30 de novembro de 2018

O CONCEITO DE MESSIAS: JUDAÍSMO & CRISTIANISMO


Apesar de ambas as religiões usarem a mesma palavra ‘Messias’, os conceitos judaico e cristão são totalmente diferentes

O tema é de importância fundamental: Muita gente, tanto judeus quanto cristãos, acha que a diferença entre o Cristianismo e o Judaísmo quanto ao Messias se resume em aceitar ou não que Jesus tenha sido o Messias prometido. Ou seja: Acham que a questão é tão somente se o Messias já veio ou ainda virá.



O Judaísmo não admite a ideia do Eterno encarnar, ou de poder ser dividido, ou ainda da existência de outras divindades, mesmo que menores

E alguns até chegam a achar que os judeus têm certa implicância com Jesus. Afinal, na história do povo judeu, já houve casos de grande sábios acharem que esta ou aquela pessoa seria o Messias, e nem por isso deixaram de ser judeus. Por que, então, é inaceitável ao judeu a crença em Jesus?

. A Diferença:

A resposta está no fato de que, apesar de ambos usarem a mesma palavra ‘Messias’, os conceitos judaico e cristão são totalmente diferentes. Vamos então agora conhecer a diferença entre eles:

1) Natureza:

Para o Cristianismo, o Messias é uma divindade. Para a maioria dos cristãos, seria o próprio Criador encarnado. Para alguns outros, uma divindade de status menor. Para o Judaísmo, porém, o Messias é apenas um ser humano comum, descendente do rei Davi, que governará Israel. O Judaísmo não admite a ideia do Eterno encarnar, ou de poder ser dividido, ou ainda da existência de outras divindades, mesmo que menores.

2) Mediação:

Para o Cristianismo, o Messias é um mediador entre o Criador e os homens, e o único caminho para se chegar a Ele. Para o Judaísmo, a ideia de um mediador entre o Eterno e nós também é incompatível, pois esse conceito fere os fundamentos do monoteísmo judaico. Além disso, o Judaísmo entende que para que o ser humano chegue ao Criador, basta ser monoteísta e respeitar as leis fundamentais que asseguram o direito a vida.

3) Sumo Sacerdócio:

Para o Cristianismo, o Messias é o sumo sacerdote, mesmo sendo da tribo de Judá. Para o Judaísmo isso também não é possível, pois o sacerdócio foi dado perpetuamente aos filhos de Aarão, da tribo de Levi e eles aparecem até mesmo nas profecias sobre o futuro Templo.

4) Fé:

Para Cristianismo, o Messias é objeto de fé e os homens devem aceitá-lo em seus corações. Para o Judaísmo, é proibido devotar fé a seres humanos. O Messias será simplesmente declarado rei pelos juízes de Israel, da mesma forma que um presidente toma posse de um mandato em qualquer outra nação.

5) Sacrifício:

Para o Cristianismo, o Messias foi um sacrifício expiatório. Para o Judaísmo, o sacrifício humano é proibido e inaceitável perante o Criador.

6) Salvação:

Para o Cristianismo, o Messias é o único meio de se salvar de uma condenação eterna. Para o Judaísmo, o Messias não tem esse papel. Só o Eterno pode salvar de qualquer coisa e o Messias não está vinculado ao seu juízo ou a qualquer condenação ou absolvição.

7) Pecado:

Para o Cristianismo, o Messias foi sem pecado. Para o Judaísmo, o Messias aparece nas profecias oferecendo sacrifício pelo seu próprio pecado, pois é um homem comum.

8) Vida:

Para o Cristianismo, o Messias vive e viverá para sempre. Para o Judaísmo, o Messias terá descendentes e morrerá, como qualquer homem.

9) Cumprimento de Profecias:

Para o Cristianismo, o Messias não cumpriu determinadas profecias porque fará isso em sua segunda vinda. Para o Judaísmo, se uma pessoa deixa de cumprir nem que seja uma profecia, é considerado na melhor das hipóteses um governante comum. O Messias prometido deve cumprir absolutamente todas as profecias que se referem ao seu advento.

10) Conclusão:

Como é possível observar, a divergência é muito mais profunda do que simplesmente uma questão de identidade. O próprio conceito de ‘Messias’ no Cristianismo é muito diferente do conceito de ‘Messias’ no Judaísmo, e ambos são irreconciliáveis. Pode haver diálogo, amizade e respeito entre judeus e cristãos. Entretanto, é impossível fazer de conta que as duas religiões não são fundamentalmente diferentes em suas essências.


Pode haver diálogo, amizade e respeito entre judeus e cristãos, apesar das diferenças fundamentais

. Fontes:

.  Bíblia Cristã: Lc. 12:8-9; Jo. 1:1; Jo. 1:29; Jo. 3:16; Jo. 6:29; Jo. 10:37-38; Jo. 14:6;At. 4:12; Rm. 10:9; Rm. 3:24-25; Rm. 5:9-10; 2 Co. 5:18-21; 1 Tm. 2:5; Hb. 1:8; Hb. 2:9; Hb. 5:5-10; Hb. 7:26; Hb. 9:15; 1 Pe. 1:18-20; 1 Pe. 2:22; 1 Jo. 4:14; Ap. 7:14;

. Tanakh (Bíblia Judaica): Ex. 20:3; Ex. 40:15; Lv. 5:11; Nm. 25:7-13; Dt. 5:7; Dt. 6:4; Dt. 12:31; Dt. 13:1-18; Dt. 32:39; 2 Rs. 16:2-3; Is. 43:11;  Is. 44:6; Is. 45:6,14-15,18,21; Jr. 17:5 Ez. 40:46, Ez. 44:15; Ez. 46:4; Os. 14:2-5; Jn. 3:5-11; 2 Cr. 7:18;  Pv. 16:6;

. Mishnê Torá: Sefer Shofetim – Hilkhot Melakhim uMilHamá capítulos 11 e 12; Sefer haMadá` – Hilkhot Teshubá 3:6,7

. Artigo: “All About the Messiah” – R. Aryeh Kaplan

https://judeu.org/2016/01/19/o-conceito-de-messias-judaismo-x-cristianismo-judaismo-em-5-minutos/

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