20 de setembro de 2019

JERUSALEM (ירושלים): ESTRADA DA PEREGRINAÇÃO



De acordo com os arqueólogos, a Estrada é o caminho que milhões de judeus percorriam 3 vezes por ano para cumprir o mandamento de Aliyah L’regel (Ascender/Levantar-se com as pernas, em hebraico)

A cidade (עיר) de David já ocasionou mudanças em Jerusalém (ירושלים). a recente descoberta da antiga estrada de peregrinação comprova, mais uma vez, o antiquíssimo vinculo dos judeus com Jerusalém . A cidade (עיר) sagrada, capital de Eretz Yisrael, a Terra de Israel, constitui o ponto focal do Judaísmo, o local em que havia sido erguido o Grande Templo, destruído pelos romanos em 70 EC.



A estrada é o caminho que milhões de judeus percorriam 3 vezes por ano para cumprir o mandamento de Aliyah L’regel: Subir à cidade sagrada de Jerusalém durante as três festas judaicas de peregrinação: Pessach, Shavuot e Sucot

Nas obras realizadas na cidade de Jerusalém e em suas redondezas é procedimento-padrão ter arqueólogos acompanhando os trabalhos. Nunca se sabe o que pode vir a ser descoberto de forma acidental, e, no campo da arqueologia, um pequeno achado pode vir a ser o primeiro passo para importantes descobertas.

O rompimento de um cano de esgoto no bairro de Silwan, em Jerusalém, em 2004, foi o primeiro passo para incríveis descobertas. Entre outros, levou à descoberta da Piscina de Shiloá – o principal canal de drenagem que havia servido a antiga Jerusalém. Hoje, esse canal tornou-se o túnel que os visitantes da Cidade de David percorrem. A visita começa no fundo de Shiloá e termina 45 minutos depois, ao lado do Muro Ocidental.

Em junho último foi revelada mais uma importante descoberta: a chamada Estrada da Peregrinação. De acordo com os arqueólogos, a Estrada é o caminho que milhões de judeus percorriam três vezes por ano para cumprir o mandamento de Aliyah L’regel – subir/ascender à cidade sagrada de Jerusalém durante as três festas judaicas de peregrinação – Pessach, Shavuot e Sucot. Havia um debate entre Hillel e Shammai – os renomados Sábios do século I que figuram com destaque na Mishná, em relação à idade com a qual o pai de uma criança era obrigado a incluí-la nas peregrinações. Shammai dizia que, desde o momento em que ela conseguisse se sentar no ombro de seu pai. Hillel, por sua vez, era da opinião de que ela deveria ser incluída quando conseguisse percorrer a estrada de 750 metros.

Segundo Flavius Josephus, anualmente cerca de 2.7 milhões de pessoas costumavam visitar Jerusalém e ir ao Grande Templo para oferecer sacrifícios durante essas três festas. De acordo com Doron Spielman, vice-presidente da Fundação Ir (עיר) David (1), quase todos os peregrinos judeus entravam na cidade por essa Estrada que se estende da Piscina de Shiloá à área adjacente ao Muro Ocidental, conhecida como Arco de Robinson, onde ainda podem ser vistas partes da antiga escadaria que levava ao Templo.

Hoje, andando pela Estrada da Peregrinação, da qual já foram escavados 250 metros, é possível imaginar multidões de judeus percorrendo-a antes da destruição de Jerusalém e do Grande Templo pelos romanos no ano 70 EC.

Durante os trabalhos de escavação das ruínas foram encontradas algumas das lojas que margeavam o caminho. Perto de uma delas havia degraus que levam a uma plataforma. Arqueólogos acreditam que esta era usada para dar avisos e fazer discursos. A seu lado foram encontrados restos queimados de palmeiras, daquelas que não dão frutos, e que provavelmente haviam sido plantadas para proporcionar sombra.

Ainda de acordo com Doron Spielman, “Para entender Jerusalém, é preciso estar aqui. Fomos exilados no ano 70 da EC, oramos três vezes ao dia e estabelecemos um Estado Judaico. O último suspiro dos judeus daquela época está aqui, abaixo de nós. A Cidade de David é o coração do Povo Judeu e é impossível arrancar um coração”.


Entre outros descobrimentos históricos, está a Piscina de Shiloá: O principal canal de drenagem que havia servido a antiga Jerusalém

Spielman revela ainda que milhares de moedas foram encontradas nas quais foram cunhadas as palavras “Liberte Tzion”: 

“Esse foi o grito de guerra dos judeus de Eretz Israel durante sua luta contra os romanos. Os judeus cunharam as moedas sabendo que não poderiam derrotar Roma, mas queriam deixar algo tangível para os judeus que voltariam um dia.” Acrescenta, ainda: “A descoberta da Estrada de Peregrinação é fundamental para nossa compreensão da história. Uma coisa é ler na Mishná e imaginar ou visualizar como foi um dia a vida dos judeus. Outra é caminhar pela mesma estrada que percorriam”.

Durante os últimos meses, a Fundação, “Ir (עיר) David” (Cidade de Davi, em hebraico) tem trabalhado dia e noite a fim de ligar a parte já escavada da estrada à Piscina de Shiloá. Trata-se de um trabalho tedioso, que precisa ser feito vagarosamente. Cada centímetro escavado precisa ser reforçado com vigas de aço para preservar a moderna cidade acima. A Fundação espera que, quando a estrada fique pronta e seja oficialmente inaugurada, em alguns meses, receberá anualmente um milhão de visitantes.

Considerando as constantes resoluções anti-Israel das Nações Unidas, entre as quais a da Unesco que nega a conexão dos judeus com Jerusalém, a Estrada da Peregrinação tem um importante significado para Israel, como explicou em entrevista Ze’ev Orenstein, diretor de Assuntos Internacionais para “Ir David”. É a prova da longa e histórica conexão dos judeus com Jerusalém, não apenas as áreas nas quais os judeus vivem atualmente, mas também por toda a cidade.

. Observação: 

1. A Fundação “Ir David”, conhecida como Elad [El’ad] (um acrônimo em hebraico para “rumo à Cidade de David”) é uma associação israelense sediada em Jerusalém, que visa fortalecer a ligação judaica com Jerusalém.

. Fonte:

Revista Morashá - Edição 105 - Setembro de 2019

http://www.morasha.com.br/arqueologia/estrada-da-peregrinacao.html

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