1 de dezembro de 2024

DIVINDADES PAGÃS CITADAS NO ANTIGO TESTAMENTO


Dagom, ou Dagon, era uma divindade fenícia muito cultuado por povos cananeus, como os filisteus, associado à pesca e à fertilidade. A palavra "Dag" em hebraico significa "peixe" (plural, Daguim)

A Bíblia nos apresenta diversas divindades pagãs cultuadas pelos povos vizinhos de Israel, neste artigo são apresentadas algumas de suas principais características. Ao longo do texto bíblico, nos é apresentado uma variedade de divindades pagãs cultuadas pelos povos localizados próximos a Israel. Essas divindades, também chamadas de deuses pagãos, foram fundamentais na estrutura religiosa dos povos cananeus e mesopotâmicos, e seu estudo nos auxilia a compreender melhor sua religiosidade e cultura.



Estela ugarítica detalhando uma oferenda para Dagom

Neste artigo, serão abordadas algumas das divindades pagãs mencionadas na Bíblia e como esses elementos mitológicos se encaixam na narrativa religiosa:

. Baal:

Uma das divindades pagãs mais proeminentes mencionadas na Bíblia é Baal. Baal era adorado por vários povos cananeus e mesopotâmicos, como os moabitas e fenícios. Ele era frequentemente associado à fertilidade, ao cultivo da terra e à chuva.

. Asherá:

Aserá era considerada a “deusa-mãe” da fertilidade e também era adorada por muitos povos vizinhos de Israel. Ela era frequentemente representada por um poste sagrado ou árvore.

. Dagom:

Dagom, ou Dagon, era uma divindade fenícia muito cultuado por povos cananeus, como os filisteus, associado à pesca e à fertilidade. Ele é mencionado na história de Sansão e no relato bíblico da arca da aliança capturada pelos filisteus.

Ele foi um divindade muito cultuada pelos chamados povos dos mar, mesopotâmicos e alguns povos cananeus. Frequentemente retratado como uma divindade com corpo humano e com calda de peixe, similar as sereias. Era associado a agricultura e pescaria, principal fonte de riquezas dos povos cananeus e mesopotâmicos, sendo considerado o deus da prosperidade pelos povos que o cultuavam.

A religião fenícia é marcada pelo politeísmo. A pesar de seus deuses serem bem difundidos entre os mesopotâmicos e cananeus, cada cidade fenícia possuía suas próprias divindades e formas de adoração.

As divindades fenícias também sofreram muitas adaptações, conforme a região e período histórico de cada povo. Dagom, por exemplo, foi considerado o “pai dos deuses” pelos hurritas, tendo família com esposa e filhos.

Outros povos, como os filisteus, o adoravam isoladamente, sem o associar a uma família. As divindades fenícias mais adoradas foram Baal e Astarte.


. Genealogia:

A genealogia de Dagom possui divergências entre os textos e inscrições antigas. Em algumas versões ele colocado como filho de El, o principal deus fenício e pai de todos os demais, e irmão de Baal. Em outras versões ele possui dois irmãos, Baal e Mot.

Alguns povos, como os Hurritas, descreviam Dagom como tendo esposa e filhos. Sua esposa seria Shalash e seus filhos Hadad e Hebat.

. Culto e adoração:

Sendo uma divindade agrícola, Dagom estava associado à fertilidade e à colheita abundante. Os fenícios acreditavam que ele tinha o poder de conceder prosperidade, abundância de alimentos e sucesso na colheita.

Por possuir características de peixe, Dagom também foi associado aos mares. Sendo considerado o “deus” dos mares e dos peixes e reverenciado pelos pescadores/navegantes.

Os rituais de culto envolviam sacrifícios nos templos, oferendas e cerimônias de agradecimento das colheitas.

Templos de adoração foram construídos em diversas cidades fenícias e mesopotâmicas, mesmo sendo uma divindade menos cultuada do que Baal e Astarote, por exemplo. A Bíblia nos relata que um grande para adoração a Dagom existiu na cidade de filisteia de Asdod.

. Relatos bíblicos sobre Dagom:

Os relatos bíblicos de Dagom, estão associados a culto realizado a ele pelo povo filisteu em suas cidades.

. Sansão e Dagom:

A primeira menção a Dagom na Bíblia, ocorre no capítulo 16 do livro de Juízes. No qual Sansão, então juiz israelita, foi capturado pelos filisteus e levado para o templo de adoração a Dagom na cidade de Gaza. Sansão foi humilhado, teve seus olhos furados e ficou acorrentado a duas colunas do templo, enquanto os chefes filisteus comemoravam sua captura. O texto nos diz que o juiz pediu força a Deus uma última vez. O Senhor lhe concedeu força e Sansão fez com que o templo desmoronasse sobre os filisteus, matando todos.

Acredita-se que essa derrota do juiz Sansão sobre os filisteus fez com que os exércitos inimigos reduzissem consideravelmente, diminuindo por alguns anos os conflitos entre os israelitas e as cidades filisateias.

. Arca da aliança levada para o templo de Dagom:

Outra referência bíblica muito importante ocorre no capítulo 15 de 1 Samuel. Nele, os filisteus capturam a Arca da Aliança dos israelitas e a levam para o templo de Dagom na cidade de Asdod.

Em Asdod a estátua de Dagom cai diversas vezes perante a Arca da Aliança e Deus envia pragas e doenças sobre o povo da cidade. A arca é levada posteriormente a diversas outras cidades filisteias até ser devolvida para Israel.

Os relatos bíblicos evidenciam a relevância e adoração que os filisteus davam a sua divindade, do mesmo modo que exaltam a superioridade de Deus ante os deuses pagãos, provando que eles não possuíam poder.

. Referências a Dagom na cultura pop:

Dagom influenciou diversas obras da cultura popular. No entanto, é notável que muitas delas se baseiam mais na especulação em torno do deus peixe do que em fontes primárias e investigações modernas.

Entre os exemplos mais proeminentes estão os poemas:

“Samson Agonistes” e “Paraíso Perdido” de John Milton;

“Dagon” e “A Sombra Sobre Innsmouth”, obras de H.P. Lovecraft;

“Middlemarch” de George Eliot;

“King of Kings” de Malachi Martin.

Curiosamente, até mesmo uma espécie extinta de baleia de bico pré-histórica, denominada Dagonodum mojnum, foi batizada com o nome desta divindade. 

. Origem e significado do nome “Dagom”:

O nome Dagom, é uma latinização do palavra dagan utilizada em registro fenícios e hebraicos, sendo que em hebraico "Dag" significa "peixe" (Plural, Daguim). O significado desta palavra é muito debatido entre os historiadores, não tendo um consenso real sobre o significado do nome. As traduções mais aceitas associam o nome ao mar e as colheitas.

Uma das hipóteses menos aceitas diz que o nome tem origem no termo das línguas semíticas “dgn”, que daria a interpretação dele ser uma divindade do clima. Essa hipótese é pouco aceita porque os artefatos arqueológicos sempre associam essa divindade a colheita e a pesca.

Outra possível tradução do nome, diz que seu nome deriva do termo fenício “dag”, que significa peixe. Entretanto a tradução do nome dagan do hebraico significa “grão”, o que dificulta a aceitação desta hipótese.

O mais aceito com base na tradução do hebraico e nos escritos do autor fenício Sanchuniathon é que este nome signifique “grão”. Dando a entender que esta divindade estava relacionada a colheita, plantio e prosperidade vindo da agricultura.

Moloch:

Moloch era uma divindade cananeia associada aos sacrifícios de crianças, prática que envolvia a queima de crianças vivas como oferenda em altares. O culto a Moloch é destacado como uma das coisas mais horríveis da adoração a deuses pagão.

Moloch foi cultuado por diversos personagens bíblicos, como o rei de Judá Manassés.

. Quemosh:

Quemosh era um das divindades pagãs moabitas e era frequentemente adorado com sacrifícios, incluindo o sacrifício humano.

. Fontes:

Schwemer, Daniel (2007). “The Storm-Gods of the Ancient Near East: Summary, Synthesis, Recent Studies Part I” (PDF). Journal of Ancient Near Eastern Religions.

Hutter, Manfred (1996). Religionen in der Umwelt des Alten Testaments I. Köln: Kohlhammer. ISBN 3-17-012041-7.

Dagon. Infopédia.

Singer, Itamar (1992). “Towards the image of Dagon, the god of the Philistines”. Syria.

Martin, Malaquias, Rei dos Reis: um romance da vida de David , Simon e Schuster, Nova York, 1980

“Sønderjysk oldtidshval skal hedde ‘Mojn’” . 11 de outubro de 2016.


https://teologico.club/divindades-pagas/

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