19 de agosto de 2020

EU ACABO DE DESCOBRIR QUE SOU JUDEU E AGORA?! POR TZVI FREEMAN


Se a sua mãe é judia, você faz parte dessa família

Caro Rabino,

Às vezes a vida te atinge no rosto com uma toalha fria, molhada. Na semana passada, visitei minha mãe no hospital, e ela contou-me que é judia. Perguntei por que ela nunca tinha me contado antes, mas ela não quis dizer. Porém falou-me sobre os pais dela, que foram sobreviventes do Holocausto. Ficou bem claro que ela não estava inventando isso.


Conversei sobre isso com um amigo judeu, e ele disse que se minha mãe é judia, isso faz de mim um judeu também. A verdade é que muitos dos meus amigos são judeus. E sempre tive interesse por todas as coisas judaicas. Mas ser judeu? Se eu sou judeu também, acho melhor descobrir o que isso significa. Por onde começo?

. Novo Judeu que Nunca Soube:

Caro Judeu,

Engraçado, ninguém jamais fica chocado ao descobrir que sua mãe é coreana. Engraçado, ninguém fica chocado ao descobrir que sua mãe é Inuit. Ou eslovaca - embora isso seria muito interessante.

Por outro lado, descobrir de repente que você é muçulmano, bahai ou budista nem sequer é uma possibilidade, Essas são religiões, e se você não acredita, de que maneira é um membro? Mas acontece com frequência de alguém acordar um dia para descobrir: ei, eu sou judeu.

Portanto há algo de singular nisso. E suponho que isso é realmente o que você está perguntando: O que há de especial em ser judeu que você pode descobrir que é judeu não por crença ou afiliação, escolha ou inclinação, criação ou comunidade, mas simplesmente porque sua mãe um dia diz: “Sabia? Sou judia, portanto você também é”? (É claro,você vai precisar de alguma prova plausível de que isso é verdadeiro.)

A resposta é que nós judeus somos uma grande família, todos irmãos e irmãs, todos filhos de Avraham e Sara, Yischac e Rivka, Yaacov e Rachel e Lea. Se a sua mãe é judia, você faz parte daquela família. E você dirá: “Sim, mas toda a humanidade é uma grande família.” Então responderei que os judeus são uma família mantida junta com super-cola. Divina super-cola que dura para sempre. Somos eternamente ligados por um pacto eterno e uma missão em comum que nossos ancestrais aceitaram no Monte Sinai.

O pacto é com o Criador do Céu e Terra, que nos libertou da opressão de nossos algozes para cumprirmos Sua vontade com amor e alegria para que herdássemos a Terra de Israel em paz. A missão é ser uma luz para todas as nações do mundo, para que também aprendam a cumprir seu papel em preencher este mundo inteiro com liberdade, paz e harmonia, como seu Criador planejou que fosse. Aquele pacto e aquela missão nos funde juntos como um único ser, muitos corpos com uma só alma.

Tanto o pacto quanto a missão estão incorporados nos Cinco Livros de Moshê e no restante da Bíblia Hebraica, juntamente com um enorme corpo de comentários e discussão compostas no decorrer de muitos milênios - ao qual chamamos Torá, que significa “o ensinamento”. A Torá nos ensina como viver de maneira divina aqui na terra, em todo o tempo e em toda situação. Uma ação prescrita pela Torá é chamada “mitsvá”.

As instruções práticas são chamadas halachá - que significa “a maneira”. E tudo isso trabalha junto para manter nossa família global junta no decorrer do tempo e do espaço.

Quase 4.000 anos se passaram desde que Avraham, o primeiro judeu, começou a ensinar ao mundo que D'us cuida de Seu mundo e de suas criaturas. Mais de 3.300 anos se passaram desde que os filhos de Avraham entraram num pacto no Monte Sinai.



Desde então, o povo judeu tem causado um impacto imensuráel sobre a maneira pela qual as pessoas pensam sobre si mesmas e sobre o mundo, acendendo a centelha humana com ideias que já foram radicais e revolucionárias mas agora são quase universalmente adotadas. Por exemplo:

. a noção de liberdade (Pense no Êxodus),

. a visão da paz mundial (Pense no muro das Nações Unidas com a citação de Isaiah “… e eles transformarão suas espadas em arados”),

. a santidade de toda vida humana sem discriminação,

. o direito do homem comum à sua propriedade,

. a necessidade de educar toda criança,

. direitos iguais para todos perante a lei,

. a supremacia da lei sobre a monarquia,

. bem-estar social ordenado pelo governo,

. tolerância com o estrangeiro que não partilha sua religião,

... e o conceito de progresso no decorrer do tempo - aquele que leva a um mundo repleto com uma consciência do divino “como as águas preenchem o leito dos oceanos” - que esse tempo chegue muito antes do que podemos imaginar.

Trouxemos essas ideias ao mundo não pela espada e não por ameaça ou força, mas pelo exemplo e perseverança através de grandes esforços, portanto eles passaram por muitas águas e fontes até as crenças de outros povos, até que esses povos chegassem a adotá-las como suas.

Deixe-me colocar as coisas dessa maneira: Outros povos são definidos pela sua geografia. Nós, o povo judeu, somos definidos pela Torá e sua história sobre nós - a história de nossos antepassados, do nosso êxodo do Egito, da nossa entrada no pacto, nossa jornada pelo deserto, nosso assentamento na terra de Canaã, nossos exílios e dificuldades e dispersão por todo o mundo; do eterno estudo de Torá e da nossa própria história, até que nós e a Torá que nos define nos tornássemos um, assim como nós e nossa história somos um. Assim como um italiano é italiano porque nasceu na Itália, um judeu é judeu porque nasceu numa história (ou entrou nela por adoção dentro da família, através de um rito de conversão).

Reclamamos aquele terreno quando atravessamos seu gamut na Torá, quando estudamos e nas preces que recitamos diariamente, e dentro daquelas vastas fronteiras descobrimos quem nós somos: uma árvore da vida que não pode ser consumida pelos mais furiosos fogos da história, uma luz na escuridão que não pode ser extinta pelas ondas mais incessantes de mudança, porque estamos atados num vínculo inexorável à nossa divina missão.

Portanto assim é conosco, e você é um de nós, e esteja onde estiver, em qualquer parte do mundo, você será um da nossa família. Pode entrar em qualquer sinagoga ou centro comunitário judaico e dizer: “Alô, acabo de descobrir que sou judeu,” e será abraçado como um irmão perdido há muito tempo.

É isso que sugiro que você faça agora mesmo. Procure a comunidade judaica tradicional mais próxima. Junte-se e celebre as festas conosco, descanse e aprecie o Shabat - porque nossas celebrações são sua celebração, e nosso Shabat é o seu Shabat.

Quando você estiver adotando práticas judaicas, precisará fazer isso passo a passo. Não se trata de uma proposição de tudo ou nada. Um bom local para começar é com qualquer uma das dez mitsvot da campanha das mitsvot iniciada pelo Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória.

E aprenda. Talvez você não concorde com tudo que aprender, mas isso não deve detê-lo de estudar e questionar e estudar mais. Porque é esse estudo e diálogo sobre nossa Torá que, mais do que tudo, tem nos mantido juntos em nosso destino comum no decorrer dos milênios. E é ali, dentro daquela Torá que D'us nos deu, que nos descobrimos como sendo um eterno ser único.

. Autor:

Rabino Tzvi Freeman, editor sênior de Chabad.org, também lidera nossa equipe Pergunte ao Rabino. É autor de Trazendo o Céu para a Terra. Para inscrever-se e receber atualizações regulares sobre os artigos de Rabino Freeman, visite os Freeman Files.

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. Fonte: 

https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2993198/jewish/Acabo-de-Descobrir-que-Sou-Judeu-E-agora.htm

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