No celular do réu, a Polícia Federal encontrou imagens de duas sinagogas do Distrito Federal e da Embaixada de Israel
Preso pela Polícia Federal (PF) em novembro passado, no âmbito da Operação Trapiche, o brasileiro Lucas Passos de Lima, é acusado de integrar o grupo terrorista do Hezbollah e de ser um dos responsáveis por planejar atentados contra a comunidade judaica no Brasil. Ele foi detido no aeroporto de Guarulhos (SP) ao desembarcar de sua segunda viagem ao Líbano no período de um ano.
Em fevereiro, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região o declarou réu pelos crimes de atos preparatórios de terrorismo e organização criminosa, com Mohamad Khir Abdulmajid, que se encontra foragido. O Judiciário embasou a decisão nas investigações da PF e no conteúdo encontrado no celular de Lima. Além de imagens da sinagoga Beit Chabad, em Brasília, e de outro templo em Planaltina, ambas no Distrito Federal, os agentes acharam pesquisas feitas na internet sobre um rabino, a Embaixada de Israel e endereços da comunidade judaica em Goiás. Além disso, ele buscou informações na web sobre equipamentos de vigilância e rádio transmissor com tecnologia contra rastreamento. Todo o material estava salvo na nuvem, em uma conta de e-mail vinculada ao réu.
De acordo com a PF, o planejamento de atentados se encontrava em um nível adiantado. Para executá-los, segundo os investigadores, o Hezbollah vem implementado a estratégia de “guerra por procuração”, que consiste em arregimentar brasileiros dispostos a cometer ataques em troca de dinheiro. Lima se enquadra nesse perfil.
Mas o réu tem um diferencial do padrão de pessoas que o Hezbollah tenta atrair. Geralmente, o grupo terrorista libanês busca em penitenciárias homens dispostos a cometer assassinatos, plantar bombas em locais determinados pela organização e cumprir outras tarefas violentas. Contudo, o trabalho de preparação das ações requer viagens ao exterior, algo que pode levantar suspeitas no caso de ex-detentos. Lima tinha ficha limpa e estava disposto a aproveitar a oportunidade de ganhar dinheiro.
Em um vídeo encontrado no celular do réu, Lima mostrava o hotel onde ficou hospedado em Beirute, em uma das viagens em que fez contatos com lideranças. Nas imagens, ele fala do luxo das instalações.
Abdulmajid, o réu que se encontra foragido, era o responsável por fazer a ligação entre Lima e o Hezbollah. Em um áudio, o brasileiro diz estar preparado para “a missão”. Em mensagem enviada a uma pessoa não identificada, Lima reafirma sua disposição em cometer os atentados contra alvos da comunidade judaica.
“Irmão, meu nome e pronto... Me dê a missão. Pode deixar que vai ser cumprido o que mandar... Sem recuar”, diz Lima ao interlocutor.
De acordo com a PF, Lima chegou a pedir um pen drive especialmente preparado para evitar o vazamento de informações no caso de apreensão do equipamento. O dispositivo traria dados sobre a ação terrorista, mas só seria acessado por senha. Caso alguém tentasse abrir os arquivos com a senha errada, apareceria um conteúdo aleatório para despistar.
Lima também chegou a fazer contato com piloto. Ele buscava informações sobre a possibilidade de realizar um voo para Tabatinga, cidade do Amazonas na fronteira com Peru e Colômbia, conhecida por ser uma rota do tráfico internacional de drogas. Outra possibilidade seria um deslocamento po avião para o Paraná.
De acordo com o delegado da PF Leopoldo Soares Lacerda, as investigações comprovaram de forma irrefutável o envolvimento de Lima e de Abdulmajid na preparação dos atentados terroristas, além da ligação de ambos com o grupo terrorista Hezbollah.
. Fonte:
Jornal O Dia
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