta “(...) como uma página saída de um conto das Mil e uma Noites. Esfregou-se a lâmpada de Aladim e, repentinamente, das areias secas e escuras do deserto, pinturas emergiram, não apenas uma, um painel ou um muro, mas um edifício inteiro, com cenas após cenas desenhadas, todas extraídas da Bíblia, de uma forma até então jamais sequer imaginada”.
Categorias:
Cultura,
Curiosidades,
Nossa História,
Tradição
30 de novembro de 2012
CANÇÃO EM LADINO - ABRAHAM AVINU (ABRAÃO NOSSO PAI) - CANTOR ABRAHAM FERREIRA
Categorias:
Cultura,
Ladino,
Musica,
Videos Classicos
26 de julho de 2012
SINAGOGA DO BAIRRO DE OLARIA (RJ) FAZ 60 ANOS
A SINAGOGA AHAVAT SHALOM (AMOR PELA PAZ) COMEMOROU 6 DÉCADAS DE EXISTÊNCIA
A sinagoga Ahavat Shalom, em Olaria, teve seu apogeu com a consolidação e a expansão da comunidade judaica dos subúrbios da Leopoldina, entre os anos 1930 e 1960. Depois, a mudança em massa para outros bairros a deixou vazia, mas o prédio simples, de janelas em basculante, foi mantido pelo médico Soil Zuchen, o último dos imigrantes originais que permanece na região. Hoje, graças aos esforços de um grupo de antigos moradores, o templo está restaurado, tem minian aos sábados e comemorou, com um grande almoço no CIB, seus 60 anos.
Naqueles tempos, como mostra a foto acima, bris/circuncisão era um assunto simples, sem bufê nem cerimonial, que podia ser realizado em sinagoga. O bebê é Dan Sali Reznik, cercado pelo mohel Moishe Singer, pelo bisavô Tzvi Baum (conhecido como Hershel Shoichet), pelo pai Alberto e pelo avô Wolf Reznik. As fotos estão no livro Judeus da Leopoldina, edição do Museu Judaico.
Naqueles tempos, como mostra a foto acima, bris/circuncisão era um assunto simples, sem bufê nem cerimonial, que podia ser realizado em sinagoga. O bebê é Dan Sali Reznik, cercado pelo mohel Moishe Singer, pelo bisavô Tzvi Baum (conhecido como Hershel Shoichet), pelo pai Alberto e pelo avô Wolf Reznik. As fotos estão no livro Judeus da Leopoldina, edição do Museu Judaico.
Categorias:
Comunidade,
Cultura,
Curiosidades,
Documentários,
Sinagogas Brasileiras,
Tradição
14 de junho de 2012
OS MOVIMENTOS NO JUDAÍSMO

Uma das verdadeiras dificuldades que as pessoas que procuram o judaísmo têm é decidir qual movimento dentro do judaísmo escolher. No Brasil, fala-se em três movimentos principais; além destes, há o que podemos chamar de instituições religiosas tradicionais não filiadas a nenhum dos movimentos mas que carregam as tradições de onde vieram seus fundadores (Rússia, Romênia, Bessarábia, Hungria, Portugal, Egito, Líbano, etc.); bem como alguns judeus que não se filiam a nenhum dos grupos. Esta seção inclui informação sobre os três movimentos principais, por ordem alfabética: Conservador (ou Massortí), Ortodoxo e Reformista. Ao redor do mundo há ainda outros movimentos menores do judaísmo, como o movimento Reconstrucionista, por exemplo, que praticamente só existe nos EUA. Para informação específica sobre conversão para qualquer um dos movimentos, acesse o link "Mais Informações Sobre Conversão ao Judaísmo." O foco desta seção é a informação sobre os movimentos. É muito difícil generalizar acerca desses grupos, pois existe uma grande diversidade dentro de cada um dos movimentos. Assim, o primeiro e melhor passo para um candidato à conversão é pesquisar sobre cada grupo que lhe pareça interessante e, especialmente, conversar com o rabino ou dirigentes do movimento em questão a fim de agendar uma entrevista, ou mesmo uma visita à respectiva sinagoga local para assistir a um serviço religioso. Caso não existam sinagogas em sua cidade, é aconselhável entrar em contato inicialmente por meio de e-mail ou telefone e seguir os passos anteriormente citados. As descrições abaixo não são declarações oficiais de cada movimento e por isso constituem somente o ponto de vista do nosso site sobre cada um dos três principais grupos. Sugerimos que você contate os movimentos diretamente para receber uma declaração oficial e as regras de conversão de cada um.
JUDAÍSMO CONSERVADOR/MASSORTÍ:
Este movimento é conhecido como Conservative Judaism nos EUA e como Movimento Massortí em outras partes do mundo. Nos EUA, representa cerca de 40% a 45% dos judeus filiados a um dos movimentos. O judaísmo conservador/massortí entende que o cumprimento da lei judaica (Halachá) por parte dos judeus é obrigatório. Portanto, os judeus conservadores têm a obrigação de obedecer a todos os ensinamentos (mitsvót, literalmente “mandamentos”) do judaísmo, como por exemplo, as leis relativas ao Shabat e a uma dieta casher. O movimento conservador/massortí defende que a lei judaica, por sua própria natureza, é passível de evolução na medida em que os indivíduos aprendem mais com a interpretação da Torá (em um sentido estrito, o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica; em um sentido amplo, o conjunto de todas as leis e tradições judaicas). Desse modo, o movimento conservador/massortí propõe novas interpretações à lei judaica. Assim como no movimento reformista, o serviço é igualitário e inclusivo: homens e mulheres sentam-se juntos nos serviços religiosos, compõem o minián (quorum mínimo de dez pessoas judias adultas para a realização de um serviço religioso público) e sobem ao púlpito para ler na Torá. Pode-se andar de carro no Shabat para ir à sinagoga e as mulheres podem ser ordenadas como rabinas. Na prática, muitos judeus conservadores/massortís são mais flexíveis no cumprimento de todas as leis religiosas, ou as obedecem somente em parte. A maior parte do serviço religioso nas sinagogas é feita em hebraico, com a inclusão de trechos traduzidos da liturgia ou de outras reflexões inspiradoras feitas na língua natal. O Judaísmo conservador/massortí é geralmente visto, talvez injustamente, como um meio termo entre os ortodoxos, à sua direita, e os reformistas, à sua esquerda. Os rabinos conservadores/massortís não celebram nem participam de casamentos ecumênicos ou inter-religiosos, que são os casamentos entre um judeu e um não-judeu. Vale a pena esclarecer que o casamento entre uma pessoa judia com outra nascida não-judia mas que se converteu ao judaísmo é um casamento judaico; assim sendo, um rabino conservador realizará esta união normalmente. No caso de conversão, os rabinos conservadores/massortís exigem que um candidato do sexo masculino faça o brit milá (circuncisão ritual); no caso do indivíduo já ser circuncidado, deve-se realizar uma cerimônia de hatafát dám para se retirar uma gota de sangue do pênis, “completando” então o brit milá. O mesmo é exigido dentro do movimento ortodoxo e reformista. Além disso, deve-se realizar a tevilá, ou seja, o ritual de imersão em um local de água corrente (na maioria das sinagogas há uma micvá, uma espécie de piscina alimentada por água das chuvas, especialmente preparada para este fim) e o comparecimento perante um bet din, uma corte religiosa. As candidatas também devem passar pelo mesmo ritual de imersão e comparecer perante o bêt din (veja a seção "O Processo de Conversão" para mais detalhes). Em geral os rabinos conservadores/massortís reconhecem as conversões feitas por rabinos de outros movimentos desde que as exigências ritualísticas tenham sido realizadas. As conversões nesse movimento são reconhecidas pelo Estado de Israel para efeitos de Aliá, a Lei do Retorno. Há diversos websites que representam o movimento conservador/massortí. Assim como os demais movimentos, o judaísmo conservador/massortí é composto de várias organizações. Nos EUA, isso inclui, por exemplo, a Rabbinical Assembly (Assembléia Rabínica), a Association of Conservative Rabbis (Associação dos Rabinos Conservadores) e a United Synagogue of Conservative Judaism, que é a associação das congregações conservadoras/massortís. O maior seminário rabínico do movimento é o JTS (Jewish Theological Seminary). No Brasil não há um website específico para todo o movimento conservador/massortí; cada sinagoga ou congregação tem o seu próprio site, entre os quais estão a ARI (Associação Religiosa Israelita) e a CJB (Congregação Judaica do Brasil) no Rio de Janeiro; a Comunidade Shalom e a CIP (Congregação Israelita Paulista) em São Paulo, sendo que esta última está filiada tanto ao movimento conservador/massortí quanto ao movimento reformista.
JUDAÍSMO ORTODOXO:
Nos EUA o judaísmo ortodoxo representa cerca de 10% dos judeus filiados. Judeus ortodoxos aceitam integralmente a Halachá e, diferentemente dos judeus conservadores/massortís, entendem que ela não é passível de modificação. A ortodoxia entende que as 613 mitsvót contidas na Torá são obrigatórias para todos os judeus. Eles acreditam que a Torá foi revelada diretamente por D-us; em decorrência disso, as suas leis são divinas e devem ser obedecidas. Assim, os ortodoxos são os mais tradicionais entre todos os grupos judaicos. Homens e mulheres sentam-se separados por uma mechitzá (divisória) nos serviços religiosos; somente os homens compõem o minián (quorum mínimo de dez homens judeus adultos para a realização de um serviço religioso público) e sobem ao púlpito para ler na Torá. Não é permitido andar de carro no Shabat nem para ir à sinagoga e não há rabinas ortodoxas. Na prática, os judeus ortodoxos tendem a cumprir as leis judaicas em áreas como manter o Shabat e seguir uma dieta casher. As exigências para a conversão ortodoxa são as mesmas que as do judaísmo conservador/massortí. A principal diferença entre eles é que os rabinos ortodoxos geralmente não aceitam as conversões praticadas por rabinos não-ortodoxos (conservadores/massortís e reformistas), pois não reconhecem o bet din (corte religiosa) formado para avaliar os conhecimentos e a convicção do candidato. Este fato tem causado uma polêmica considerável dentro da comunidade judaica, e é importante que os candidatos potenciais à conversão estejam cientes deste problema. As dificuldades surgem em casos específicos. Aqui vai um exemplo: uma mãe nascida não-judia foi convertida por um rabino não-ortodoxo e se casou com um homem judeu. Os filhos deste matrimônio foram criados como judeus, são considerados judeus pela comunidade em geral, mas não pelo movimento ortodoxo, pois a conversão da mãe não é reconhecida pelos ortodoxos (os filhos de uma mãe judia são automaticamente considerados judeus, mesmo que não tenham sido criados como judeus). Conseqüentemente, se um desses filhos desejar se casar com uma pessoa ortodoxa, um rabino ortodoxo se recusará a celebrar o casamento sem uma prévia conversão ortodoxa. Os rabinos ortodoxos não celebram nem comparecem a um casamento ecumênico. Cabe ressaltar que, em Israel, as conversões realizadas por todos os movimentos (ortodoxo, conservador/massortí e reformista) dentro e fora do Estado de Israel são legalmente reconhecidas, conferindo aos convertidos o direito de Aliá, a Lei de Retorno, que defende o direito de todo judeu morar em Israel. No entanto, o judaísmo ortodoxo é o único movimento cujos casamentos feitos em Israel são reconhecidos oficialmente; os casamentos feitos pelos demais movimentos só são reconhecidos em Israel se forem realizados no exterior. Há diversas organizações ortodoxas ao redor do mundo, com práticas diferentes. A Orthodox Union é a maior delas. No Brasil não há um website específico para todo o movimento; a organização mais conhecida é o Beit Chabad, que também tem alguns websites regionais.
JUDAÍSMO REFORMISTA:
Nos EUA os reformistas representam cerca de 45% dos judeus filiados e são o maior grupo judaico norte-americano. No Brasil não há estatísticas a respeito, mas trata-se de um grupo minoritário. Embora não haja dados estatísticos precisos, acredita-se que a maioria dos judeus filiados sejam conservadores/massortí, e provavelmente a parcela de ortodoxos seja maior aqui do que nos EUA. É muito grande o número de judeus não-praticantes e/ou não filiados a quaisquer dos movimentos. Os judeus reformistas aceitam a lei judaica, porém colocam ênfase na autonomia moral dos indivíduos que decidem quais leis têm significado religioso para eles. No judaísmo reformista, o estudo da Torá, do Talmud e da Halachá são estimulados e considerados a fonte maior da tradição judaica, com o foco maior nas ações sociais e éticas baseadas nos escritos dos profetas. É importante mencionar que todos os movimentos judaicos apóiam e mantêm inúmeras entidades de cunho social, pois o conceito de tsedacá, justiça social, é fundamental dentro do povo judeu e considerado uma mitsvá, um mandamento. Geralmente, o serviço religioso reformista nem sempre é feito inteiramente em hebraico, como nos movimentos ortodoxo e conservador/massortí; muitas orações são feitas na língua natal e podem ser incluídos textos inspiradores. Assim como no movimento conservador/massortí, o serviço religioso é igualitário: homens e mulheres sentam-se juntos nos serviços religiosos, compõem o minián (quorum mínimo de dez pessoas judias adultas para a realização de um serviço religioso público) e sobem ao púlpito para ler na Torá. Pode-se andar de carro no Shabat para ir à sinagoga e as mulheres podem ser ordenadas como rabinas. O movimento reformista é muitas vezes considerado, inclusive por alguns dos seus próprios membros, como o mais flexível em termos de práticas religiosas. Por exemplo, a dieta casher é estimulada, mas não obrigatória. Atualmente todas as instituições judaicas reformistas oferecem comida casher dentro de suas sedes, numa tendência geral, dentro do movimento, de retorno às práticas tradicionais. O judaísmo reformista aceita a matrilinearidade (filhos de uma mãe judia são judeus), mas defende também a patrilinearidade sob certas condições. Assim sendo, considera também que os filhos de um pai judeu com uma mãe não-judia são judeus desde que tenham sido criados dentro do judaísmo, participem da vida judaica e se identifiquem publicamente como judeus por meio de diversas ações religiosas formais. Portanto, para o movimento reformista os filhos de um casamento desta natureza não precisam se converter para serem reconhecidos como judeus. O reconhecimento da patrilinearidade não é compartilhado pelos movimentos conservador/massortí e ortodoxo, que não reconhecem esses filhos como judeus. Conservadores e ortodoxos seguem apenas a matrilinearidade, ou seja, só reconhecem como judeus os filhos de uma mãe judia, seja ela nascida judia ou convertida de acordo com cada movimento. O potencial de problemas aqui é óbvio. O movimento reformista conta com o maior número de convertidos entre todos os movimentos. Famílias compostas por casamentos inter-religiosos são aceitas, e nos EUA há um programa efetivo para alcançar e incluir estas famílias no meio judaico. As conversões realizadas por rabinos reformistas, dentro e fora de Israel, são reconhecidas pelo Estado de Israel, conferindo aos convertidos o direito de Aliá, a Lei de Retorno, que defende o direito de todo judeu morar em Israel. Para mais informações, visite os websites do Movimento Reformista e da World Union for Progressive Judaism (WUPJ). No Brasil a única organização a representar o movimento reformista é a WUPJ for Latin America (em português, inglês e espanhol).
IMPORTANTE!
Por fim, é fundamental ressaltar que o chamado "judaísmo messiânico" não é um movimento judaico. Apesar de assim se auto-intitular, não faz parte do povo judeu e é completamente estranho ao mesmo, uma vez que nega a Unicidade de D-us (um dos princípios fundamentais do judaísmo) e desconsidera inúmeros requisitos necessários para a identificação do Messias. Esta premissa é compartilhada por todos os movimentos: “judaísmo messiânico” não é judaísmo.
Créditos: Texto adaptado do site em inglês www.convert.org com a permissão de Barbara Shair Tradução: Fábio Lacerda Edição: Adriana Lacerda, Uri Lam e Mariane Dinis Adaptação para o judaísmo brasileiro: Uri Lam Agradecimentos especiais: Uri Lam, Mariane Dinis e Fernanda Goulart
Categorias:
Comunidade,
Conversões,
Cultura,
Curiosidades,
Denominações,
Denominações Judaicas,
Judaísmo,
Nossa História,
Tradição
9 de junho de 2012
O QUE É CABALÁ?
Dentro de seu corpo respira uma pessoa – uma alma. Dentro do corpo da prática judaica respira uma sabedoria interior – a alma do Judaísmo. Nós a chamamos de “Cabalá”, que significa “receber”. Assim como a prática judaica é recebida por meio de uma tradição antiga e ininterrupta da revelação no Sinai,
assim é a sua alma.

Cabalá, então, é a sabedoria recebida, a teologia e a cosmologia nativas do Judaísmo. Outro nome para Cabalá – mais revelador – é “Torat ha’Sod.” Comumente, é mal traduzido como “o ensinamento secreto”. A tradução correta, porém, contém o significado oposto: “o ensinamento do secreto.” “O ensinamento secreto” significa que estamos tentando esconder algo de você. “O ensinamento do secreto” significa que estamos tentando ensinar algo a você, abrir e revelar algo oculto. Ora, você poderia dizer, se o segredo é ensinado, não é mais um segredo. Um segredo revelado, poderia parecer, é uma contradição. Seria assim se estivéssemos discutindo um segredo artificial, que é secreto apenas porque é velado em segredo, porque outros não querem que você descubra. Os verdadeiros segredos, uma vez revelados, explicados, ilustrados, analisados e integrados em sua consciência, permanecem tão misteriosos quanto antes. Não – muito mais misteriosos, pois à medida que a ilha de conhecimento se expande, assim também sua praia sobre o infinito mar do desconhecido. A vida tem muito desses mistérios: O que é amor? O que é mente? O que é vida? O que é existência? Como acontecem? De onde emergem? O que é a sua alma, a pessoa dentro do seu corpo? Você passa por todos esses a cada momento. Eles são você. E apesar disso, quanto mais você contempla as profundezas de seus mistérios, mais profundas as águas se tornam.
A Cabalá não é um ensinamento sagrado. É o ensinamento de um segredo.Os segredos mais profundos são aqueles conhecidos de todos, aqueles que aprendemos quando somos crianças pequenas, aceitamos como certo pelo resto da nossa vida, vivenciamos diariamente – e mesmo assim jamais conseguimos desvendar ou entender com nossa mente cognitiva. Existe. As coisas existem. Eu existo. Estou vivo. A vida é a não-morte. Escuridão não é luz. Existe aquilo que é maior que eu. A Cabalá mergulha nesses segredos e traz suas profundezas para a luz. Fornece metáforas para cura e crescimento na vida diária. É por isso que a experiência de estudar Cabalá é “Sim! Eu sabia essa verdade o tempo todo! Meu coração sabia, mas minha boca era incapaz de expressá-la!” As verdades da Cabalá pertencem a todo ser que sente. Porém, acima de tudo, a Cabalá proporciona uma sensação do além; o conhecimento daquilo que não pode ser conhecido, a sabedoria do mistério, o entendimento daquilo que não entendemos. A Cabalá é o conhecimento do assombro.
Por que a Cabalá é tão secreta?
Ensinar um segredo é perigoso. O aluno está em perigo, pois pode acreditar que realmente entende. Um mistério jamais pode ser apresentado sem as coberturas da metáfora e da parábola. Talvez o estudante entenda a capa mas não consiga desvendar seu conteúdo, como aquele que mastiga a casca e descarta o interior do fruto. O professor está em perigo, pois como pode saber se realmente entendeu? Vai ensinar muitos alunos, suas ideias serão popularizadas, a essência será perdida e seu significado será retorcido ao oposto da sua intenção. A própria Cabalá está em perigo, pois uma vez que tenha perdido sua integridade, imediatamente deixa de ser “a sabedoria recebida”. Pode ser sábia, pode ser bela, porém não é mais Cabalá. É por isso que, na maior parte do tempo, a Cabalá foi transmitida de mestre para alunos selecionados e de confiança, na maior confiabilidade. Quando foi escrita, os textos eram propositadamente crípticos e misteriosos, em enigmas sussurrados, parábolas e alusões obscurecidas. Às vezes, as restrições tinham de ser reafirmadas para impedir todos, exceto alguns poucos, de estudar Cabalá.
As águas desta fonte devem ser mantidas puras; devem continuar sendo águas vivas.Somente nas últimas centenas de anos os mestres começaram a revelar abertamente estas verdades. Os mestres chassídicos revelaram uma luz e forneceram um conjunto de metáforas que permite a todos abordarem aquela luz, trazendo a Cabalá ao domínio até da alma mais simples. Mas mesmo assim, um guia é indispensável, e deve-se tomar muito cuidado para preservar a pureza dos ensinamentos. Quem é este guia? Como você sabe que está recebendo águas puras, direto da fonte original? Por um lado, água pura reflete claramente. Se a vida do professor não reflete seus ensinamentos, suas águas são impuras. Depois, saiba que até Mashiach chegar, o caminho interior nunca é sem conflito. Se o ensinamento vem facilmente, não é o ensinamento interior. E em terceiro: É verdade que você não precisa ser judeu para se embeber no doce vinho da Cabalá ou para aprender seus caminhos de cura. Mas a alma da Cabalá é diferente de uma alma humana – jamais pode ser arrancada de seu corpo, pois o casamento de alma e corpo é completo. A prática judaica e a Cabalá são uma só. Se você ouvir “Não tem nada a ver com o Judaísmo”, está ouvindo uma mentira.
Como o estudo de Cabalá pode me ajudar?
Cabalá é um aspecto da Torá, e Torá significa “orientação” ou “instruções”. Tudo na Cabalá é para ser uma instrução na vida. Estudamos Cabalá não apenas para atingir um ponto alto, mas porque precisamos de sua inspiração na vida cotidiana, e porque nos fornece direção e orientação prática.
Para o Cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está aqui agora.A Cabalá proporciona uma dimensão cósmica aos assuntos da vida humana de todos os dias. A doença é um reflexo da doença de amor da divina presença para a Luz Infinita. Os desafios da vida são as centelhas perdidas no ato primitivo da criação, vindas a você para serem consertadas e elevadas. Sua vida é uma missão, na qual você é direcionado para as centelhas divinas que pertencem unicamente à sua alma, pelas quais sua alma tem retornado muitas vezes a este mundo até que sejam todas reunidas. Entender a dimensão cósmica significa que nada na vida é trivial. Tudo tem significado. Tudo se move rumo a um só propósito, com uma única meta. O entendimento permite que você aceite estes desafios e complete a jornada da sua alma.
Como a Cabalá difere de outros ensinamentos espirituais?
Há muitos ensinamentos espirituais sábios de pessoas em toda parte do globo. Em sua prática, as pessoas encontram transcendência do mundo material, esclarecimento e serenidade. O foco da Cabalá não é a serenidade. Também não é o esclarecimento transcendental. Proporciona estes também, mas como um meio, não como meta. A meta da Cabalá é a ação inspirada. Qualquer que seja a sabedoria que o cabalista adquire, qualquer que seja o estado de êxtase ou união mística ao qual ele ascende, o resultado será sempre um ato de beleza no mundo físico. Falando de outra forma: muitos mestres dirão a você para praticar boas ações e atos de bondade porque esta é uma pedra ao longo do caminho da consciência mais elevada. O cabalista lhe dirá que no momento da boa ação, você já está ali. O ato em si é a sua meta, à qual uma consciência mais elevada deve levar você.
Para o cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está aqui agora, e mais que qualquer reino espiritual, é onde a Luz Infinita anseia por ser descoberta. Nosso trabalho é descascar o fruto para revelar aquela luz dentro de cada artefato físico do mundo. Para iluminar não apenas a nós mesmos, mas todo ser vivo, e até a matéria inerte do nosso mundo.
Quando a Cabalá começou?
A revelação no Sinai foi a primeira e a suprema experiência da verdade interior.As histórias dos ancestrais são pintadas com uma paleta de visões místicas, revelações divinas e comunicação com seres não-físicos. Porém a Torá, incluindo a Cabalá, não é definida por aquelas visões. O evento central da narrativa judaica é a revelação em massa no Monte Sinai, quando “todo o povo viu os sons e a iluminação”. Digamos que você viveu pouco tempo depois do evento. Digamos que você perguntou às pessoas que tinham estado lá: “Diga-me o que aconteceu.” O que elas diriam a você? “Fomos instruídos a não ter outros deuses.” “Fomos instruídos a honrar nossos pais, a não roubar nem matar.” Não creio nisso. Mais provavelmente, a resposta deles seria algo assim: “Vimos todos os segredos do cosmos abertos à nossa frente. Vimos como cada coisa é gerada para ser a todo momento, vimos como não há realmente nada exceto um Criador, e tudo o mais são articulações de Sua vontade.” Os próprios mandamentos – não ter outros deuses, honrar os pais, não roubar ou matar – são apenas o conteúdo daquela experiência. O meio, a experiência – isto foi o âmago da mensagem. Foi naquela experiência mística que nosso povo nasceu – a experiência de um mundo no qual “de toda direção, D'us falou com eles.” Eles viram toda a realidade como nada exceto as palavras de uma única, incognoscísvel origem de todas as coisas. E eles entraram em comunhão com aquela Fonte. Por cerca de mil anos após o Sinai, a experiência judaica permaneceu definida pela profecia. A sabedoria era conhecida às pessoas através de videntes e profetas, homens e mulheres que se afastaram dos desejos e vaidades humanas para atingir uma visão clara dos reinos interiores. Porém nenhuma dessas visões forneceu uma nova revelação, acrescentando ou subtraindo coisa alguma da Torá. Estavam simplesmente afirmando, esclarecendo e sustentando a visão partilhada do Sinai. A era de profecia acabou no início do período do Segundo Templo, mas a revelação Divina e a visão mística nunca partiram. Nem os rececptores daquela sabedoria se sentaram à beira da tradição judaica. Muitos, se não a maioria, dos mais conhecidos mestres da alma da Torá foram também os mestres estabelecidos sobre o corpo da prática da Torá. Rabi Akiva é considerado o pai da Mishná, e o Talmud e Sefer HaBahir descrevem suas jornadas místicas. Seu aluno, Rabi Shimon bar Yochai, foi responsável pela clássica obra cabalística, o Zohar, e suas opiniões permeiam toda seção do Talmud. Às vezes, e em determinados lugares, a inquirição filosófica deixou de lado a tradição recebeida para dominar o pensamento judaico. Porém raramente foi considerada a teologia nativa, mas sim uma espécie de enxerto vindo de vinhas estranhas. As obras de filosofia ascendentes, lutando para criar uma única visão a partir de partes disparatadas. A Cabalá faz a conversão, começando com uma visão vívida, holística, e tentando transmitir aquela visão a outros. Apesar disso, especialmente após a expulsão da Espanha, o racionalismo e grande parte da terminologia dos filósofos se integrou à sabedoria holística da Cabalá. O resultado foi um florescimento e uma popularidade sem precedentes do pensamento cabalístico. A investigação filosófica jamais foi considerada nossa teologia nativa. Porém a Cabalá mais tarde se beneficiou através da síntese com ela.Na era crítica quando a Halachá foi codificada e estabelecida (a partir da expulsão espanhola até a metade do Século 17), quase todos os eruditos sérios estavam mergulhados na Cabalá. Rabi Yosef Caro, autor do código padrão da Lei Judaica, o Shulchan Aruch; Rabi Moshê Isserles, cujos retoques tornaram aquele código aceitável ao Judaísmo askenazita; bem como a maioria dos comentaristas padrão daquele código, escreveram obras cabalísticas também. Até o popular sermão na sinagoga com frequência era revestido e enfeitado com referências cabalísticas.
Para a maior parte dos judeus de países muçulmanos, o Zohar é tão sagrado quanto o Livros dos Salmos. O Movimento Chassídico cresceu diretamente a partir da Cabalá. Os oponentes originais ao Movimento Chassídico, como Rabi Elijah de Vilna, foram mestres da Cabalá. Muitos dos comentários padrão estudados atualmente sobre os Cinco Livros de Moshê estão repletos de referências a ideias cabalísticas. É por isso que tentar entender a experiência judaica sem entender a Cabalá é o mesmo que analisar o comportamento de uma pessoa sem saber o que se passa em sua mente. Os judeus notáveis das eras passadas que não provaram a Cabalá sentiam aquela alma interior intuitivamente dentro da Torá que eles estudavam, dentro de suas preces e dentro da prática das mitsvot. Em todas essas coisas, suas almas brilhavam vibrantemente. No decorrer dos séculos, à medida que o mundo se tornava mais estéril, materialista e confuso, aquela alma se tornou cansada e sentiu-se adormecida. Hoje, o caminho cecrto para uma pessoa que raciocina sentir a alma da experiência judaica é provar seus segredos íntimos. Hoje, o Judaísmo privado da Cabalá é um corpo privado de sua alma. Hoje o estudo da cabala é vital por um motivo ainda mais importante – como um estágio essencial para a evolução definitiva da humanidade. Abordaremos isto depois.
Você pode ser criativo com a Cabalá?
Uma sabedoria recebida pareceria não deixar espaço para originalidade ou criatividade. O Zohar nos diz que aquele que cria as próprias ideias e as chama de Torá está criando um ídolo. A comparação é significativa: como um ídolo é uma falsa representação de D'us, também essa ideia é uma falsa representação da sabedoria Divina, e “Ele e Sua sabedoria são um.” Porém, como em outros campos da Torá, a Cabalá ferve com pensamento criativo e originalidade. Eis como Rabi Moshê Cordovero, um professor líder do Século 16 da escola racionalista-cabalista de Tzfat, explicava a necessidade e os parâmetros de originalidade na Cabalá: O Livro da Formação diz: “Entenda com sabedoria; seja sábio com entendimento.” O Cabalista é criativo, pode ter visões iluminadoras, porém tudo que ele ensina não passa de comentário sobre a tradição recebida.“Entender com sabedoria” significa investigar bem tudo que seu mestre ensinou a você na sabedoria das modalidades. Afinal, nesses assuntos transmitimos apenas um mero esboço. A partir deste esboço, cada pessoa deve entender uma ideia a partir de outra. Você pode ver isto nas palavras de nossos Sábios quando eles disseram: “Este assunto é falado somente a um sábio que entende com sua própria mente.” A partir disto, você vê que uma pessoa deve usar a própria mente para comparar uma coisa com outra, e assim extrair uma ideia de dentro da outra. Dessa maneira ele terá uma mente procriativa e não uma estéril. E ainda diz; “Seja sábio com entendimento”. Isso significa que quando você origina e analisa com o próprio intelecto para que possa entender, deve tomar cuidado para conceber a ideia e explicá-la dentro da estrutura da tradição dos rabinos e suas palavras verdadeiras. As ideias originais devem estar incluídas naquilo que você adquiriu, seja pouco ou muito. Os cabalistas podem ter visões, mas eles não encontraram seus ensinamentos naquelas revelações. Sejam quais forem as visões que eles tiveram, veem aquelas como meras iluminações dos textos sagrados e dos ensinamentos que já receberam. Nesta maneira, a Cabalá permanece uma árvore da vida, com profundas raízes segurando-a firmemente no lugar, enquanto dá doces frutos novos a cada estação.
Quais são algumas ideias básicas da Cabalá?
Embora tudos se estendam a partir de uma só visão unificada, os temas que a Cabalá aborda são vastos e variados. Aqui estão alguns dos principais: Luz Infinita: Uma metáfora para D'us. D'us é incognoscível e sem forma, porém todas as formas se expandem a partir Dele. A ideia de luz ilimitada ajuda a comunicar essa ideia. Porém a essência de D'us está além até do infinito. E D'us é encontrado nas trevas assim como é encontrado na luz. Luz e Recipientes: Similar à ideia moderna de energia e matéria. O ato da criação é sustentado através de uma dinâmica de luz infinita comprimida em estados definidos de ser chamados “recipientes”, que então projetam a luz para criar uma infinidade de seres. Dez Sefirot: A conexão entre a Luz Infinita e uma criação finita deveria ser intransponível, e mesmo assim aqui estamos nós, decididamente projeções finitas daquela Luz Infinita. Este é o mistério das dez sefirot: como o Infinito interage com os mundos que gerou através de dez modalidades luminosas, A ordem das sefirot se move a partir do domínio intelectual através da emoção e desce até o âmbito do “domínio” – a esfera de realmente conseguir algo feito. Esta é a “divina imagem” na qual o ser humano é criado. Ao nos conhecermos como seres humanos, portanto, podemos descobrir o divino. E ao entender o divino, somos mais capazes de curar e nutrir o ser humano.
O Mistério do Alfabeto Hebraico:
Em hebraico, não há coisas, somente palavras. O nome hebraico de cada coisa contém sua força de vida essencial. O poder infinito do Criador é encontrado dentro de cada exemplo e objeto da criação; nada está fora dessa luz e nada é vazia dela. As vinte e duas letras do alfabeto hebraico expressam as articulações específicas daquela força criativa. Aquele que domina seus mistérios tem a chave para entender a natureza de cada coisa.
União de Opostos:
O universo inteiro é uma união dinâmica de macho e fêmea. A alma-vida do universo, conhecida como Shechiná, e a Luz Infinita, anseiam por se reunir, como a alma humana anseia por se reunir com sua origem dentro de D'us. O estudo de Torá e o cumprimento das mitsvot provocam essas uniões, permitindo assim que a luz nova e transcendental penetre no cosmos.
Tikun:
O mais notável dos cabalistas, Rabi Yitschak Luria, conhecido como “o Ari” (o leão), conseguiu explicar muitas passagens arcanas do Zohar por meio de uma doutrina de tikun, que significa “conserto”. Revertendo o modelo padrão, o Ari explicou que o mundo foi criado num estado quebrado, e o ser humano foi colcoado nele para recolher as peças espalhadas e consertar sua integridade. O resultado eventual é a união da existência finita com a Luz Infinita, além até daquilo que era no início da criação.
Como a Cabalá se encaixa no mundo moderno?
A Cabalá tem o potencial de amainar o conflito entre o frio mundo exterior que observamos e o cálido mundo interior do observador.Nos últimos cem anos, a ciência desnudou a complicada e pura vastidão do mundo físico numa maneira antes inconcebível. Descobrimos uma impressionante harmonia pela qual todo o universo físico é visto como uma singularidade, toda partículo integralmente relacionada a toda outra partícula, uma harmonia pela qual até a matéria e a energia em si mesmas são essencialmente uma única dinâmica. A tecnologis nos deu meios para partilhar e examinar este conhecimento que era inimaginável há uma geração. Programar nossos próprios ambientes virtuais nos enriquece com uma metáfora pela qual podemos imaginar o que significa criar um mundo e sustentar sua existência a cada momento. A humanidade deveria ser tomada por reverência e assombro, mas em vez disso temos sido deixados no frio. Ironicamente, em nossa busca pela unidade da lei fisiica, temos nos afastado daquela unidade, cavando um vácuo devastador entre o mundo difícil e material que nos cerca e o mundo suave e humano que arde no interior. Ao mediar este divórcio, nos mesmos nos tornamos órfãos. A Cabalá cura esta ferida. Descreve o mundo ao redor na linguagem da nossa psique. Ela nos põe em contato com um mundo composto não de matéria crua, mas de mente inimaginável. O cientistas descreve o universo dentro das dimensões de tempo e espaço, em termos que ele pode contar e mensurar. Porém nem tudo que conta pode ser contado. Uma das obras mais antigas da Cabalá, o Livro da Formação, descreve ainda outra dimensão: aquela da vida, consciência e alma. Tudo que existe no tempo e no espaço, aprendemos, é primeiro encontrado no fundo daquela dimensão interior. É uma dimensão com a qual estamos intimamente familiarizados. O artista olha para uma árvore e vê não uma estrutura celular de carbono, mas beleza, vida e magnificência. O amante da música escuta num quarteto de cordas não as vibrações das cordas de nylon e sua série de tons, mas a luta pela resolução dentro da alma do compositor. O crítico literário lê dentro das palavras do romance os pensamentos do autor, dentro dos pensamentos as atitudes, dentro das atitudes a percepção do mundo que gera tais atitudes, e dentro daquela percepção a persona do próprio autor. Assim também, o cabalista vê dentro de cada exemplo da realidade não sua presença palpável e definida, mas uma energia divina sustentando toda a existência, sempre nova como a água da cachoeira é renovada a cada momento, gerando e regenerando cada detalhe do vácuo absoluto, imbuindo cada coisa com suas propriedades particulares e com vida, cada instante da existência em sua maneira particular. E dentro daquela dinâmica da criação, o cabalista vê o próprio D'us. Como resultado, temos uma afinidade com este universo ao redor. Assim como sentimos dentro de nós mesmos camada sobre camada de personalidade, mais profundamente cada extrato da consciência, e ainda dentro de tudo isso uma indefinível essência do ser, também podemos perceber profundamente dentro do universo uma sentença infinitamente maior que a nossa, e uma essência que transcende o conhecimento e o saber juntos. Na verdade, somos os filhos daquela essência incognoscível, nossas mentes um pálido reflexo de sua luz dentro das águas barrentas do mundo material, nossas almas seu próprio sopro dentro daqueles limites corpóreos.
Por que precisamos agora da Cabalá?
O franco estudo da Cabalá atualmente não é apenas porque precisamos da inspiração que ele fornece, mas porque este é um estágio vital na evolução do mundo. Divulgar os ensinamentos da Cabalá numa forma que a mente possa entender prepara o mundo para a Era Messiânica.A suprema fase deste mundo é uma era messiânica na qual “a ocupação do mundo inteiro será apenas conhecer a D'us”. Isso não significa simplesmente saber que há um D'us, mas conhecer Seu universo como Ele o conhece, e a sabedoria por trás disso como aquela sabedoria é uma com Ele. A preparação para este tempo já começou, e estamos nela. A obra principal da Cabalá, o Zohar, descreve uma era que espelhará o dilúvio de Nôach – dessa vez com um mundo inundado com sabedoria em vez de água: “No seiscentésimo ano da vida de Nôach… todos os mananciais da grande profundeza se abriram, e as janelas do céu ficaram abertas…” – Bereshit, 7:11 Sobre isto, o Zohar declara: “No 6º século do 6º milênio os portões da sabedoria sobrenatural serão abertos, como as fontes de sabedoria terrena, preparando o mundo para ser elevado ao sétimo milênio.” O sexto século do sexto milênio do calendário judaico corresponde ao período de 1740-1840, na verdade um período de explosivos avanços em tecnologia e ciência. Ao mesmo tempo, os portões da sabedoria sobrenatural foram abertos através dos mestres chassídicos da Cabalá. Agora é hora de partilhar ambas as sabedorias, a terrena e a celestial, para fundi-las como uma só e inundar o mundo até que seja cumprida a promessa do profeta: “A terra ficará repleta com a consciência de D'us como a água cobre o oceano.” - Yeshayahu 11:9
Onde posso aprender a Cabalá autêntica?
Fale com seu rabino. Talvez ele esteja dando aulas sobre Cabalá, ou algum tópico a partir de uma perspectiva cabalística.
Fonte: Chabad.org.br
assim é a sua alma.

Cabalá, então, é a sabedoria recebida, a teologia e a cosmologia nativas do Judaísmo. Outro nome para Cabalá – mais revelador – é “Torat ha’Sod.” Comumente, é mal traduzido como “o ensinamento secreto”. A tradução correta, porém, contém o significado oposto: “o ensinamento do secreto.” “O ensinamento secreto” significa que estamos tentando esconder algo de você. “O ensinamento do secreto” significa que estamos tentando ensinar algo a você, abrir e revelar algo oculto. Ora, você poderia dizer, se o segredo é ensinado, não é mais um segredo. Um segredo revelado, poderia parecer, é uma contradição. Seria assim se estivéssemos discutindo um segredo artificial, que é secreto apenas porque é velado em segredo, porque outros não querem que você descubra. Os verdadeiros segredos, uma vez revelados, explicados, ilustrados, analisados e integrados em sua consciência, permanecem tão misteriosos quanto antes. Não – muito mais misteriosos, pois à medida que a ilha de conhecimento se expande, assim também sua praia sobre o infinito mar do desconhecido. A vida tem muito desses mistérios: O que é amor? O que é mente? O que é vida? O que é existência? Como acontecem? De onde emergem? O que é a sua alma, a pessoa dentro do seu corpo? Você passa por todos esses a cada momento. Eles são você. E apesar disso, quanto mais você contempla as profundezas de seus mistérios, mais profundas as águas se tornam.

A Cabalá não é um ensinamento sagrado. É o ensinamento de um segredo.Os segredos mais profundos são aqueles conhecidos de todos, aqueles que aprendemos quando somos crianças pequenas, aceitamos como certo pelo resto da nossa vida, vivenciamos diariamente – e mesmo assim jamais conseguimos desvendar ou entender com nossa mente cognitiva. Existe. As coisas existem. Eu existo. Estou vivo. A vida é a não-morte. Escuridão não é luz. Existe aquilo que é maior que eu. A Cabalá mergulha nesses segredos e traz suas profundezas para a luz. Fornece metáforas para cura e crescimento na vida diária. É por isso que a experiência de estudar Cabalá é “Sim! Eu sabia essa verdade o tempo todo! Meu coração sabia, mas minha boca era incapaz de expressá-la!” As verdades da Cabalá pertencem a todo ser que sente. Porém, acima de tudo, a Cabalá proporciona uma sensação do além; o conhecimento daquilo que não pode ser conhecido, a sabedoria do mistério, o entendimento daquilo que não entendemos. A Cabalá é o conhecimento do assombro.
Por que a Cabalá é tão secreta?
Ensinar um segredo é perigoso. O aluno está em perigo, pois pode acreditar que realmente entende. Um mistério jamais pode ser apresentado sem as coberturas da metáfora e da parábola. Talvez o estudante entenda a capa mas não consiga desvendar seu conteúdo, como aquele que mastiga a casca e descarta o interior do fruto. O professor está em perigo, pois como pode saber se realmente entendeu? Vai ensinar muitos alunos, suas ideias serão popularizadas, a essência será perdida e seu significado será retorcido ao oposto da sua intenção. A própria Cabalá está em perigo, pois uma vez que tenha perdido sua integridade, imediatamente deixa de ser “a sabedoria recebida”. Pode ser sábia, pode ser bela, porém não é mais Cabalá. É por isso que, na maior parte do tempo, a Cabalá foi transmitida de mestre para alunos selecionados e de confiança, na maior confiabilidade. Quando foi escrita, os textos eram propositadamente crípticos e misteriosos, em enigmas sussurrados, parábolas e alusões obscurecidas. Às vezes, as restrições tinham de ser reafirmadas para impedir todos, exceto alguns poucos, de estudar Cabalá.

As águas desta fonte devem ser mantidas puras; devem continuar sendo águas vivas.Somente nas últimas centenas de anos os mestres começaram a revelar abertamente estas verdades. Os mestres chassídicos revelaram uma luz e forneceram um conjunto de metáforas que permite a todos abordarem aquela luz, trazendo a Cabalá ao domínio até da alma mais simples. Mas mesmo assim, um guia é indispensável, e deve-se tomar muito cuidado para preservar a pureza dos ensinamentos. Quem é este guia? Como você sabe que está recebendo águas puras, direto da fonte original? Por um lado, água pura reflete claramente. Se a vida do professor não reflete seus ensinamentos, suas águas são impuras. Depois, saiba que até Mashiach chegar, o caminho interior nunca é sem conflito. Se o ensinamento vem facilmente, não é o ensinamento interior. E em terceiro: É verdade que você não precisa ser judeu para se embeber no doce vinho da Cabalá ou para aprender seus caminhos de cura. Mas a alma da Cabalá é diferente de uma alma humana – jamais pode ser arrancada de seu corpo, pois o casamento de alma e corpo é completo. A prática judaica e a Cabalá são uma só. Se você ouvir “Não tem nada a ver com o Judaísmo”, está ouvindo uma mentira.
Como o estudo de Cabalá pode me ajudar?
Cabalá é um aspecto da Torá, e Torá significa “orientação” ou “instruções”. Tudo na Cabalá é para ser uma instrução na vida. Estudamos Cabalá não apenas para atingir um ponto alto, mas porque precisamos de sua inspiração na vida cotidiana, e porque nos fornece direção e orientação prática.

Para o Cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está aqui agora.A Cabalá proporciona uma dimensão cósmica aos assuntos da vida humana de todos os dias. A doença é um reflexo da doença de amor da divina presença para a Luz Infinita. Os desafios da vida são as centelhas perdidas no ato primitivo da criação, vindas a você para serem consertadas e elevadas. Sua vida é uma missão, na qual você é direcionado para as centelhas divinas que pertencem unicamente à sua alma, pelas quais sua alma tem retornado muitas vezes a este mundo até que sejam todas reunidas. Entender a dimensão cósmica significa que nada na vida é trivial. Tudo tem significado. Tudo se move rumo a um só propósito, com uma única meta. O entendimento permite que você aceite estes desafios e complete a jornada da sua alma.
Como a Cabalá difere de outros ensinamentos espirituais?
Há muitos ensinamentos espirituais sábios de pessoas em toda parte do globo. Em sua prática, as pessoas encontram transcendência do mundo material, esclarecimento e serenidade. O foco da Cabalá não é a serenidade. Também não é o esclarecimento transcendental. Proporciona estes também, mas como um meio, não como meta. A meta da Cabalá é a ação inspirada. Qualquer que seja a sabedoria que o cabalista adquire, qualquer que seja o estado de êxtase ou união mística ao qual ele ascende, o resultado será sempre um ato de beleza no mundo físico. Falando de outra forma: muitos mestres dirão a você para praticar boas ações e atos de bondade porque esta é uma pedra ao longo do caminho da consciência mais elevada. O cabalista lhe dirá que no momento da boa ação, você já está ali. O ato em si é a sua meta, à qual uma consciência mais elevada deve levar você.

Para o cabalista, o supremo paraíso é aqui agora, porque a Luz Infinita está aqui agora, e mais que qualquer reino espiritual, é onde a Luz Infinita anseia por ser descoberta. Nosso trabalho é descascar o fruto para revelar aquela luz dentro de cada artefato físico do mundo. Para iluminar não apenas a nós mesmos, mas todo ser vivo, e até a matéria inerte do nosso mundo.
Quando a Cabalá começou?
A revelação no Sinai foi a primeira e a suprema experiência da verdade interior.As histórias dos ancestrais são pintadas com uma paleta de visões místicas, revelações divinas e comunicação com seres não-físicos. Porém a Torá, incluindo a Cabalá, não é definida por aquelas visões. O evento central da narrativa judaica é a revelação em massa no Monte Sinai, quando “todo o povo viu os sons e a iluminação”. Digamos que você viveu pouco tempo depois do evento. Digamos que você perguntou às pessoas que tinham estado lá: “Diga-me o que aconteceu.” O que elas diriam a você? “Fomos instruídos a não ter outros deuses.” “Fomos instruídos a honrar nossos pais, a não roubar nem matar.” Não creio nisso. Mais provavelmente, a resposta deles seria algo assim: “Vimos todos os segredos do cosmos abertos à nossa frente. Vimos como cada coisa é gerada para ser a todo momento, vimos como não há realmente nada exceto um Criador, e tudo o mais são articulações de Sua vontade.” Os próprios mandamentos – não ter outros deuses, honrar os pais, não roubar ou matar – são apenas o conteúdo daquela experiência. O meio, a experiência – isto foi o âmago da mensagem. Foi naquela experiência mística que nosso povo nasceu – a experiência de um mundo no qual “de toda direção, D'us falou com eles.” Eles viram toda a realidade como nada exceto as palavras de uma única, incognoscísvel origem de todas as coisas. E eles entraram em comunhão com aquela Fonte. Por cerca de mil anos após o Sinai, a experiência judaica permaneceu definida pela profecia. A sabedoria era conhecida às pessoas através de videntes e profetas, homens e mulheres que se afastaram dos desejos e vaidades humanas para atingir uma visão clara dos reinos interiores. Porém nenhuma dessas visões forneceu uma nova revelação, acrescentando ou subtraindo coisa alguma da Torá. Estavam simplesmente afirmando, esclarecendo e sustentando a visão partilhada do Sinai. A era de profecia acabou no início do período do Segundo Templo, mas a revelação Divina e a visão mística nunca partiram. Nem os rececptores daquela sabedoria se sentaram à beira da tradição judaica. Muitos, se não a maioria, dos mais conhecidos mestres da alma da Torá foram também os mestres estabelecidos sobre o corpo da prática da Torá. Rabi Akiva é considerado o pai da Mishná, e o Talmud e Sefer HaBahir descrevem suas jornadas místicas. Seu aluno, Rabi Shimon bar Yochai, foi responsável pela clássica obra cabalística, o Zohar, e suas opiniões permeiam toda seção do Talmud. Às vezes, e em determinados lugares, a inquirição filosófica deixou de lado a tradição recebeida para dominar o pensamento judaico. Porém raramente foi considerada a teologia nativa, mas sim uma espécie de enxerto vindo de vinhas estranhas. As obras de filosofia ascendentes, lutando para criar uma única visão a partir de partes disparatadas. A Cabalá faz a conversão, começando com uma visão vívida, holística, e tentando transmitir aquela visão a outros. Apesar disso, especialmente após a expulsão da Espanha, o racionalismo e grande parte da terminologia dos filósofos se integrou à sabedoria holística da Cabalá. O resultado foi um florescimento e uma popularidade sem precedentes do pensamento cabalístico. A investigação filosófica jamais foi considerada nossa teologia nativa. Porém a Cabalá mais tarde se beneficiou através da síntese com ela.Na era crítica quando a Halachá foi codificada e estabelecida (a partir da expulsão espanhola até a metade do Século 17), quase todos os eruditos sérios estavam mergulhados na Cabalá. Rabi Yosef Caro, autor do código padrão da Lei Judaica, o Shulchan Aruch; Rabi Moshê Isserles, cujos retoques tornaram aquele código aceitável ao Judaísmo askenazita; bem como a maioria dos comentaristas padrão daquele código, escreveram obras cabalísticas também. Até o popular sermão na sinagoga com frequência era revestido e enfeitado com referências cabalísticas.

Para a maior parte dos judeus de países muçulmanos, o Zohar é tão sagrado quanto o Livros dos Salmos. O Movimento Chassídico cresceu diretamente a partir da Cabalá. Os oponentes originais ao Movimento Chassídico, como Rabi Elijah de Vilna, foram mestres da Cabalá. Muitos dos comentários padrão estudados atualmente sobre os Cinco Livros de Moshê estão repletos de referências a ideias cabalísticas. É por isso que tentar entender a experiência judaica sem entender a Cabalá é o mesmo que analisar o comportamento de uma pessoa sem saber o que se passa em sua mente. Os judeus notáveis das eras passadas que não provaram a Cabalá sentiam aquela alma interior intuitivamente dentro da Torá que eles estudavam, dentro de suas preces e dentro da prática das mitsvot. Em todas essas coisas, suas almas brilhavam vibrantemente. No decorrer dos séculos, à medida que o mundo se tornava mais estéril, materialista e confuso, aquela alma se tornou cansada e sentiu-se adormecida. Hoje, o caminho cecrto para uma pessoa que raciocina sentir a alma da experiência judaica é provar seus segredos íntimos. Hoje, o Judaísmo privado da Cabalá é um corpo privado de sua alma. Hoje o estudo da cabala é vital por um motivo ainda mais importante – como um estágio essencial para a evolução definitiva da humanidade. Abordaremos isto depois.
Você pode ser criativo com a Cabalá?
Uma sabedoria recebida pareceria não deixar espaço para originalidade ou criatividade. O Zohar nos diz que aquele que cria as próprias ideias e as chama de Torá está criando um ídolo. A comparação é significativa: como um ídolo é uma falsa representação de D'us, também essa ideia é uma falsa representação da sabedoria Divina, e “Ele e Sua sabedoria são um.” Porém, como em outros campos da Torá, a Cabalá ferve com pensamento criativo e originalidade. Eis como Rabi Moshê Cordovero, um professor líder do Século 16 da escola racionalista-cabalista de Tzfat, explicava a necessidade e os parâmetros de originalidade na Cabalá: O Livro da Formação diz: “Entenda com sabedoria; seja sábio com entendimento.” O Cabalista é criativo, pode ter visões iluminadoras, porém tudo que ele ensina não passa de comentário sobre a tradição recebida.“Entender com sabedoria” significa investigar bem tudo que seu mestre ensinou a você na sabedoria das modalidades. Afinal, nesses assuntos transmitimos apenas um mero esboço. A partir deste esboço, cada pessoa deve entender uma ideia a partir de outra. Você pode ver isto nas palavras de nossos Sábios quando eles disseram: “Este assunto é falado somente a um sábio que entende com sua própria mente.” A partir disto, você vê que uma pessoa deve usar a própria mente para comparar uma coisa com outra, e assim extrair uma ideia de dentro da outra. Dessa maneira ele terá uma mente procriativa e não uma estéril. E ainda diz; “Seja sábio com entendimento”. Isso significa que quando você origina e analisa com o próprio intelecto para que possa entender, deve tomar cuidado para conceber a ideia e explicá-la dentro da estrutura da tradição dos rabinos e suas palavras verdadeiras. As ideias originais devem estar incluídas naquilo que você adquiriu, seja pouco ou muito. Os cabalistas podem ter visões, mas eles não encontraram seus ensinamentos naquelas revelações. Sejam quais forem as visões que eles tiveram, veem aquelas como meras iluminações dos textos sagrados e dos ensinamentos que já receberam. Nesta maneira, a Cabalá permanece uma árvore da vida, com profundas raízes segurando-a firmemente no lugar, enquanto dá doces frutos novos a cada estação.
Quais são algumas ideias básicas da Cabalá?
Embora tudos se estendam a partir de uma só visão unificada, os temas que a Cabalá aborda são vastos e variados. Aqui estão alguns dos principais: Luz Infinita: Uma metáfora para D'us. D'us é incognoscível e sem forma, porém todas as formas se expandem a partir Dele. A ideia de luz ilimitada ajuda a comunicar essa ideia. Porém a essência de D'us está além até do infinito. E D'us é encontrado nas trevas assim como é encontrado na luz. Luz e Recipientes: Similar à ideia moderna de energia e matéria. O ato da criação é sustentado através de uma dinâmica de luz infinita comprimida em estados definidos de ser chamados “recipientes”, que então projetam a luz para criar uma infinidade de seres. Dez Sefirot: A conexão entre a Luz Infinita e uma criação finita deveria ser intransponível, e mesmo assim aqui estamos nós, decididamente projeções finitas daquela Luz Infinita. Este é o mistério das dez sefirot: como o Infinito interage com os mundos que gerou através de dez modalidades luminosas, A ordem das sefirot se move a partir do domínio intelectual através da emoção e desce até o âmbito do “domínio” – a esfera de realmente conseguir algo feito. Esta é a “divina imagem” na qual o ser humano é criado. Ao nos conhecermos como seres humanos, portanto, podemos descobrir o divino. E ao entender o divino, somos mais capazes de curar e nutrir o ser humano.
O Mistério do Alfabeto Hebraico:
Em hebraico, não há coisas, somente palavras. O nome hebraico de cada coisa contém sua força de vida essencial. O poder infinito do Criador é encontrado dentro de cada exemplo e objeto da criação; nada está fora dessa luz e nada é vazia dela. As vinte e duas letras do alfabeto hebraico expressam as articulações específicas daquela força criativa. Aquele que domina seus mistérios tem a chave para entender a natureza de cada coisa.
União de Opostos:
O universo inteiro é uma união dinâmica de macho e fêmea. A alma-vida do universo, conhecida como Shechiná, e a Luz Infinita, anseiam por se reunir, como a alma humana anseia por se reunir com sua origem dentro de D'us. O estudo de Torá e o cumprimento das mitsvot provocam essas uniões, permitindo assim que a luz nova e transcendental penetre no cosmos.
Tikun:
O mais notável dos cabalistas, Rabi Yitschak Luria, conhecido como “o Ari” (o leão), conseguiu explicar muitas passagens arcanas do Zohar por meio de uma doutrina de tikun, que significa “conserto”. Revertendo o modelo padrão, o Ari explicou que o mundo foi criado num estado quebrado, e o ser humano foi colcoado nele para recolher as peças espalhadas e consertar sua integridade. O resultado eventual é a união da existência finita com a Luz Infinita, além até daquilo que era no início da criação.
Como a Cabalá se encaixa no mundo moderno?
A Cabalá tem o potencial de amainar o conflito entre o frio mundo exterior que observamos e o cálido mundo interior do observador.Nos últimos cem anos, a ciência desnudou a complicada e pura vastidão do mundo físico numa maneira antes inconcebível. Descobrimos uma impressionante harmonia pela qual todo o universo físico é visto como uma singularidade, toda partículo integralmente relacionada a toda outra partícula, uma harmonia pela qual até a matéria e a energia em si mesmas são essencialmente uma única dinâmica. A tecnologis nos deu meios para partilhar e examinar este conhecimento que era inimaginável há uma geração. Programar nossos próprios ambientes virtuais nos enriquece com uma metáfora pela qual podemos imaginar o que significa criar um mundo e sustentar sua existência a cada momento. A humanidade deveria ser tomada por reverência e assombro, mas em vez disso temos sido deixados no frio. Ironicamente, em nossa busca pela unidade da lei fisiica, temos nos afastado daquela unidade, cavando um vácuo devastador entre o mundo difícil e material que nos cerca e o mundo suave e humano que arde no interior. Ao mediar este divórcio, nos mesmos nos tornamos órfãos. A Cabalá cura esta ferida. Descreve o mundo ao redor na linguagem da nossa psique. Ela nos põe em contato com um mundo composto não de matéria crua, mas de mente inimaginável. O cientistas descreve o universo dentro das dimensões de tempo e espaço, em termos que ele pode contar e mensurar. Porém nem tudo que conta pode ser contado. Uma das obras mais antigas da Cabalá, o Livro da Formação, descreve ainda outra dimensão: aquela da vida, consciência e alma. Tudo que existe no tempo e no espaço, aprendemos, é primeiro encontrado no fundo daquela dimensão interior. É uma dimensão com a qual estamos intimamente familiarizados. O artista olha para uma árvore e vê não uma estrutura celular de carbono, mas beleza, vida e magnificência. O amante da música escuta num quarteto de cordas não as vibrações das cordas de nylon e sua série de tons, mas a luta pela resolução dentro da alma do compositor. O crítico literário lê dentro das palavras do romance os pensamentos do autor, dentro dos pensamentos as atitudes, dentro das atitudes a percepção do mundo que gera tais atitudes, e dentro daquela percepção a persona do próprio autor. Assim também, o cabalista vê dentro de cada exemplo da realidade não sua presença palpável e definida, mas uma energia divina sustentando toda a existência, sempre nova como a água da cachoeira é renovada a cada momento, gerando e regenerando cada detalhe do vácuo absoluto, imbuindo cada coisa com suas propriedades particulares e com vida, cada instante da existência em sua maneira particular. E dentro daquela dinâmica da criação, o cabalista vê o próprio D'us. Como resultado, temos uma afinidade com este universo ao redor. Assim como sentimos dentro de nós mesmos camada sobre camada de personalidade, mais profundamente cada extrato da consciência, e ainda dentro de tudo isso uma indefinível essência do ser, também podemos perceber profundamente dentro do universo uma sentença infinitamente maior que a nossa, e uma essência que transcende o conhecimento e o saber juntos. Na verdade, somos os filhos daquela essência incognoscível, nossas mentes um pálido reflexo de sua luz dentro das águas barrentas do mundo material, nossas almas seu próprio sopro dentro daqueles limites corpóreos.

Por que precisamos agora da Cabalá?
O franco estudo da Cabalá atualmente não é apenas porque precisamos da inspiração que ele fornece, mas porque este é um estágio vital na evolução do mundo. Divulgar os ensinamentos da Cabalá numa forma que a mente possa entender prepara o mundo para a Era Messiânica.A suprema fase deste mundo é uma era messiânica na qual “a ocupação do mundo inteiro será apenas conhecer a D'us”. Isso não significa simplesmente saber que há um D'us, mas conhecer Seu universo como Ele o conhece, e a sabedoria por trás disso como aquela sabedoria é uma com Ele. A preparação para este tempo já começou, e estamos nela. A obra principal da Cabalá, o Zohar, descreve uma era que espelhará o dilúvio de Nôach – dessa vez com um mundo inundado com sabedoria em vez de água: “No seiscentésimo ano da vida de Nôach… todos os mananciais da grande profundeza se abriram, e as janelas do céu ficaram abertas…” – Bereshit, 7:11 Sobre isto, o Zohar declara: “No 6º século do 6º milênio os portões da sabedoria sobrenatural serão abertos, como as fontes de sabedoria terrena, preparando o mundo para ser elevado ao sétimo milênio.” O sexto século do sexto milênio do calendário judaico corresponde ao período de 1740-1840, na verdade um período de explosivos avanços em tecnologia e ciência. Ao mesmo tempo, os portões da sabedoria sobrenatural foram abertos através dos mestres chassídicos da Cabalá. Agora é hora de partilhar ambas as sabedorias, a terrena e a celestial, para fundi-las como uma só e inundar o mundo até que seja cumprida a promessa do profeta: “A terra ficará repleta com a consciência de D'us como a água cobre o oceano.” - Yeshayahu 11:9
Onde posso aprender a Cabalá autêntica?
Fale com seu rabino. Talvez ele esteja dando aulas sobre Cabalá, ou algum tópico a partir de uma perspectiva cabalística.
Fonte: Chabad.org.br
Categorias:
Cultura,
Curiosidades,
Judaísmo,
Misticismo,
Tradição
Assinar:
Postagens (Atom)