13 de setembro de 2010

ARAMAICO: O DIALETO BÍBLICO FALADO NA ERA CRISTÃ



Aramaico é a designação que recebem os diferentes dialetos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude.

Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.
O aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Oriente Médio, especialmente no interior da Síria; e sua longevidade se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milênios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último "onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias" além dessas outras aldeias da Mesopotâmia reconhecidamente católicas por onde Cristo passou, como Tur'Abdin ao sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse intacto até os dias de hoje.
No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares desses cristãos fugiram para o ocidente onde ainda hoje restam poucas centenas, vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul e que curiosamente falam e escrevem fluentemente o idioma falado por Jesus Cristo.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Durante o século XII a.C., os arameus, os originais falantes do aramaico, começaram a se estabelecer em grande número nas regiões onde atualmente situam-se a Síria, o Iraque e a Turquia oriental. Adquirindo importância, passou a ser falado por toda a costa Mediterrânea do Levante. A partir do século VII, o aramaico, que era utilizado como língua franca no Oriente Médio foi substituído pela Língua árabe. Entretanto, o aramaico continua sendo usado, literária e liturgicamente, entre os judeus e alguns cristãos. Guerras e dissenções políticas nos dois últimos séculos ocasionaram a dispersão de inúmeros indivíduos que se utilizam do aramaico como língua materna pelo mundo.




DATAS IMPORTANTES

A história do aramaico pode ser dividida em três períodos:
• Arcaico 1100 a.C.–200 D.C.), incluindo:
o O aramaico bíblico, do hebraico.
o O aramaico de Jesus.
o O aramaico dos Targum.
• Aramaico Médio (200–1200), incluindo:
o Língua siríaca literária.
o O aramaico do Talmude e dos Midrashim.
• Aramaico moderno (1200–presente)
(Classificação baseada na de Klaus Beyer Referências bibliográficas: Beyer*).


O aramaico nabateu é a língua do reino árabe de Petra. O reino (c. 200 a.C. – 106 d.C.) compreendia a área entre a margem leste do rio Jordão, a península do Sinai e o norte da Arábia. Talvez por causa da importância do comércio das caravanas, os nabateus começaram a preferir a usar o aramaico ao árabe setentrional antigo. O dialeto é baseado no aquemênida, com um pouco de influência do árabe: o 'l' freqüentemente se transforma em 'n' e há algumas poucas palavras tomadas do Árabe. Algumas inscrições Aramaicas Nabateanas existem dos dias mais antigos desse reino, mas a maioria é dos primeiros quatro séculos d.C. A língua é grafada em escrita cursiva, que é a precursora do Alfabeto Árabe moderno. O número de palavras emprestadas do árabe aumentou através dos séculos, até que, no século IV, o Nabateano se fundiu definitivamente com o Árabe.
O aramaico palmireno é o dialeto que se usava na cidade de Palmira no Deserto Sírio, de 44 a.C. até 274 d.C. Era grafada em escrita arredondada, que mais tarde originou a escrita cursiva. Como o Nabateano, o Palmireno foi influenciado pelo Árabe, mas em um grau menor.
O aramaico arsácida era a língua oficial do Império Parto (247 a.C.–224d.C.). Ela, mais que qualquer outro dialeto pós-Aquemênido, continua a tradição de Dario I. Naquele tempo, no entanto, ela ficou sob a influência do aramaico contemporâneo falado, do georgiano, do persa. Após a conquista dos partos sobre os sassânidas, que falavam o persa, os arsácidas externaram uma influência considerável sobre a nova língua oficial.

O ARAMAICO RECENTE DO ORIENTE ANTIGO

Os dialetos mencionados na última seção descenderam todos do Aramaico Imperial Aquemênido. Contudo, os diversos dialetos regionais do Aramaico Antigo mais recente continuaram junto com essas, freqüentemente como simples línguas faladas. Evidências antigas dessas línguas faladas só são conhecidas por suas influências em palavras e nomes num dialeto mais padrão. Porém, esses dialetos regionais se tornaram línguas escritas no século II a.C. Os mesmos refletem um tipo de Aramaico que não depende o Aramaico Imperial e mostra uma divisão clara entre as regiões da Mesopotâmia, Babilônia e o leste, e Palestina e oeste.
No leste, os dialetos do aramaico palmireno e arsácida se uniram com línguas regionais para criar línguas com um pé no Imperial e um pé no Aramaico. Muito mais tarde, o Arsácido se tornou a linguagem litúrgica da religião mandeísta, a língua mandéia.
No reino de Osroena, centrado em Edessa e fundado em 132 a.C., o dialeto regional se tornou a língua oficial: o antigo siríaco, na margem superior do rio Tigre, o aramaico mesopotâmico oriental floresceu, com evidências em Hatra, Assur e Tur Abdin. Tatian, o autor do evangelho harmônico Diatessaron veio da Assíria e talvez tenha escrito seu trabalho (172 a.C.) no dialeto mesopotâmico oriental, em vez de siríaco ou grego. Na Babilônia, o dialeto regional foi usado pela comunidade judaica, o Velho Judeu Babilônico (c. 70a.C.). Essa língua do cotidiano cresceu sob a influência do Aramaico Bíblico e do Targúmico Babilônico.

O ARAMAICO MANTIGO OCIDENTAL RECENTE

Os dialetos regionais do oeste de Aramaico seguiram um curso similar àqueles do leste. Eles são muito diferentes dos dialetos do leste e do Aramaico Imperial. As línguas semitas da Palestina rumaram ao Aramaico durante o século IV a.C. A língua fenícia, contudo, seguiu até o século I a.C.
A forma do aramaico antigo ocidental recente usado pela comunidade judaica é mais bem atestada e geralmente chamada de antigo palestino judaico. Sua forma mais antiga é o antigo jordaniano oriental, que provavelmente vem da região da cidade de Cesaréia de Filipo. Essa é a língua do manuscrito mais antigo de Enoque, da Bíblia (c. 170 a.C.). A próxima fase distinta da língua é chamada de Velho Judaico (no segundo século d.C.). Literaturas do Velho Judaico podem ser encontradas em várias inscrições e cartas pessoais, citações preservadas no Talmude e recibos de Qumran. A primeira edição de Guerra Judaica do historiador Josephus foi escrita em Velho Judaico.
O antigo jordaniano oriental continuou a ser usado no primeiro século antes de Cristo pelas comunidades pagãs que viviam ao leste do Jordão. Seu dialeto é freqüentemente chamado, então, de antigo palestino pagão, e era escrito de forma cursiva de certa forma similar ao siríaco antigo. Um dialeto antigo palestino cristão pode ter nascido do pagão, e esse dialeto pode estar por detrás de algumas das tendências do aramaico ocidental encontradas nos evangelhos orientais no siríaco antigo.




O DIALETO FALADO NA ÉPOCA DE JESUS

Sete dialetos do Aramaico Ocidental eram falados na época de Jesus. Eles eram provavelmente distintos ainda que mutuamente inteligíveis. O Velho Judaico era o dialeto proeminente de Jerusalém e da Judéia. A região de Ein Gedi-Engedi tinha o Judaico do Sudeste. A Samaria tinha seu Aramaico Samaritano distinto, onde as consoantes 'he', 'heth' e '`ayin' todas se tornaram pronunciadas como 'aleph'. O Aramaico Galileu, a língua da região natal de Jesus só é conhecida de alguns poucos lugares, das influências no Targúmico Galileu, de alguma literatura dos rabinos e algumas poucas cartas privadas. Ela parece ter um número de características distintas, como: ditongos nunca são simplificados a "monotongos". A leste do Jordão, os vários dialetos de Jordaniano Oriental eram falados. Na região de Damasco e no Líbano, o Aramaico Damasceno era falado (deduzido na sua maioria do Aramaico Ocidental Moderno. Finalmente, bem ao norte, como em Aleppo, o dialeto do Aramaico de Orontes era falado.
Além desses dialetos de aramaico, o grego era usado extensivamente nos centros urbanos. Há pouca evidência do uso do hebraico durante esse período. Algumas palavras em hebraico continuaram como parte do vocabulário aramaico judeu (em sua maior parte palavras religiosas, mas também algumas do cotidiano, como `ēṣ, árvore) e a língua escrita do Tanakh era lida e entendida pelas classes cultas. Contudo, o Hebraico deixou de ser a língua do dia a dia. Em adição, as várias palavras no contexto Grego do Novo Testamento que não são traduzidas, são claramente Aramaico ao invés de Hebraico. Tirando da pouca evidência que existe, esse aramaico não é o aramaico da Galiléia, mas o antigo aramaico da Judéia. Isso sugere que as palavras de Jesus foram transmitidas no dialeto da Judéia e Jerusalém ao invés do de sua cidade natal.
O filme A Paixão de Cristo (2004) é notável pelo seu uso de diálogos em aramaico especialmente reconstruído por apenas um professor, William Fulco. Contudo, falantes modernos da língua consideraram a linguagem usada pouco familiar.

ARAMAICO MÉDIO

O século III d.C. é tido como o limiar entre o aramaico antigo e o médio. Durante aquele século, a natureza das várias línguas aramaicas começaram a mudar. As descendentes do aramaico imperial deixaram de existir como línguas vivas e as línguas regionais do leste e oeste começaram a formar literaturas novas e vitais. Diferente de muitos dos dialetos do antigo aramaico, muito se sabe do vocabulário e gramática do aramaico médio.
Aramaico médio oriental
Somente dois dos idiomas do aramaico oriental antigo continuaram nesse período. No norte da região, o antigo siríaco evoluiu para o siríaco médio. No sul, o antigo judeo-babilônico se tornou o judeo-babilônico médio. O dialeto pós-aquemênida, arsácida, se tornou o fundo da nova língua mandéia.

SIRÍACO MÉDIO

O siríaco médio é, até hoje, a linguagem clássica, literária e litúrgica dos cristãos siríacos. Sua época de ouro foi do século IV ao século VI d.C.. Esse período começou com a tradução da Bíblia nessa língua: a Peshitta, e a prosa e poesia de Éfrem, dito "o Sírio". O siríaco médio, diferentemente de seu ancestral, é uma língua completamente cristã, embora no tempo ela tenha se tornado a língua daqueles que se opuseram à liderança bizantina da Igreja no leste. A atividade missionária levou a espalhar o siríaco pela Pérsia, até a Índia e China.

O ARAMAICO JUDEO-BABILÔNICO

O aramaico médio judeo-babilônico é a língua do Talmude babilônico (que foi completado no século VII). Apesar de ser a principal língua do Talmude, em seu conjunto, vários trabalhos em hebraico (reconstruído) e dialetos mais antigos de aramaico são cuidadosamente dispostos. O aramaico médio judeo-babilônico é também a língua por trás do sistema babilônico de apontamento (marcando as vogais em um texto que seria primordialmente feito somente com consoantes) da Bíblia Hebraica e o seu Targum.

MANDEU

O mandeu é um dialeto muito próximo do aramaico judeo-babilônico,embora linguisticamente e culturalmente diferente. O mandaico clássico é a língua no qual a literatura religiosa dos mandeus foi composta. Caracteriza-se por uma ortografia altamente fonética.

ARAMAICO DO ORIENTE MÉDIO

Os dialetos do aramaico do Velho Ocidente continuaram com o dialeto judeu da Média Palestina (em hebraico, no alfabeto hebraico dito "de escrita quadrada"), o dialeto aramaico samaritano (no alfabeto fenício, antiga escrita hebraica) e o dialeto cristão-palestino (em siríaco cursivo, no alfabeto siríaco). Destes três, somente o dialeto judeu da Média Palestina continuou como uma língua escrita.

ARAMAICO JUDEO-PALESTINO MÉDIO

Em 135, depois da revolta de Bar Kokhba, vários líderes judeus, expulsos de Jerusalém, se mudaram para a Galiléia. O dialeto galileano então saiu da obscuridade para se tornar o padrão entre judeus no ocidente. Este dialeto era falado não somente na Galiléia, mas também nos arredores. Constituiu o pano de fundo lingüístico para o Talmude de Jerusalém (completado no século V), do targumim palestino (versões em aramaico das escrituras judaicas) e do midrashim (comentários e ensinamentos bíblicos). O padrão moderno para a pontuação de vogais na Bíblia Hebraica, o sistema Tiberiano do século VII, foi desenvolvido a partir do dialeto Galileano do aramaico judeo-palestino médio. A vocalização do hebraico clássico, portanto, ao representar o hebraico deste período, provavelmente reflete a pronúncia contemporânea deste dialeto aramaico.
O judeiano médio, descendente do judeiano antigo, não é mais o dialeto dominante e foi usado apenas na Judéia do Sul (o dialeto engedi, continuou por todo este período). Da mesma forma, o jordaniano médio-oriental continuou como um dialeto menor do velho jordaniano oriental. As inscrições na sinagoga em Dura-Europos estão tanto em jordaniano médio-oriental quanto em judeano médio.

O ARAMAICO SAMARITANO

O dialeto aramaico da comunidade dos samaritanos foi comprovado anteriormente por uma tradição documentária que pode ser datada do século IV. Sua pronúncia moderna é baseada na forma usada no século X.

ARAMAICO CRISTÃO-PALESTINO

A língua dos cristãos que falavam o aramaico do ocidente é evidenciada como sendo do século VI, mas provavelmente existia desde dois séculos mais cedo. A língua por si vem do velho palestino cristão, mas suas convenções de escrita foram baseadas no antigo siríaco médio e foi fortemente influenciada pelo grego. O nome Jesus, apesar de Yešû` em aramaico, é escrito Yesûs no palestino cristão.

ARAMAICO MODERNO

Mais de quatrocentas mil pessoas falam algum dialeto do aramaico moderno (ou neo-aramaico) hoje em dia como língua nativa. São judeus, cristãos, muçulmanos e mandeanos, vivendo em áreas remotas e preservando suas tradições com impressos e agora com mídia eletrônica. As línguas neo-aramaicas estão agora mais distantes em termos de compreensão entre si do que já estiveram antes. Os últimos duzentos anos não foram bons para os falantes do Aramaico; a instabilidade no Oriente Médio levou a uma diáspora mundial de falantes de aramaico. O ano de 1915 é especialmente relevante para os cristãos que falavam aramaico: chamado de Sayfo ou Shaypā (a espada em siríaco), todos os grupos cristãos do leste da Turquia (assírios, armênios e outros) foram submetidos ao genocídio que marcou o fim do Império Otomano. Para os judeus que falavam aramaico, 1950 é um ano da mudança: a fundação do Estado de Israel e a consequente expulsão dos judeus dos países árabes, como o Iraque, levou a maioria dos judeus que falavam aramaico a migrar para lá. Contudo, a mudança para Israel levou o neo-aramaico judeu a ser substituído pelo hebraico moderno entre os filhos dos imigrantes. Na prática, a extinção de muitos dialetos judeus parece iminente.




ARAMAICO MODERNO ORIENTAL

O aramaico moderno oriental existe em uma ampla variedade de dialetos e línguas. Há uma diferença significante entre o aramaico falado por judeus, cristãos e mandeanos.
As línguas cristãs são chamadas frequentemente de siríaco moderno (ou neo-siríaco, especialmente no que se refere à sua literatura), sendo fortemente influenciado pela língua literária e litúrgica do siríaco médio. Entretanto, elas têm suas raízes em diversos dialetos aramaicos locais, que não foram escritos, e não são exclusivamente as descendentes diretas da língua de Efraim o Sírio.
O siríaco ocidental moderno (também chamado de neo-aramaico, estando entre o neo-aramaico ocidental e o neo-siríaco oriental) é representado geralmente pelo idioma turoyo, a língua de Tur Abdin. Um idioma aparentado, Mlahsô se extinguiu recentemente.
As línguas orientais cristãs (siríaco moderno oriental ou neo-aramaico oriental) são chamadas frequentemente de Sureth ou Suret, a partir de um nome nativo. São também chamadas às vezes de assírias ou caldéias, porém estes nomes não são aceitos por todos os nativos. Os dialetos não são todos mutuamente inteligíveis. As comunidades siríacos orientais geralmente são membros ou da Igreja Católica Caldéia ou da Igreja Assíria do Oriente.
As línguas judeo-aramaicas modernas são faladas principalmente em Israel hoje em dia, e a maioria delas estão entrando em extinção (os falantes mais antigos não estão passando a língua às gerações mais jovens). Os dialetos judeus que vieram de comunidades que viviam entre o lago Urmia e Mosul não são todos inteligíveis entre si. Em alguns lugares, como Urmia, cristãos e judeus falam dialetos incompreensíveis entre si do aramaico moderno oriental, embora habitem os mesmos lugares. Em outros, como nas planícies próximas a Mosul, por exemplo, os dialetos das duas comunidades são similares o bastante para permitir a interação.
Alguns poucos mandeanos que vivem na província do Khuzistão, no Irã, falam o mandaico moderno. É bem diferente de qualquer outro dialeto aramaico.
Aramaico ocidental moderno
Resta muito pouco do aramaico ocidental. Ele ainda é falado na vila cristã de Maalula, na Síria, e na vilas muçulmanas de Baca e Jubadin, no lado sírio do Anti-Líbano, assim como por algumas pessoas que migraram destas vilas para Damasco e outras grandes cidades da Síria. Todos os falantes de aramaico ocidental moderno são fluentes em árabe, que já se tornou o principal idioma nestas vilas.

4 de setembro de 2010

ENTREVISTA: CÔNSUL DE ISRAEL NO RIO DE JANEIRO

DOCUMENTÁRIO: NOVOS LARES

DOCUMENTÁRIO: NOVOS LARES

RETORNO DOS JUDEUS À SINAGOGA DE NILÓPOLIS - RJ

RECUPERAÇÃO DA SINAGOGA DE NILÓPOLIS - RJ

19 de agosto de 2010

IDENTIDADE RACIAL BRASILEIRA: O MITO DA HARMONIA ÉTNICA NACIONAL






ESTUDANTES "MULATOS" NA COLÔMBIA

O antropólogo norte-americano Marvin Harris estava intrigado. Afinal qual era exatamente a cor de uma pessoa acastanhada? Ou alviescura, amarelada, alvirrosada? Passava os olhos pela lista divulgada nos anos 70 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnud), na qual os entrevistados declaravam a própria cor. Eram incríveis: alvarenta; alvarinta; alvinha; amarela; amarelo-queimada; amarelosa; amorenada; avermelhada; azul; baiana; bem-branca; avermelhada; branco-melada; branco-morena; branco-pálida; branco-queimada; branco-sardenta; branco-suja; branquinha; bronze. Estava estudando uma população no interior da Bahia. Ali, lançou uma questão que até hoje reverbera em solo nacional: who are white? (quem é branco?).

Para conseguir a resposta, teve que se investir de uma percepção refinada e um olho descondicionado – ajudava o fato de não ter nascido na terra dos múltiplos coloridos. A quantidade de declarações sobre a cor da pele mostrava que, mesmo em um Estado com alto índice de negros e mulatos como a Bahia, a população simplesmente não conseguia se dizer “branca” ou “negra”. Harris foi seguindo a trilha dessa multiplicidade de tons e percebeu que a cor estava claramente atrelada ao sucesso social de seu dono. Chegou a uma conclusão surpreendente, formulando assim um instigante esquema. Ele nos diz: um negro é um branco muito pobre; um mulato muito pobre; um mulato pobre; um negro muito pobre; um negro pobre; um negro medianamente rico. Já um branco é: um branco muito rico; um branco medianamente rico; um branco pobre; um mulato muito rico; um mulato medianamente rico; um negro muito rico.







É, sem dúvida, uma forma mais eficaz para lidar com a questão racial no País: ela não se localiza apenas no fenótipo, na aparência, mas perpassa também pela classe social do indivíduo. Significa dizer que o racismo no Brasil manifesta-se pelo branqueamento daqueles que agregam diferentes status e, ao contrário, o enegrecimento ou empardecimento daqueles sem prestígio social. Os psicólogos Marcus Eugênio Lima (Universidade Federal da Bahia) e Jorge Vala (Universidade de Lisboa) se muniram da análise de Harris para tentar decifrar essa rede complexa – e, por isso, nem sempre muito visível no trato cotidiano. “Estamos diante de um racismo camaleônico, que utiliza o notável caleidoscópio de cores que compõem a sociedade brasileira para construir um tipo de representação social que associa o fracasso à cor negra e o sucesso à cor branca. Essa forma brasileira de racismo pode fazer mudar subjetivamente a cor de um indivíduo a fim de manter intactas as crenças coletivas e as atitudes negativas associadas à categoria de pertença desse indivíduo.”

A cor também está veiculada àquilo que é associado ao que é negativo (preto) ou positivo (branco). A pesquisa empreendida pelo sociólogo Sérgio Adorno a partir dos boletins de ocorrências de crimes violentos em São Paulo durante os anos 90 traz uma assustadora conclusão: se o réu era inocentado pelas evidências, tornava-se “branco” nos registros. Já aqueles cujas evidências apontavam para a culpa eram descritos, mesmo tendo a pele clara, como “morenos” ou “negros”. Mas foi o vice-presidente do Instituto Cidadania Democrática (ICD/SP), Silvio Luiz de Almeida, quem conseguiu responder mais sucintamente à pergunta do assombrado Marvin Harris. Ao estudar o acesso à universidade e a emancipação dos afro-brasileiros, ele afirma: ser “branco”, no Brasil, não se refere apenas à cor da pele, mas a todo um conjunto de atitudes e de privilégios políticos e econômicos que nossa sociedade atribui aos que possuem uma aparência branca. E essa apar ência, como sabemos, pode ser construída de diversas maneiras, seja através do sucesso econômico, político, cultural. A falta de privilégios, por sua vez, confere simbólicos pigmentos, uma melanina brasileiríssima.




É por isso que são quase negros brancos como Maria José, que vive no quilombo do Castainho, em Garanhuns; o menino louro Esdras Gomes, morador dos alagados da Camboa, em Serrambi, aonde chegavam os navios repletos de escravos; as irmãs Jéssica e Gislaine, que moram à beira de um esgoto na Vila Massangana, a poucos metros do engenho onde Joaquim Nabuco viveu até os 8 anos de idade. São quase negros também a ex-prostituta e traficante Luciana, assim como o ex-presidiário Tomás, rapaz de olhos verdes que possui o mesmo nome do primeiro réu defendido por Nabuco. O Tomás de ontem era um negro fugitivo. O Tomás de hoje, um quase negro que tenta uma vaga no mercado de trabalho. Alguns deles passaram fome, outros pela falta de lugar para morar, pelo drama do abuso sexual. São desempoderados de pele alva, vivenciam uma existência de alto risco que os aproxima da maioria daqueles que passam pelo mesmo diário sufoco, os negros.

Há entanto, apesar do “enegrecimento social”, um capital com o qual todos estes claros podem contar e que os diferencia substancialmente dos pretos pobres: a brancura da própria pele. Mesmo sofrendo as dificuldades da falta de emprego, renda, moradia e saúde, eles conseguem, na rua, a olho nu, diferenciar-se positivamente. Aproximam-se, visualmente, da maioria daqueles que compõem as fatias economicamente mais privilegiadas do País, vide o ótimo trabalho do economista Marcelo Paixão, que criou para a Organização das Nações Unidas, em 2005, um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com recorte racial para mostrar a brutal diferença de existências no País. Se apenas o IDH dos brancos fosse levado em consideração, o Brasil ocuparia a 44ª posição entre os 174 países listados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Se apenas o IDH dos negros fosse listado, o Brasil iria parar no 105º lugar. São 61 posições de diferença.





Assim, estes brancos são donos da cor, mas não da realidade, da elite econômica do País. Por isso, quase negros. Quase porque, no cotidiano, têm menos chances de, por exemplo, serem abordados pela polícia. “Baculejo” em branco, mesmo pobre, é mais difícil. Eles são mais “raros” neste estrato: dos 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 70% são negros. Na entrevista para conseguir emprego, são eles os mais cotados para dar conta do item “boa aparência”, um dos filtros que mantêm a população negra afastada dos postos de trabalho. “Quando as pessoas olham uma criança branca pedindo na rua, comovem-se com mais facilidade, chama atenção, ‘olha, coitado, tão bonitinho, tem os olhos azuis’. Porque aquele não é o lugar para aquela criança, aquele é o lugar para o negro, é sempre ele que aparece nesta situação”, diz a professora Eliane Veras, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade F ederal de Pernambuco (UFPE). O capital da cor, única riqueza dos brancos pobres, também foi observado pelo antropólogo Kabengele Munanga, professor do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Ao defender o sistema de cotas nas universidades brasileiras, ele afirma: não há como tratar, falando de políticas públicas numa cultura e sociedade racista, igualmente os negros pobres e os brancos pobres, já que os primeiros são discriminados duas vezes, pela cor e pela condição socioeconômica, enquanto os últimos são discriminados uma única vez. Aqui, ressalta, não é possível acreditar em democracia racial: é preciso tratar tais grupos como profundamente desiguais (de acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007/2008, 4.027,710 brancos cursavam até 2006 o nível superior no Brasil, enquanto apenas 1.757,336 pretos e pardos acessaram o mesmo nível).





Enquanto a alvura pode livrar estes quase negros de alguns constrangimentos, a pobreza os mantém distintos, como aponta o cientista político Gustavo Venturi, da Fundação Perseu Abramo. Segundo ele, os pobres não negros não deixam de ser discriminados como pobres. E essa discriminação é provocada pelo próprio contexto social no qual, cada vez mais, o poder é traduzido na aquisição de bens materiais. “Essa experiência advém de um enraizamento cultural profundo de valores derivados de uma estrutura de classes historicamente muito desigual, valores que se expressam no menosprezo do trabalho braçal, que antes cabia aos escravos e depois se sustentou na abundância de mão de obra barata, desqualificada pela falta de oportunidade de estudo e de formação profissional. A discriminação contra pobres no Brasil alimenta-se também da exacerbação dos valores consumistas da nossa sociedade, que sobrevaloriza a aparência, traduzida em vestuário e adereços cons iderados símbolos de beleza e de sucesso. Em que pese a melhoria da distribuição de renda nos últimos anos, é evidente que essa lógica segue expondo milhões de brasileiros à discriminação social pelo simples fato de serem pobres.”

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SERVIÇO
Fontes: Atlas Racial Brasileiro (2004); Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil (2005): racismo, pobreza e violência (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/Pnud/ONU); Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas (Kabengele Munanga/USP); Normas sociais e racismo: efeitos do individualismo meritocrático e do igualitarismo na infra-humanização dos negros (Marcos Oliveira Lima e Jorge Vala); Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007/2008 (Laeser/UFRJ)



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4 de agosto de 2010

CALENDÁRIO JUDAICO - FESTIVAIS




Calendário judaico ou Hebraico (do hebraico הלוח העברי) é o nome do calendário utilizado para a determinação da data das festividades, dos serviços religiosos e de outros eventos da comunidade em Israel e na diáspora. O calendário hebraico é um calendário do tipo lunar baseado nos ciclos da Lua, composto alternadamente por 12 ou 13 meses de período igual ao de uma “lunação” (Ciclo completo da lua), de forma a que o primeiro dia de cada mês é sempre o primeiro dia de lua nova. Nos tempos bíblicos, a determinação dos tempos era realizada pela observação direta de testemunhas designadas para este fim, método seguido pelos Caraítas até os dias de hoje, os quais determinam o primeiro mês do ano como “Abib”.


O método atual entre os judeus rabínicos, no entanto, é um calendário fixo criado devido à necessidade de um calendário permanente para comunidades que vivessem fora de Israel (Diáspora). Este calendário tem base lunar, mas ajusta-se pelo calendário solar (enquanto o Calendário antigo ajustava-se pela maturação da colheita) para a inclusão de um novo mês, além de determinar o início do ano no mês de Tishrei.
Os meses Judáicos funcionam como os meses do calendário Juliano, sendo que existem alguns meses que têm menos dias.



O calendário dos judeus é direcionado pela Lua, enquanto o dos cristãos, por consequência de Roma, é movido pelo Sol, pois naquela época Roma era pagã e servia ao Deus Sol (Sol Invictus = Sol Invencível). O culto ao deus pagão Sol Invictus também deu origem às comemorações de Natal (Natalis Invictus = Nascimento do Invencível) em 25 de dezembro (Solstício = Dia mais longo do ano na Europa), data oficial do nascimento da entidade pagã (Versão romana do deus babilônico Mithra). Durante a conversão em massa do império romano ao Cristianismo, após a conversão do Imperador Constantino, passou a marcar o nascimento de Jesus Cristo. Em decorrência, a data cristã é incompatível com o calendário original judaico.


Em sintese, o calendario judaico é diferente do juliano, pois ele é religioso, ou seja, foi feito para que os dias das festas judaicas sejam respeitados. O calendário judaico tem 6 meses de 29 dias e 6 meses de 30 dias, como a uma perda de dias em relação ao ano solar são acrescentados de três em três anos um mês a mais para compensar a perda. O calendario juliano é solar e o judaico é lunisolar, em tem regras definidas para que determindas festas começem na estação certa, por exemplo, o primeiro dia do ano não pode ser no domingo esse é úm exemplo hipotético, mas existem diversas regas e para entende-lo é necessário estudar bastante.

MESES DO CALENDÁRIO JUDAICO E SUAS DURAÇÕES

Nomes hebraicos dos meses e seus correspondentes babilônicos:

Número Hebraico Duração Análogo babilônico:

1 Nissan
30 dias Nisanu ou Aviv no Tanakh

2 Iyar
29 dias Ayaru ou Ziv no Tanakh

3 Sivan
30 dias Simanu
4 Tammuz
29 dias Du`uzu
5 Av
30 dias Abu
6 Elul
29 dias Ululu Mês em que se toca o Shofar
7 Tishrei
29 dias Tashritu chamado Eitanim no Tanakh
8 Heshvan
29 ou 30 dias Arakhsamna às vezes chamado Marcheshvan (Amargo Cheshvan); chamado de Bul no Tanakh
9 Kislev
29 ou 30 dias Kislimu às vezes chamado Chislev
10 Tevet
30 dias Tebetu
11 Shevat
30 dias Shabatu
12 Adar I
29 dias Adaru
13 Adar II
29 dias Adaru


DIAS DA SEMANA:

Número Dia Hebraico Nome em hebraico:
1 Yom Rishon
2 Yom Sheni
3 Yom Shlishi
4 Yom Revi’i
5 Yom Ḥamishi
6 Yom Shishi
7 Yom Shabbat


FESTAS JUDAICAS

Yom Tov ou festival é um dia, ou vários dias observados pelos Judeus como uma comemoração sagrada ou secular de um importante evento da História Judaica. Em Hebraico, os feriados e os festivals judaicos, dependendo da sua natureza, são chamados de yom tov ("dia bom"), chag ("festival") ou taanit ("jejum").
As origens das várias festas judaicas geralmente encontra-se nas mitzvot (mandamentos bíblicos), decreto rabínico, ou na moderna história de Israel.


HOSH HASHANAH – O ANO NOVO JUDAICO

O Rosh Hashaná é o “Ano Novo Judaico” e “Dia do Julgamento”, no qual Deus julga cada pessoa individualmente de acordo com as suas ações e estabelece um decreto para o próximo ano. O festival é caracterizado pela mitzvah (mandamento) especial de tocar o shofar (Espécie de instrumento sonoro feito com o chifre de um animal).
. Durante um número variável de dias antes de Rosh Hashaná, entre os Judeus Ashkenazim (Origem europeia), e todo o mês de Elul entre os Judeus Sefarditas (Origem portuguesa, espanhola ou do norte da África), são acrescentadas rezas especiais nas orações matinais, conhecidas como Selichot.

. Erev Rosh Hashanah (véspera do primeiro dia) — 29 Elul
. Rosh Hashanah (ראש השנה‎, em Hebraico) — 1–2 Tishrei

Rosh Hashanah - Considerado pela Mishná como o novo ano para calcular os anos do calendário, leis de shmita (ano sabático) e o Jubileu, dízimos de vegetais, e plantação de árvores (para determinar a idade de uma árvore).
De acordo com uma opinião da Torah Oral (a tradição oral judaica), a criação do Mundo foi completada no Rosh Hashaná. A recitação de Tashlikh ocorre durante a tarde do primeiro dia. O Judaísmo ortodoxo celebra dois dias de Rosh Hashaná, tanto em Israel como na Diáspora. Os dois dias juntos são considerados um yoma arichta, um "dia longo" único. Um número significativo de comunidades judaicas reformistas celebra apenas um dia de Rosh Hashaná.


ASERET YEMEI TESHUVA — DEZ DIAS DE ARREPENDIMENTO

Os primeiros dez dias do ano judaico (desde o começo de Rosh Hashaná até ao fim de Yom Kippur) são conhecidos como Aseret Yemei Teshuva. Durante este período é "extremamente apropriado" para os Judeus praticar Teshuvá (arrependimento, literalmente 'retorno'), a qual consiste em examinar as suas próprias acções e arrepender-se dos erros cometidos tanto contra Deus e o próximo, em antecipação do Yom Kippur. Este arrependimento pode tomar a forma de súplicas adicionais, confissão das próprias ações diante de Deus, jejum e auto-reflecção. No terceiro dia, o Tzom Gedalia.

YOM KIPPUR — DIA DO PERDÃO

Yom Kippur é considerado pelos Judeus como o mais santo e solene dia do ano. Nele, é dado especial ênfase ao perdão e à reconciliação. Comer, beber, tomar banho, untar-se com óleo, e relações íntimas são proibidas. O jejum começa ao pôr-do-sol, e termina depois da caída da noite no dia seguinte. Os serviços religiosos de Yom Kippur começam com a reza conhecida como Kol Nidrei, que tem de ser recitada antes do pôr-do-sol. Kol Nidrei, que em Aramaico significa "todos os votos", é a anulação pública de votos ou juramentos religiosos feitos por judeus durante o ano anterior. Apenas diz respeito a votos não cumpridos, feitos entre a pessoa e Deus, e não cancela ou anula os votos feitos entre pessoas.
A Talit (um xaile de orações de quatro pontas) é colocado para as rezas da noite; a única reza noturna do ano em que isso é feito. A Ne'ilá é um serviço religioso especial realizado apenas no dia de Yom Kippur e prende-se com o encerramento da festividade. O Yom Kippur termina com o toque do shofar, que marca a conclusão do jejum. É sempre observado como uma festividade de um dia apenas, tanto em Israel como nas comunidades da Diáspora judaica.

SUCOT – A FESTA DOS TABERNÁCULOS

Sucot (סוכות ou סֻכּוֹת sucōt) é um festival que dura 7 dias, também conhecido como a Festa dos Tabernáculos. É um dos três festivais de peregrinação mencionados na Bíblia. A palavra sucot é o plural da palavra hebraica sucá, que significa literalmente “Cabana”. Os Judeus são ordenados a residir em cabanas durante o período da festa. Isto geralmente significa comer as refeições, mas alguns dormem também na sucá. Existem regras específicas para construir uma sucá. O sétimo dia do festival é chamado Hoshaná Rabá.

. Erev Sucot — 14 Tishrei
. Sucot (חג הסוכות‎) — 15–21 Tishrei (22 fora de Israel)

SHEMINI ATZERET E SIMCHAT TORÁ

Simchat Torá (שמחת תורה) significa "Alegria da Torá". Na verdade refere-se a uma cerimónia especial que tem lugar no feriado de Shemini Atzeret. Este feriado segue-se imediatamente à conclusão do festival de Sucot. Em Israel, Shemini Atzeret dura um dia e inclui a celebração de Simchat Torá. Fora de Israel, Shemini Atzeret é uma festa de dois dias e Simchat Torá é observado no segundo dia, o qual é em geral referido pelo nome da cerimónia.
A última porção da Torá é lida, completando o ciclo anual de leituras, seguido do primeiro capítulo do Génesis. Os serviços religiosos são especialmente festivos e todos os presentes, jovens e adultos, tomam parte na celebração. Um dos costumes mais populares é a retirada dos rolos da Torá da Arca Sagrada e dançar com eles na sinagoga. Em algumas comunidades, as danças ocorrem também pelas ruas

CHANUCÁ — FESTIVAL DAS LUZES

. Erev Chanucá — 24 Kislev
. Chanucá (חנוכה‎) — 25 Kislev – 2 or 3 Tevet
A história de Chanucá é preservada nos dois Livros dos Macabeus. Estes livros não são parte do Tanach (Bíblia Hebraica). Eles são considerados livros apócrifos. O milagre do pote de óleo de um dia ter, milagrosamente, durado oito dias, é descrito no Talmude.
Chanucá marca a derrota das forças do Império Seleucida (Grego) que tentaram evitar que o Povo de Israel praticasse o Judaísmo. Judas Macabeu e os seus irmãos destruíram as forças poderosas e fizeram a rededicação religiosa do Templo de Jerusalém. Os oito dias do festival são marcados pelo acendimento de velas — uma na primeira noite, duas na segunda noite, e assim sucessivamente — usando um candelabro especial chamado “Chanukkiá” ou “Menorá de Chanucá”.
Existe o costume de dar dinheiro às crianças em Chanucá para comemorar o estudo da Torá às escondidas, quando os Judeus se reuniam no que parecia uma atividade de jogo naquele tempo, uma vez que a Torá estava proibida. Por causa disto, existe também o custome de jogar com o dreidel (Espécie de pião chamado “sevivon” em hebraico).

DEZ DE TEVET

Este pequeno jejum marca o começo do cerco à Jerusalém, tal como é descrito no Livro dos Reis 25:1.
“E aconteceu que no nono ano do seu reinado, no décimo mês, no décimo dia do mês, que Nebucodonossor Rei da Babilônia veio, ele e todo o seu exército, contra Jerusalém, e acampou contra ela; e eles construiram fortes à sua volta”.
Como um pequeno jejum, é requerido jejuar da aurora ao anoitecer, mas outras leis do luto judaico não são observadas. A leitura da Torá e da Haftará, e uma reza especial durante a Amidá, são acrescentadas nas rezas de Shacharit e Minchá.


TU BISHVAT - NOVO ANO DAS ÁRVORES

. Tu Bishvat (חג האילנות - ט"ו בשבט‎) — 15 Shevat
Tu Bishvat é o ano novo para as árvores. De acordo com a Mishná, ele marca o dia em que os dízimos da fruta são contados em cada ano. Além disso, marca o ponto em que são contadas tanto a proibição bíblica de comer os frutos das árvores nos seus três primeiros anos e a obrigação de trazer a orlá (fruto do quarto ano) ao Templo de Jerusalém. Nos tempos modernos, é celebrado comendo vários frutos e nozes associadas à Terra de Israel. Também é costume organizar a plantação de árvores, em especial com as crianças.
Durante os anos 1600, o Rabbi Yitzchak Luria de Safed (Sfat) e os seus discípulos criaram um pequeno seder (Ceia), chamado Hemdat ha Yamim, reminiscente do seder que os Judeus cumprem em Pessach, e que explora os temas cabalísticos da festividade.

PURIM – LIVRO DE ESTHER

. Erev Purim e Jejum de Ester conhecido como "Ta'anit Ester" — 13 Adar
. Purim (פורים‎) — 14 Adar
. Shushan Purim — 15 Adar
. Nos anos bissextos do calendário judaico, Purim é observado no Segundo mês de Adar (Adar Sheni).

Purim comemora os eventos descritos no Livro de Ester. Esta festa é celebrada pela leitura pública na sinagoga da história da Rainha Ester, durante a qual se fazem fortes ruídos cada vez que é mencionado o nome de Haman. Em Purim é tradição usar disfarces e máscaras e distribuir os Mishloach Manot (entrega de presentes de comida e bebida) aos pobres e necessitados. Em Israel, também é tradição organizar marchas festivas, conhecidas como Ad-De'lo-Yada, nas ruas principais das cidades. Por vezes, as crianças mascaram-se e representam a história de Ester para os seus pais.

NOVO ANO DOS REIS

. Novo Ano dos Reis — 1 Nisan.
Apesar de Rosh Hashaná marcar a mudança do ano no calendário, Nisan é considerado o primeiro mês do calenário judaico. A Mishná indica que o ano do reinado dos reis judeus era contado a partir de Nisan nos tempos bíblicos. Nisan é também considerado o começo do ano em termos da ordem das festividades.
Junto com este Ano Novo, a Mishná define outros três Anos Novos legais:

. Primeiro de Elul, Ano Novo para os dízimos dos animais,
. Primeiro de Tishrei (Rosh Hashaná), o Ano Novo para o ano do calendário e para os dízimos dos vegetais,
. Quinze de Shevat (Tu Bishvat), o Novo Ano das Árvores e dos dízimos das frutas.

PESSACH — A SAÍDA DOS ISRAELISTAS DO EGITO

. Erev Pesach e Jejum dos Primogénitos conhecido como Ta'anit Bechorim — 14 Nissan,
. Pessach/Páscoa (פסח) (primeiros dois dias) — 15 (and 16) Nissan,
. O "Último dia de Pessach", conhecido como Acharon shel Pessach, é também uma festa que comemora Keriat Yam Suf, a Passagem do Mar Vermelho. — 21 (and 22) Nissan,
. Os dias semi-festivos entre os "primeiros dias" e "últimos dias" de Pessach são conhecidos como Chol HaMoed, ou seja os "Dias Intermediários".

Pessach comemora a libertação dos escravos Israelitas do Egito. Nenhum alimento fermentado é comido durante a semana de Pessach, em comemoração ao fato de os Judeus terem saído tão apressadamente do Egito, que o seu pão não teve tempo suficiente para levedar (Crescer).
O primeiro Seder de Pessach começa ao pôr do sol do dia 15 de Nissan. Na Diáspora, um segundo seder é realizado na noite de 16 de Nissan. Na segunda noite, os Judeus começam a contar o omer. A Contagem do Omer coincide com a contagem dos dias, desde o tempo em que os Judeus deixaram o Egito até ao dia em que chegaram ao Monte Sinai.

SEFIRAH — CONTAGEM DO OMER

. Contagem do Omer (ספירת העומר, Sefirat Ha'Omer)
Sefirá é o período de 49 dias ("sete semanas") entre Pessach e Shavuot; é definido pela Torá como o período durante o qual oferendas especiais deviam ser levadas ao Templo em Jerusalém. O Judaísmo ensina que isto torna física a ligação espiritual entre Pessach e Shavuot.

LAG BA'OMER

Lag Ba'Omer (ל"ג בעומר, literalmente "33 do Omer") é o 33º dia da contagem do Omer. ל"ג é o número 33 em Hebreu. As restrições de luto em relação a atividades alegres existentes no período do Omer são levantadas em Lag Ba'Omer e há normalmente celebrações com churrascos, fogueiras e brincadeiras com arcos e flechas para as crinças. Em Israel, nos dias anteriores à festa, os jovens costumam reunir materiais para fazer grandes fogueiras ao ar livre.

NOVAS FESTAS NACIONAIS ISRAELITAS/JUDAICAS

Desde a criação do Estado de Israel em 1948, o Rabinato Chefe de Israel estabeleceu quatro novas festividades judaicas:

. Yom Yerushalayim — Dia de Jerusalém
. Yom HaShoah — Dia da Memória do Holocausto
. Yom Hazikaron — Dia da Memória pelos Soldados
. Yom HaAtzmaut — Dia da Independência de Israel

Estes quatro dias são feriados nacionais no Estado de Israel e, em geral, são aceitos como feriados religiosos pelos seguintes grupos: o Rabinato Chefe do Estado de Israel, The Union of Orthodox Congregations and Rabbinical Council of America (União das Congregações Ortodoxas e o Conselho Rabínico da América; The United Hebrew Congregations of the Commonwealth (Congregações Hebraicas Unidas da Comunidade Britânica Reino Unido); todo o Judaísmo Reformista e Conservador; The Union for Traditional Judaism (União para o Judaísmo Tradicional) e o movimento Reconstrucionista judaico.
Essas quatro datas não são aceitas como feriados religiosos pela maioria do Judaísmo Charedi (Ultra-ortodoxo), que inclui o Judaísmo Hassídico. Estes grupos veêm esses dias como festas nacionais israelitas seculares, por isso, eles não celebram estas festas.

YOM HASHOÁ — DIA DA MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO

. Yom HaShoá (יום הזכרון לשואה ולגבורה‎) — 27 Nisan.
O Yom HaShoá é também conhecido como o Dia da Memória do Holocausto, e tem lugar no dia 27 de Nissan.
Em Israel, por todo o país, tocam as sirenes durante dois minutos, em memória dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. É costume o trânsito parar nas cidades e os condutores sairem de seus carros e ficarem de pé, em silêncio, durante o toque da sirene. Cerimônias especiais são realizadas no Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém. As escolas têm programas especiais nesse dia, com palestras de sobreviventes do Holocausto, que contam as suas histórias às crianças.

YOM HAZIKARON — DIA DA MEMÓRIA DOS SOLDADOS

. Yom Hazikaron (יום הזכרון לחללי מערכות ישראל‎) — 4 Iyar.
Yom Hazikaron é o dia de memória em honra dos veteranos e soldados israelenses “caídos” (mortos) nas guerras de Israel. O dia memorial também comemora os civis mortos em atos de terrorismo.

YOM HAATZMAUT — DIA DA INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL

. Yom HaAtzmaut (יום העצמאות‎) — 5 Iyar.
Yom HaAtzmaut é o Dia da Independência de Israel. Uma cerimônia official é realizada anualmente na véspera do Yom HaAtzmaut no Monte Herzl, em Jerusalém. A cerimónia inclui discursos dos mais importantes dignitários israelenses, uma apresentação artística, uma marcha de soldados com bandeiras que formam figuras elaboradas (como uma Menorá, uma “Magen David” (Estrela de Davi) e o número que representa a idade do Estado de Israel), e o acendimento de doze tochas (uma por cada Tribo de Israel). Dezenas de cidadãos de Israel, que contribuíram significativamente para o Estado, são selecionados para acender essas tochas.
Pequenas cerimônias idênticas são realizadas em todas as localidades do país, com a ativa participação das crianças e jovens. É costume as famílias realizarem churrascos nos parques das cidades.

YOM YERUSHALAIM — DIA DE JERUSALÉM

. Yom Yerushalayim (יום ירושלים‎) — 28 Iyar.
O Dia de Jerusalém marca a reunificação de Jerusalém e o Monte do Templo sob o domínio judaico, durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, quase 1900 anos depois da destruição do Segundo Templo em Jerusalém.

SHAVUOT — FESTA DAS SEMANAS — YOM HABIKURIM

. Erev Shavuot — 5 Sivan.
. Shavuot (שבועות‎) — 6 Sivan (na Diáspora também no dia 7).

Shavuot, a Festa das Semanas (ou Dia de Pentecostes, na terminologia cristã), é um dos três festivais de peregrinação (Shalosh regalim) ordenados na Torá. Shavuot marca o fim da contagem do Omer, o período entre Pessach e Shavuot. De acordo com a tradição rabínica, os Dez Mandamentos foram dados neste dia ao Povo de Israel reunido na base do Monte Sinai. Durante esta festa, a porção da Torá que contém os Dez Mandamentos é lida na sinagoga, assim como o Livro de Rute. É tradição comer alimentos lácteos durante Shavuot.

DEZESSETE DE TAMUZ

O dia 17 de Tamuz tradicionalmente marca a primeira brecha das muralhas de Jerusalém durante a ocupação romana, na Época do Segundo Templo.
Por ser um dia de jejum menor, é requerido jejuar do nascer ao pôr do sol, mas outras leis do luto não são observadas. Nos serviços religiosos de Shacharit (reza matinal) e de Minchá (reza da tarde), são acrescentadas a leitura da Torá e a leitura da Haftará, e uma reza especial na Amidá.

AS TRÊS SEMANAS E OS NOVE DIAS

. As Três Semanas (Ben Hametzarim): de 17 de Tamuz (Tsom shiv'á asar betamuz) a 9 de Av(Tishá BeAv)
. Os Nove Dias: 1 – 9 de Av
. (Também 10 de Tevet)
Os dias entre 17 de Tamuz e 9 de Av são dias de luto, em lembrança do colapso de Jerusalém durante a ocupação romana que ocorreu entre estas datas. Tradicionalmente, os casamentos e outras ocasiões festivas não são realizadas durante este período. Um elemento adicional é acrescentado neste tempo, durante os últimos nove dias, entre 1 e 9 do mês de Av — os religiosos abstêm-se de comer carne e beber vinho, exceto no Shabbat ou numa Seudat Mitzvá (uma refeição de mitzvá, tal como um Pidion Haben, que é a celebração do reconhecimento de um recém-nascido ou a conclusão do estudo de um texto religioso). Da mesma forma, é costume não cortar o cabelo durante este período.


TISHA BEAV — NOVE DE AV

. Tisha BeAv (צום תשעה באב‎) — 9 de Av.
Tisha B'Av é o jejum e dia de luto que comemora dois dos mais trágicos eventos da História Judaica que ocorreram no dia 9 do mês de Av — a destruição perpetradas pelos babilônicos, no ano 586 antes da Era Comum, do Templo de Salomão, ou Primeiro Templo de Jerusalém, e a destruição do Segundo Templo, no ano 70 da nossa era, pelos Romanos. Outras calamidades na História Judaica também tiveram lugar em Tisha BeAv, incluindo o édito do Rei Eduardo I, que forçava os Judeus a deixar a Inglaterra em 1290, e o Decreto de Alhambra, ou Édito de Expulsão dos Judeus de Espanha, pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492.

DÍZIMO DE ANIMAIS

. Ano Novo para os Dízimos de Animais — 1 Elul.
Esta comemoração não é observada atualmente. Este dia foi estabelecido pela Mishná como o Ano Novo para os dízimos de animais, o que equivalia a um novo ano para o pagamento de impostos.

ROSH CHODESH — O NOVO MÊS

O primeiro dia de cada mês e o trigésimo dia do mês precedente, se ele tiver 30 dias, é (nos nosso tempo) uma festividade menor conhecida como Rosh Chodesh (a cabeça do mês). A única excepção é o mês de Tishrei, cujo começo é uma festividade solene e importante, Rosh Hashaná. Exitem também rezas especiais que são ditas no momento em que se observa a Lua Nova pela primeira vez em casa mês.

SHABBAT — O SÁBADO

A Halachá, ou Lei Judaica, atribui ao Sábado o estatuto de festival. Os Judeus celebram o Shabbat, um dia de descanso, no sétimo dia de cada semana. A Lei Judaica define que o término do dia ocorre ao anoitecer, que é quando o dia seguinte começa. Assim, o Shabbat começa ao pôr-do-sol de sexta-feira, e termina ao início da noite de Sábado.
Em muitos aspectos, a Halachá (Lei Judaica) atribui ao Shabbat o nível do dia sagrado mais importante do calendário judaico.

. É o primeiro dia santo mencionado no Tanach (Bíblia Hebraica), e Deus foi o primeiro a observá-lo, através da finalização da Obra da Criação do Mundo.
. A liturgia judaica trata o Shabbat como “noiva” e “rainha”.
. A leitura da Torá no Sabbath tem mais aliyot do que em Yom Kippur, a mais solene celebração do calendário.
. Existe a tradição que o “Mashiach” (O ungido) (o Messias Judeu) chegará se todos os Judeus cumprirem duas vezes o Shabbat.

VARIAÇÕES NA OBSERVÂNCIA

As denominações do Judaísmo Reconstrucionista e do Judaísmo Reformista geralmente consideram a Lei Judaica em relação a estas festas como importante, mas não obrigatória. O Judaísmo Ortodoxo e o Judaísmo Conservador defendem que a Halachá em relação a estas dias é ainda normativa, ou seja, obrigatória.
Existe um número de diferenças na prática religiosa entre os Judeus Ortodoxos e Conservadores, porque estas duas denominações têm diferentes perspectivas de compreensão do processo de como a Halachá se desenvolveu ao longo do tempo e, da mesma forma, como ela pode ainda desenvolver-se. Os Judeus Reformistas, em geral, não observam o segundo dia das festas judaicas na Diáspora.

3 de julho de 2010

RESGATANDO OS VESTÍGIOS DA DIÁSPORA JUDAICA EM BARBADOS - CARIBE

Fonte: Patricia Borns, correspondente do Globo | 01 de junho de 2008



Michael Stoner, um arqueólogo da Carolina do Sul, foi cavar nas imediações da Sinagoga Nidhe Israel, entre as mais antigas sinagogas no Hemisfério Ocidental desde a sua fundação em 1654 por judeus sefaraditas expulsos da então colônia de Portugal, o Brasil

Bridgetown, Barbados - Se Baruch Spinoza vivesse hoje, ele teria que engolir suas palavras. "Nada restava deles, nem mesmo a memória", disse o filósofo do século 17 sobre os judeus da Espanha e Portugal, que durante a Inquisição foram expulsos ou forçados a assumir identidades cristãs.
Mas aqui na capital, Michael Stoner, um arqueólogo da Carolina do Sul, foi cavar nas imediações da Sinagoga Nidhe Israel, entre as mais antigas sinagogas no Hemisfério Ocidental desde a sua fundação em 1654 por judeus sefaraditas expulsos da então colônia de Portugal, o Brasil. Planejava recuperar a casa de um rabino enterrado no estacionamento da sinagoga, mas encontrei outra coisa, disse o arqueólogo. "Era segunda-feira e eu estava trabalhando sozinho quando dois turistas israelenses caminharam até mim", recorda Stoner. "Eles observaram por um minuto, em seguida, um deles disse: 'micvê" (Espécie de 'piscina' ritual).

Assim foi. Micvê, um banho ritual de purificação do corpo, outrora tão importantes para a vida judaica que a sua construção era uma prioridade maior do que uma sinagoga. Durante as próximas três semanas, toneladas de entulho foram retiradas e uma escada toda de granito e mármore surgiu,
levando até o banho construído no século 17. Medindo cerca de 8 metros por 4 metros, o espaço é pavimentado com granito vermelho, azulejos e ladeada por nichos onde as lâmpadas teriam sido
colocadas. A fonte que alimentava o banho ainda está ativa e a água ainda pura.
"Eu não esperava isso. Nada. Nada", disse Stoner, um aluno de Doutorado na Universidade West
Indies - UWI, um dos três campi, cuja sede fica em Barbados.
A escavação realizada pelo departamento da universidade da história e foi somente possível com o apoio da comunidade judaica local e do magnata britânico Michael Tabor e sua esposa, Doreen, que
possuem uma casa na ilha. 


Enquanto a comunidade judaica em Barbados caiu, hoje, para somente 16 famílias, um cemitério ao lado do sítio arqueológico atesta a presença de judeus sefaraditas. As inscrições nas sepulturas em português e data hebraica marcando o início dos anos 1600, quando os judeus brasileiros especializados no comércio do açúcar foram recebidos na ilha, uma vez que buscavam uma nova cultura de exportação.
"Os sefaraditas possuíam o conhecimento tão necessário e capital de base ", disse Karl Watson, um arqueólogo e professor da UWI, que dirigiu a escavação e pesquisa a vida judaica em Barbados, enquanto recolhe material para seu próximo livro. "Você pode crescer a grama, mas se você não pode processar um bom produto, você estará desperdiçando seu tempo. 




No auge do açúcar boom, cerca de 800 judeus, prosperaram no transporte e comércio nos polos de Bridgetown e Speightstown. No entanto, até o século 20, os sinais de sua presença foram todos perdidos.
A escrita privilegia a manutenção da história no cemitério local. Influenciado por instituições sediadas em Boston (MA), o museu utiliza multimídia interativa que visa interpretar a vida judaica na ilha desde o início até os dias atuais. Entretanto, a escavação continua com a lavagem e catalogação de milhares de artefatos descobertos, incluindo pedaços de pedra e de um molde de joalheiro. (Reproduções das pulseiras serão vendidas na loja do museu).
Peneirando a terra, Stoner recorda uma escavação que fez na Carolina do Sul, onde descobriu a primeira casa de Charleston, datada em 1678. A cerâmica encontrada no local o levou para a ilha do Caribe, onde escava desde então.
"Eu trabalhei em alguns projetos interessantes, mas esta é a descoberta mais importante encontrar que eu já fiz ", disse ele.

28 de junho de 2010

O ANTI-SEMITISMO HISTÓRICO

Livro: Recapitalando a Profecia



PRISIONEIROS JUDEUS NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE BUCHENWALD - 1938


À pergunta: "Por que ainda hoje a Europa é tão inimiga dos judeus?", o escritor israelense Ephraim Kishon respondeu:

Por que o mundo é tão pró-palestino? Por que ama os palestinos? Não, mas por ser contra os judeus. Eu disse a um amigo curdo que a revolta deles está fadada ao fracasso desde o princípio, porque eles não lutam contra os judeus. O anti-semitismo é uma doença atávica e patológica. (nai 11/99)

Isso significa que o anti-semitismo é "uma doença renitente, em contínuo desenvolvimento, impossível de ser controlada". Realmente, não houve nenhuma década do século 20 em que não tivessem acontecido manifestações e abusos mais ou menos intensos contra os judeus. A seguir apresentamos apenas alguns exemplos típicos do que aconteceu com os judeus durante a história:

. O anti-semitismo na história:

Após os dois levantes judeus de 70 e 135 d.C., sufocados pelos romanos da maneira mais brutal, tentou-se eliminar o nome da pátria judaica, mudando o de Jerusalém para "Aélia Capitolina" e transformando a Judéia em "Palestina Síria", para que não houvesse mais lembrança dos judeus. Por volta de 160 d.C., Justino, o Mártir, condenou os judeus como "filhos de meretrizes". Em 200 d.C., Tertuliano escreveu o primeiro manifesto cristão sistemático contra os judeus. Ele também já tinha passado a considerar a Igreja como sendo o verdadeiro e eterno Israel. Depois disso foram publicados muitos outros panfletos anti-judeus por Pais da Igreja. Em 250, Cipriano, um dos Pais da Igreja, escreveu: "O diabo é o pai dos judeus". Mais tarde, essa acusação passou a ser encontrada constantemente no anti-judaísmo cristão. Em 325, no Concílio de Nicéia – pela primeira vez em um concílio –, não foram convidados bispos judeus-cristãos. A festa da Páscoa foi transferida para o domingo após pessach (a páscoa judaica) com a justificativa: "Seria o cúmulo da falta de reverência seguirmos as tradições dos judeus nesta maior de todas as festas. Não devemos ter nada em comum com esse povo abominável".

Em 387 d.C. teve início a maior campanha de instigação cristã contra os judeus de que se tem notícia na Antiguidade – e ela foi patrocinada pelo Pai da Igreja João Crisóstomo, a partir de Antioquia (Síria). Ele disse, por exemplo, que a sinagoga era "lugar de blasfêmia, asilo do diabo e castelo de Satanás". Em 415, o bispo Agostinho de Hipona escreveu que os judeus carregam eternamente a culpa pela morte de Jesus. Em decorrência, o monge Barzauma instigou uma perseguição aos judeus em Israel, quando inúmeras sinagogas foram destruídas. Em 538 foi vetada a entrada de judeus nas guildas (associações de mutualidade formadas na Idade Média entre as corporações de operários, negociantes ou artistas), restando à maioria deles apenas a opção do comércio. Em 613 foi dado um ultimato a todos os judeus da Espanha: batismo ou desterro. Posteriormente, o Sínodo de Toledo ordenou que todos os judeus "renegados" fossem executados nas fogueiras da Inquisição.

Em 1021, Roma foi sacudida por um terremoto na Sexta-Feira da Paixão. Em conseqüência, judeus foram presos e acusados de terem furado uma hóstia com um prego. Eles foram torturados e queimados na fogueira. Em Paris, no ano de 1240, foram queimados publicamente por monges dominicanos todos os exemplares disponíveis do Talmude. Essa foi a primeira queima oficial de escritos judaicos pela igreja católica. Em 1348 a "peste negra" (peste bubônica) se alastrava pela Europa, dizimando um terço da população. Os judeus foram acusados de envenenar as fontes de água, causando a epidemia. O papa Clemente VI expediu uma bula em que declarava todos os judeus inocentes dessa acusação, mas não foi possível impedir que, em quase todas as localidades nas quais havia uma comunidade judaica, irrompessem "pogroms" matando inúmeros judeus. Em 1401 foram queimados vivos 48 judeus em Schaffhausen (Suíça). Em 1431 o Concílio de Basiléia determinou que os judeus tinham de viver separados dos cristãos. Desse modo surgiram em muitas cidades os bairros judeus, mais tarde chamados de "guetos".

. Martin Lutero contra os judeus:

Em 1523 Lutero escreveu que Jesus era "judeu de nascimento". Ele empenhou-se para que os judeus fossem tratados de maneira amistosa, para levá-los à conversão. Vinte anos depois, em 1543, decepcionado porque os judeus não se convertiam à fé evangélica, Lutero lançou seu manifesto anti-judaico "Sobre os Judeus e Suas Mentiras". Nesse livro ele propunha que as sinagogas deveriam ser queimadas. Pouco tempo mais tarde, o príncipe da Saxônia expediu um rigoroso mandato anti-judaico, tendo por base os escritos de Lutero.

. O pensador Voltaire contra os judeus:

Em 1756 o filósofo francês Voltaire lançou suas "Obras Completas", contendo uma série de violentas passagens anti-semitas. Em 1879 o alemão Wilhelm Marr fundou a Liga Anti-Semita; ele é considerado o criador da expressão "anti-semitismo". Em 1880 o "filósofo do anti-semitismo" Eugen Dühring publicou sua obra "A questão judaica como questão de raça, nociva à cultura e à existência dos povos". Ele escreveu:
A origem do desprezo generalizado pelos judeus reside em sua absoluta inferioridade em todos as áreas intelectuais... Trata-se de uma raça inferior e degenerada. É tarefa dos povos nórdicos "arianos" exterminar raças parasitárias desse tipo, assim como costumamos exterminar cobras e outros predadores.

. Escritor Richard Wagner contra os judeus:


Em 1881 Richard Wagner publicou um ensaio onde recomendava o anti-semitismo político e classificava os judeus de "demônio causador da decadência da humanidade". Em 1903 eram publicados pela primeira vez, em São Petersburgo, os "Protocolos dos Sábios de Sião", profundamente anti-semitas. Os "Protocolos", escritos por anti-semitas cristãos, falam de uma conspiração mundial judaica para o domínio do mundo. Infelizmente, desde então houve e há muitos que sucumbiram às mentiras dos "Protocolos dos Sábios de Sião", dando-lhes mais crédito que às verdades bíblicas. Certa vez até recebi uma pregação gravada em fita atacando o judaísmo, na qual o pregador se baseava nos "Protocolos", vangloriando-se de tê-los em seu poder. Em 1905 foi fundada a "União do Povo Russo", de cunho anti-semita.

. Perseguição e morte aos judeus:

Em 1918 foram afogados no mar em Ialta 900 judeus pelas mãos de anti-semitas e em Sebastopol (Criméia) todos os líderes judeus foram assassinados. Em 1922 o ministro do Exterior da Alemanha, Walther Rathenau (o primeiro judeu a ocupar esse cargo), foi assassinado por anti-semitas. Mais tarde Hitler anunciava: "o extermínio dos judeus será minha prioridade ao assumir o poder. Eles não sabem proteger-se a si mesmos e ninguém vai apresentar-se como seu protetor". Em 1938 aconteceu a chamada "Noite dos Cristais" na Alemanha, quando 191 sinagogas e inúmeras instalações judaicas foram destruídas, 91 judeus foram assassinados e 30.000 arrastados para campos de concentração. Durante a Segunda Guerra Mundial foram mortos seis milhões de judeus. (Israel Heute)

. O anti-semitismo na atualidade:

Deveríamos ter aprendido da história. Mas o contrário parece estar acontecendo. Em ritmo crescente ouvem-se novamente manifestações anti-semitas de políticos europeus. Na Rússia os judeus temem abusos anti-semitas e as pressões da União Européia e dos EUA sobre Israel aumentam. Isso sem considerar o comportamento das nações islâmicas contra o povo judeu.

. O silêncio de Hillary Clinton:

Quando Hillary Clinton, esposa do então presidente dos EUA, esteve em Israel, causou perplexidade o fato dela não ter reagido a uma manifestação anti-semita da esposa de Arafat, simplesmente ignorando suas palavras e prosseguindo com a programação. Suha Arafat tinha afirmado em uma entrevista coletiva:
Israel envenena o ar e a água dos palestinos em Gaza, na Judéia e Samaria. Dessa forma os israelenses desencadearam câncer em muitas mulheres e crianças palestinas. Elas morreram dessa efermidade.
Hillary Clinton não reagiu, levantou-se, abraçou Suha Arafat depois dela encerrar suas declarações, e fez o discurso que havia preparado. A senhora Clinton foi duramente criticada nos Estados Unidos e em Israel por não ter reagido a um ataque tão forte contra Israel. Em Israel as afirmações de Suha Arafat desencadearam uma onda de indignação. Muitos vêem nisso o retorno de uma acusação anti-semita por demais conhecida: os judeus envenenam os poços. (IN)
Algumas semanas após o trágico acidente com um avião da "Egypt Air" em 31 de outubro de 1999, a imprensa egípcia, leal ao governo, não hesitou em lançar a culpa do acidente sobre Israel. (IN)

O QUE É ANTI-SEMITISMO?


A forte e eficiente propaganda nazista fez com que a população alemã tomasse ódio pelos judeus, assim, as pessoas foram convencidas de que eliminá-los era conveniente para a nação

Anti-semitismo é a ideologia de aversão cultural, étnica e social aos judeus. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo escritor anti-semita Wilhelm Marr, em 1873, surgindo como uma forma de eufemizar a palavra alemã "Judenhass", que significava “ódio aos judeus”. Ao pé da letra, o termo “anti-semita” é errôneo, visto que os árabes também são“semitas”, descendentes de Sem, filho de Noé. No entanto, a palavra se refere unicamente ao povo judeu. Desde o fim do século XI, os judeus eram segregados na Alemanha, embora o anti-semitismo em si tenha surgido a partir da década de 1870.

O QUE É RACISM0?

Fonte: Internet



A escravização dos povos da Europa oriental e a perseguição aos judeus eram as provas pretendidas pelos nazistas da superioridade da raça ariana sobre os demais grupos.


O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré concebidas onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade e ao complexo de inferioridade, se sentindo, muitos povos, como sendo inferiores aos europeus.

. FILOSOFIA:

O racismo é um preconceito contra um “grupo racial”, geralmente diferente daquele a que pertence o sujeito, e, como tal, é uma atitude subjetiva gerada por uma sequência de mecanismos sociais. Um grupo social dominante, seja em aspectos econômicos ou numéricos, sente a necessidade de se distanciar de outro grupo que, por razões históricas, possui tradições ou comportamentos diferentes. A partir daí, esse grupo dominante constrói um mito sobre o outro grupo, que pode ser relacionado à crença de superioridade ou de iniquidade.
Nesse contexto, a falta de análise crítica, a aceitação cega do mito gerado dentro do próprio grupo e a necessidade de continuar ligado ao seu próprio grupo levam à propagação do mito ao longo das gerações. O mito torna-se, a partir de então, parte do “status quo”, fator responsável pela difusão de valores morais como o "certo" e o "errado", o "aceito" e o "não-aceito", o "bom" e o "ruim", entre outros. Esses valores são aceitos sem uma análise onto-axiológica do seu fundamento, propagando-se por influência da coerção social e se sustentando pelo pensamento conformista de que "sempre foi assim".
Finalmente, o mecanismo subliminar da aceitação permite mascarar o prejuízo em que se baseia a discriminação, fornecendo bases axiológicas para a sustentação de um algo maior, de posturas mais radicais, como as atitudes violentas e mesmo criminosas contra membros do outro grupo.
Convém ressaltar que o racismo nem sempre ocorre de forma explícita. Além disso, existem casos em que a prática do racismo é sustentada pelo aval dos objetos de preconceito na medida em que também se satiriza racialmente e/ou consente a prática racista, de uma forma geral. Muitas vezes o racismo é consequência de uma educação familiar racista e discriminatória.

. HISTÓRIA:

O racismo tem assumido formas muito diferentes ao longo da história. Na antiguidade, as relações entre povos eram sempre de vencedor e cativo. Estas existiam independentemente da raça, pois muitas vezes povos de mesma matriz racial guerreavam entre si e o perdedor passava a ser cativo do vencedor, neste caso o racismo se aproximava da xenofobia. Na Idade Média, desenvolveu-se o sentimento de superioridade xenofóbico de origem religiosa.
Quando houve os primeiros contatos entre conquistadores portugueses e africanos, no século XV, não houve atritos de origem racial. Os negros e outros povos da África entraram em acordos comerciais com os europeus, que incluíam o comércio de escravos que, naquela época, era uma forma aceite de aumentar o número de trabalhadores numa sociedade e não uma questão racial.
No entanto, quando os europeus, no século XIX, começaram a colonizar o Continente Negro e as Américas, encontraram justificações para impor aos povos colonizados as suas leis e formas de viver. Uma dessas justificações foi a ideia errônea de que os negros e os índios eram "raças" inferiores e passaram a aplicar a discriminação com base racial nas suas colônias, para assegurar determinados "direitos" aos colonos europeus. Àqueles que não se submetiam era aplicado o genocídio, que exacerbava os sentimentos racistas, tanto por parte dos vencedores, como dos submetidos, como os índios norte-americanos que chamavam os brancos de "Cara pálidas".
Os casos mais extremos foram a confinação dos índios em reservas e a introdução de leis para instituir a discriminação, como foram os casos das leis de Jim Crow, nos Estados Unidos da América, e do apartheid na África do Sul.




. FORMAS DE RACISMO:

Século XIX - explicação "científica"
No século XIX houve uma tentativa científica para explicar a superioridade racial através da obra do conde de Gobineau, intitulada Essai sur l'inégalité des races humaines (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas). Nesta obra o autor sustentou que da raça ariana nasceu a aristocracia que dominou a civilização européia e cujos descendentes eram os senhores naturais das outras raças inferiores.
Racismo nos Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos da América, o racismo chega a extremos contra os negros, índios, asiáticos e latino-americanos, em especial no sul do país. Até 1965, existiam leis, como as chamadas leis de Jim Crow, que negavam aos cidadãos não-brancos toda uma série de direitos. Leis existiam proibindo casamento interraciais e segregando as raças em transporte público e banheiros públicos. Assim mesmo que uma pessoa não fosse racista, ela estava proibida de casar com alguém de outra raça.
Além disso, muitos negros foram linchados e queimados vivos sem julgamento, sem que os autores destes assassinatos fossem punidos, principalmente pelos membros de uma organização, a Ku Klux Klan (KKK), que defendia a “supremacia branca”. Essa organização ainda existe naquele país, alegadamente para defender a liberdade de expressão e liberdade de se expressar sua supremacia branca daquele grupo social. A KKK surgiu como uma reação à abolição dos escravos nos Eua e o revanchismo praticado pelos ex escravos aliados aos nortistas (yankees) após a Guerra de Secessão nos Eua. Filmes pró sulistas como E o Vento Levou, Santa Fe Trail, The Undefeated, O nascimento de uma nação e Jezebel denunciam esse revanchismo que deu origem a KKK. Atualmente a KKK ainda existe e sofre perseguição nos EUA.
Paralelamente, desenvolveram-se grupos de supremacia negra, como o "Black Power" (em português, “Poder Negro”) e a organização "Nation of Islam", a que pertenceu Malcolm X.

. O NAZISMO:

Em 1899, o inglês Houston Stewart Chamberlain, chamado de O antropólogo do Kaiser, publicou na Alemanha a obra Die Grundlagen des neunzehnten Jahrhunderts (Os fundamentos do século XIX). Esta obra trouxe o mito da raça ariana novamente e identificou-a com o povo alemão.
Alfred Rosenberg também criou obras que reforçaram a teoria da superioridade racial. Estas foram aproveitadas pelo programa político do nazismo visando à unificação dos alemães utilizando a identificação dos traços raciais específicos do povo dos senhores. Como a raça alemã era bastante miscigenada, isto é, não havia uma normalidade de traços fisionômicos, criaram-se então raças inimigas, fazendo desta forma surgir um sentimento de hostilidade e aversão dirigido a pessoas e coisas estrangeiras. Desta forma, os nazistas usaram da xenofobia associada ao racismo atribuindo a indivíduos e grupos sociais atos de discriminação para amalgamar o povo alemão contra o que era diferente. A escravização dos povos da Europa oriental e a perseguição aos judeus eram as provas pretendidas pelos nazistas da superioridade da raça ariana sobre os demais grupos diferentes e raciais também.
Os trabalhos de geneticistas, antropólogos, sociólogos e outros cientistas do mundo inteiro derrubaram por terra toda e qualquer possibilidade de superioridade racial, e estes estudos culminaram com a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Embora existam esforços contra a prática do racismo, esta ainda é comum a muitos povos da Terra. Uma demonstração vergonhosa para o ser humano sobre o racismo ocorreu em pleno século XX, a partir de 1948 na África do Sul, quando o apartheid manteve a população africana sob o domínio de um povo de origem européia. Este regime político racista acabou quando por pressão mundial foram convocadas as primeiras eleições para um governo multirracial de transição, em abril de 1994.

. Genética:

Embora existam classificações raciais propostas pelas mais diversas correntes científicas, pode-se dizer que a taxonomia referência uma oscilação de cinco a duas centenas de raças humanas espalhadas pelo planeta, além de micro-raças regionais, locais ou geográficas que ocorrem devido ao isolamento de grupos de indivíduos que cruzam entre si.
Portanto, a separação racial torna-se completamente irracional em função das composições raciais, das miscigenações, recomposições e padronizações em nível de espécie que houve desde o início da caminhada da humanidade sobre o planeta.
De acordo com Guido Barbujani, um dos maiores geneticistas contemporâneos:

“A palavra raça não identifica nenhuma realidade biológica reconhecível no DNA de nossa espécie, e que portanto não há nada de inevitável ou genético nas identidades étnicas e culturais, tais como as conhecemos hoje em dia. Sobre isso, a ciência tem idéias bem claras”.

A genética demonstra que a variabilidade humana quanto às combinações raciais pode ser imensa. Mas as diferentes adaptações ocorridas a nível racial não alteraram sua estrutura quanto espécie.
Desta forma, a unidade fundamental da espécie humana a nível de macro análise permanece imutável, e assim provavelmente permanecerá apesar das diferenças raciais num nível de microanálise.
Todas as raças provêm de um só tronco, o Homo sapiens, portanto o patrimônio hereditário dos humanos é comum. E isto por si só não justifica o racismo, pois as raças não são nem superiores, nem inferiores, são apenas diferentes.
O racismo pode ser pensado como uma “adoção de uma visão equivocada da biologia humana ”, expressa pelo conceito de ‘raça’, que estabeleceu uma justificativa para a subordinação permanente de outros indivíduos e povos, temporariamente sujeitos pelas armas, pela conquista, pela destituição material e cultural, ou seja, pela pobreza ”, como conceitua Antônio Sérgio Alfredo Guimarães.
Atualmente ramos do conhecimento científico como a Antropologia, História ou Etnologia preferem o uso do conceito de Etnia para descreverem a composição de povos e grupos identitários ou culturais.

. Racismo e xenofobia:

Muitas vezes o racismo e a xenofobia, embora fenômenos distintos, podem ser considerados paralelos e de mesma raiz, isto é, ocorre quando um determinado grupo social começa a hostilizar outro por motivos torpes. Esta antipatia gera um movimento onde o grupo mais poderoso e homogêneo hostiliza o grupo mais fraco, ou diferente, pois o segundo não aceita seguir as mesmas regras e princípios ditados pelo primeiro. Muitas vezes, com a justificativa da diferença física, que acaba se tornando a base do comportamento racista.
Leis racistas têm sido feitas em diversos países com a intenção de punir racismo contra os negros. Leis antiracistas existem apesar da cientistas da área de Biologia atualmente dizerem que não existem raças.

. Antimestiço:

Uma forma de racismo menos conhecida, que consiste na crença de que a miscigenação gera indivíduos inferiores aos de "raça pura", seja a ambos, como defendia Louis Agassiz, seja a um deles, como defendia Gobineau. Uma forma atual de racismo tem ocorrido como reação ao racismo contra negros e de indígenas e asiáticos que consiste negar a identidade mestiça e a defesa de que as populações 'pardas' fazem de sua condição de mestiça, exigindo-se que as populações mestiças sejam tratadas como negras, indígenas ou brancas, negando sua peculiaridade. O Movimento Negro no Brasil não aceita o termo "mulato" nem aceita o "Movimento Mestiço" e o grupo "Nação Mestiça".

. Internet:

Valendo-se, ao mesmo tempo, da possibilidade de anonimato e do alcance a milhões de internautas, o racismo tem se espalhado de maneira intensa pelo mundo digital. Com discursos racistas, revisionistas ou neonazistas, milhares de sites, blogs, comunidades virtuais do Orkut e MySpace, disseminam o ódio racial e a intolerância.
O primeiro crime virtual de racismo no Brasil ocorreu em meados do ano de 1997 na cidade de Juiz de Fora (MG) em que os computadores de uma universidade foram utilizados para a divulgação de várias mensagens preconceituosas contra negros e homossexuais em uma lista de discussão sobre sexualidade instalada Unicamp. O episódio que, por vários dias, ocupou as manchetes dos jornais do país ficou conhecido como o caso rancora.
A divulgação do racismo, mesmo pela internet, trata-se de um crime, conforme é caracterizado pela legislação brasileira. Alguns sites advogam o direito à liberdade de expressão e afirmam não se considerarem racistas, expressarem apenas opiniões. Outros sugerem maneiras de como manter o material distante das autoridades competentes. Por esta característica, muitos sites, principalmente os disponibilizados em provedores gratuitos são retirados do ar, para em seguida reaparecerem, múltiplos em três ou quatro servidores novos, inclusive em domínios estrangeiros. Um dos sites pesquisados, afirma exatamente isto: para cada site retirado do ar, assume-se o compromisso de disponibilizar, pelo menos, três novos. Isso evidencia uma rede.
Segundo o Ministério Público do estado de São Paulo, estão ativas no Orkut mais de cinquenta comunidades que pregam a violência a negros, judeus e asiáticos.

. A mulher negra:

É evidente a distinção entre mulheres e homens no mercado de trabalho, principalmente em relação a mulher negra. Esse preconceito tem suas raízes na escravidão, que, apesar de ter sido abolida há décadas, ainda tem influência nas relações sociais, no modo de pensar e de ver o outro e a si mesmo.
O preconceito contra a mulher sempre foi tão incutido na sociedade, que gerou nelas mesmas uma visão auto-depreciativa de sua posição nas relações sociais e como tal no mercado de trabalho.
Com a criação do movimento feminista e depois de muitas lutas, as mulheres conquistaram alguns direitos e de certa forma algumas barreiras sociais foram quebradas. Porém, a atual situação das mulheres não sofreu muitas alterações.
No mercado de trabalho as mulheres ainda ocupam cargos inferiores em relação aos homens, isto se comprova através de estudos recentes, revelando que para elas alcançarem os mesmos cargos que os homens, em empregos formais, necessitam de uma vantagem de cinco anos de escolaridade. Esses dados agravam-se quando relacionados à mulheres negras, que necessitam de oito a onze anos de estudo a mais em relação aos homens.




. Perspectivas jurídicas contemporâneas:

. Brasil:

A Constituição de 1988 tornou a prática do racismo crime sujeito a pena de prisão, inafiançável e imprescritível. A legislação brasileira já definia, desde 1951, com a Lei Afonso Arinos (lei. 1.390/51), os primeiros conceitos de racismo, apesar de não classificar como crime e sim como contravenção penal (ato delituoso de menor gravidade que o crime). Os agitados tempos da Regência, na década de 1830, assinalam o anti-racismo no seu nascedouro quando uma primeira geração de brasileiros negros ilustrados dedicou-se a denunciar o "preconceito de cor" em jornais específicos de luta (a "imprensa mulata"), repudiando o reconhecimento público das "raças" e reivindicando a concretização dos direitos de cidadania já contemplados pela Constituição de 1824.

. Estados Unidos:

Nos Eua, a situação se inverteu nas últimas décadas, de leis que regulavam o racismo, passou-se a ter leis anti-racistas:
Nos Estados Unidos, 44 dos 50 estados possuem leis punindo explicitamente a discriminação racial. Os únicos estados que não possuem tais leis são Arkansas, Geórgia, Indiana, Carolina do Sul, Utah e Wyoming.
No nível federal dos EUA, algumas leis também punem os crimes motivados pelo racismo, tais como a Lei da Acomodação Justa (The Fair Housing Act) de 1968, aplicável à discriminação racial no aluguel, compra ou venda de imóveis; e a Lei de Aumento das Penas para Crimes de Ódio (The Hate Crimes Sentencing Enhancement Act), de 1994, aplicável a ataques racistas em propriedades federais ou parques nacionais.

. França:

Na França, o artigo 225-1 do Código penal francês define como discriminação “toda distinção operada entre pessoas físicas (ou jurídicas) em razão de (...) seu pertencimento ou não-pertencimento, verdadeiro ou suposto, a uma etnia, nação, raça ou religião determinada”. O artigo 225-2 pune tal discriminação com 3 anos de prisão e 45 mil euros de multa, quando ela ocorre em função da recusa no fornecimento de um bem ou serviço, no entrave ao exercício normal de qualquer atividade econômica, na recusa de empregar, demitir ou aposentar uma pessoa, ou na subordinação de uma oferta de emprego, de um pedido de estágio ou de um curso de formação na empresa a tais características discriminatórias.

. Índia:

O sistema de castas existente no país tem sido apontado como uma forma de racismo, mas a posição oficial do governo afirmada publicamente numa conferência mundial da ONU contra o racismo é que "as questões de casta não são as mesmas do racismo".
A hierarquização das castas como algo inevitável não é consensual na Índia e o fato de indivíduos de algumas castas consideradas "inferiores" terem conseguido poder político tem ajudado a minorar os efeitos da segregação tradicional.
Embora alguns refiram um "apartheid escondido" em termos estritamente legais essa prática não é sancionada, pelo contrário, há políticas de discriminação positiva de castas consideradas inferiores.

. Israel:

Em 1975, por pressão dos países árabes e com o apoio dos soviéticos, o sionismo foi considerado uma forma de racismo pela Resolução 3379 da Assembleia Geral das Nações Unidas. No entanto, em 1991, essa acusação foi eliminada pela Resolução 4686 da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em 2002, o Parlamento israelense aprovou uma lei que nega aos cidadãos de origem árabe do país o direito de conviver com seus cônjuges caso contraiam matrimônio com palestinos, pois a estes será recusada a permissão de residência no país. Esta lei se baseia na Torá Deuteronômio 7:3 que a lei israelense segue e que diz: "nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos". A lei foi questionada na justiça por diversas entidades de direitos humanos e em 15 de maio de 2006 foi confirmada pela Suprema Corte de Israel.

. Portugal:

De acordo com o novo Código Penal em vigor desde 15 de Setembro de 2007, qualquer forma de discriminação com base na raça ou etnia é punível. Da mesma forma são penalizados grupos ou organizações que se dediquem a essa discriminação assim como as pessoas que incitem a mesma em documentos impressos ou na Internet.
A legislação portuguesa aplica-se igualmente a outras formas de discriminação como religiosa, de local de origem e orientação sexual.
. União Europeia
A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia garante ao cidadão europeu, em seu artigo 21º (item 1), a proibição da discriminação por motivo de raça, cor ou origem étnica, entre outras formas de discriminação ali previstas.

. BIBLIOGRAFIA:

• France Winddance Twine (1998): Racism in Racial Democracy - The Maintenance of White Supremacy in Brazil. Rutgers University Press, New Brunswick, NJ.
• Rebecca Reichmann (ed.) (1999): Race in Contemporary Brazil - From Indifference to Inequality. Pennsylvania State University Press, College Park, PA.
(2003): Blackness Without Ethnicity: Constructing Race in Brazil. Palgrave Macmillan
• Michael Hanchard (ed.) (1999): Racial Politics in Contemporary Brazil. Duke University Press: Durham, NC.
• Melissa Nobles (2000): Shades of Citzenship - Race and the Census in Modern Politics. Palo Alto, CA: Stanford University Press.