27 de setembro de 2008

OS JUDEUS DE NILÓPOLIS - RJ

Documentário descortina o processo de colonização polonesa na cidade da Baixada Fluminense, após 1920

Jornal do Brasil - Histórias que devem ser contadas - Ricardo Schott



Autora do livro Vivência judaica em Nilópolis (Imago), a polonesa Esther London, morta em 2007 aos 92 anos, é um dos fios condutores do documentário Judeus em Nilópolis, do jornalista Radamés Vieira, ainda sem data de lançamento. O vídeo conta a história de 300 famílias judias que se estabeleceram no município da Baixada Fluminense a partir de 1920. As famílias, incluindo a de Esther (que foi para lá assim que se casou, com um polonês, no Brasil), mesmo passando por sérias dificuldades financeiras, praticamente desbravaram o município, montando uma numerosa comunidade e até construindo uma sinagoga, a Tiferet Israel, fechada desde 1970.

– Um dos objetivos do documentário é chamar a atenção do poder público para a necessidade da preservação dessa sinagoga. É um prédio histórico, completamente abandonado – diz Vieira, orgulhoso de ter conseguido entrevistar Esther a tempo. – Ela me inspirou muito, tinha uma memória fantástica. Falou a respeito da chegada dos judeus ao Brasil, das coisas que não existiam na Polônia. E eles foram responsáveis pelo começo da urbanização do município.

Filho de Esther, o engenheiro Pedro London lembra, saudoso, da comunidade.

– Lá se falavam quatro línguas: português, polonês, hebraico e iídiche. E havia detalhes singulares – recorda. – Hoje não há judeus sapateiros ou mecânicos. Havia vários, até porque a profissão de sapateiro era valorizada na Polônia. E ainda havia convivência entre imigrantes judeus e árabes, que também viviam na região.

A colonização em Nilópolis ocorreu quando já havia vários judeus em locais centrais do Rio, como a Praça 11. Também havia judeus em bairros como Madureira e Méier. Mas o município da Baixada Fluminense tornou-se o epicentro dos imigrantes. Boa parte deles vinha da Polônia, numa época em que a Rússia czarista perseguia a população judaica. Eles se estabeleceram nos arredores da Avenida General Mena Barreto, no Centro de Nilópolis.

– A Praça 11 já estava superlotada. E os terrenos em Nilópolis eram baratos. Além disso, pela linha férrea, era o primeiro município após o Rio – diz o diretor, que promoveu um encontro de ex-moradores judeus da cidade (alguns já morando em Israel há décadas) que começava com uma viagem de trem. – Também lançamos em português o livro Novos lares, editado em íidiche em 1932 por Adolfo Kischinevisky, que morava em Nilópolis. O livro foi traduzido pela Sara Morelenbaum, mãe do (violoncelista) Jaques.

Vieira, que não é judeu, mas morava em Nilópolis na época em que a cidade era habitada por muitos judeus, pôs-se a correr atrás de personagens. Entre telefonemas e viagens internacionais, reencontrou amigos de infância, como Chaim Litewski, hoje jornalista em Nova York, e descobriu que pessoas conhecidas, como a atriz Teresa Rachel e o secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, são judeus de Nilópolis.

– Com exceção de poucos, os judeus não têm relação com a cidade desde os anos 70 – lembra Vieira. – Hoje ficaram só a sinagoga e o cemitério comunal Israelita de Nilópolis, construído em 1935.

Vieira, que teve apoio financeiro do Centro da Cultura Judaica (da Casa de Cultura de Israel), aguarda a finalização do documentário. Já foram gastos R$ 100 mil na realização e faltam R$ 50 mil terminá-lo. Ele crê que o filme pode servir para dirimir lugares-comuns.

– Os judeus progrediram, sim. Mas, no Brasil, tiveram toda uma história de luta, que as pessoas não conhecem – conta.

07 de julho de 2008 : 01h00m.

25 de setembro de 2008

DENOMINAÇÕES JUDAICAS: MOVIMENTO ORTODOXO

JUDAÍSMO ORTODOXO.


Jovem "haredi" (Ortodoxo em Hebraico) examina um "Etrog" (Fruta aromática da família do limão), usada durante as comemorações do "Sukkot" (Festa dos Tabernáculos)

Nos EUA o judaísmo ortodoxo representa cerca de 10% dos judeus filiados. Judeus ortodoxos aceitam integralmente a Halachá e, diferentemente dos judeus conservadores/massortís, entendem que ela não é passível de modificação. A ortodoxia entende que as 613 mitsvót contidas na Torá são obrigatórias para todos os judeus. Eles acreditam que a Torá foi revelada diretamente por D-us; em decorrência disso, as suas leis são divinas e devem ser obedecidas. Assim, os ortodoxos são os mais tradicionais entre todos os grupos judaicos. Homens e mulheres sentam-se separados por uma mechitzá (divisória) nos serviços religiosos; somente os homens compõem o minián (quorum mínimo de dez homens judeus adultos para a realização de um serviço religioso público) e sobem ao púlpito para ler na Torá. Não é permitido andar de carro no Shabat nem para ir à sinagoga e não há rabinas ortodoxas. Na prática, os judeus ortodoxos tendem a cumprir as leis judaicas em áreas como manter o Shabat e seguir uma dieta casher.

As exigências para a conversão ortodoxa são as mesmas que as do judaísmo conservador/massortí. A principal diferença entre eles é que os rabinos ortodoxos geralmente não aceitam as conversões praticadas por rabinos não-ortodoxos (conservadores/massortís e reformistas), pois não reconhecem o bet din (corte religiosa) formado para avaliar os conhecimentos e a convicção do candidato. Este fato tem causado uma polêmica considerável dentro da comunidade judaica, e é importante que os candidatos potenciais à conversão estejam cientes deste problema.

As dificuldades surgem em casos específicos. Aqui vai um exemplo: uma mãe nascida não-judia foi convertida por um rabino não-ortodoxo e se casou com um homem judeu. Os filhos deste matrimônio foram criados como judeus, são considerados judeus pela comunidade em geral, mas não pelo movimento ortodoxo, pois a conversão da mãe não é reconhecida pelos ortodoxos (os filhos de uma mãe judia são automaticamente considerados judeus, mesmo que não tenham sido criados como judeus). Conseqüentemente, se um desses filhos desejar se casar com uma pessoa ortodoxa, um rabino ortodoxo se recusará a celebrar o casamento sem uma prévia conversão ortodoxa. Os rabinos ortodoxos não celebram nem comparecem a um casamento ecumênico.



Cabe ressaltar que, em Israel, as conversões realizadas por todos os movimentos (ortodoxo, conservador/massortí e reformista) dentro e fora do Estado de Israel são legalmente reconhecidas, conferindo aos convertidos o direito de Aliá, a Lei de Retorno, que defende o direito de todo judeu morar em Israel. No entanto, o judaísmo ortodoxo é o único movimento cujos casamentos feitos em Israel são reconhecidos oficialmente; os casamentos feitos pelos demais movimentos só são reconhecidos em Israel se forem realizados no exterior.

Há diversas organizações ortodoxas ao redor do mundo, com práticas diferentes. A Orthodox Union é a maior delas. No Brasil não há um website específico para todo o movimento; a organização mais conhecida é o Beit Chabad, que também tem alguns websites regionais.

DENOMINAÇÕES JUDAICAS: MOVIMENTO REFORMISTA

Uma das verdadeiras dificuldades que as pessoas que procuram o Judaísmo têm é decidir qual movimento escolher

Os judeus reformistas aceitam a lei judaica, porém colocam ênfase na autonomia moral dos indivíduos que decidem quais leis têm significado religioso para eles



No Brasil, fala-se em três movimentos principais; além destes, há o que podemos chamar de instituições religiosas tradicionais não filiadas a nenhum dos movimentos mas que carregam as tradições de onde vieram seus fundadores (Rússia, Romênia, Bessarábia, Hungria, Portugal, Egito, Líbano, etc.); bem como alguns judeus que não se filiam a nenhum dos grupos.

Judaísmo Reformista/Progressista

Nos EUA os reformistas representam cerca de 45% dos judeus filiados e são o maior grupo judaico norte-americano. No Brasil não há estatísticas a respeito, mas trata-se de um grupo minoritário. Embora não haja dados estatísticos precisos, acredita-se que a maioria dos judeus filiados sejam conservadores/massortí, e provavelmente a parcela de ortodoxos seja maior aqui do que nos EUA. É muito grande o número de judeus não-praticantes e/ou não filiados a quaisquer dos movimentos.

Lei Judaica

Os judeus reformistas aceitam a lei judaica, porém colocam ênfase na autonomia moral dos indivíduos que decidem quais leis têm significado religioso para eles. No judaísmo reformista, o estudo da Torá, do Talmud e da Halachá são estimulados e considerados a fonte maior da tradição judaica, com o foco maior nas ações sociais e éticas baseadas nos escritos dos profetas.

É importante mencionar que todos os movimentos judaicos apóiam e mantêm inúmeras entidades de cunho social, pois o conceito de tsedacá, justiça social, é fundamental dentro do povo judeu e considerado uma mitsvá, um mandamento.
Hebraico e vernacular

Geralmente, o serviço religioso reformista nem sempre é feito inteiramente em hebraico, como nos movimentos ortodoxo e conservador/massortí; muitas orações são feitas na língua natal e podem ser incluídos textos inspiradores. Assim como no movimento conservador/massortí, o serviço religioso é igualitário: homens e mulheres sentam-se juntos nos serviços religiosos, compõem o minián (quorum mínimo de dez pessoas judias adultas para a realização de um serviço religioso público) e sobem ao púlpito para ler na Torá. Pode-se andar de carro no Shabat para ir à sinagoga e as mulheres podem ser ordenadas como rabinas.
Flexibilidade

O movimento reformista é muitas vezes considerado, inclusive por alguns dos seus próprios membros, como o mais flexível em termos de práticas religiosas. Por exemplo, a dieta casher é estimulada, mas não obrigatória. Atualmente todas as instituições judaicas reformistas oferecem comida casher dentro de suas sedes, numa tendência geral, dentro do movimento, de retorno às práticas tradicionais.
Matrilinearidade/patrilinearidade

O judaísmo reformista aceita a matrilinearidade (filhos de uma mãe judia são judeus), mas defende também a patrilinearidade sob certas condições. Assim sendo, considera também que os filhos de um pai judeu com uma mãe não-judia são judeus desde que tenham sido criados dentro do judaísmo, participem da vida judaica e se identifiquem publicamente como judeus por meio de diversas ações religiosas formais. Portanto, para o movimento reformista os filhos de um casamento desta natureza não precisam se converter para serem reconhecidos como judeus.

O reconhecimento da patrilinearidade não é compartilhado pelos movimentos conservador/massortí e ortodoxo, que não reconhecem esses filhos como judeus. Conservadores e ortodoxos seguem apenas a matrilinearidade, ou seja, só reconhecem como judeus os filhos de uma mãe judia, seja ela nascida judia ou convertida de acordo com cada movimento. O potencial de problemas aqui é óbvio.
Conversões



Uma das etapas da cerimônia de conversão ao Judaísmo: Mulher imersa no "Mikveh" (Banho ritual)

O movimento reformista conta com o maior número de convertidos entre todos os movimentos. Famílias compostas por casamentos inter-religiosos são aceitas, e nos EUA há um programa efetivo para alcançar e incluir estas famílias no meio judaico.

As conversões realizadas por rabinos reformistas, dentro e fora de Israel, são reconhecidas pelo Estado de Israel, conferindo aos convertidos o direito de Aliá, a Lei de Retorno, que defende o direito de todo judeu morar em Israel.

Para mais informações, visite os websites do Movimento Reformista e da World Union for Progressive Judaism (WUPJ). No Brasil a única organização a representar o movimento reformista é a WUPJ for Latin America (em português, inglês e espanhol).
PERIGO: JUDAÍSMO MESSIÂNICO




Nenhuma denominação judaica oficial (Ortodoxa, Conservadora, Reformista e Reconstrucionista) reconhece o "Judaísmo Messiânico", que foi fundado em meados do Século XX por evangélicos. Seus seguidores não têm direito à Lei do Retorno (Aliah)


IMPORTANTE! Por fim, é fundamental ressaltar que o chamado "judaísmo messiânico" não é um movimento judaico. Apesar de assim se auto-intitular, não faz parte do povo judeu e é completamente estranho ao mesmo, uma vez que nega a Unicidade de D-us (um dos princípios fundamentais do judaísmo) e desconsidera inúmeros requisitos necessários para a identificação do Messias. Esta premissa é compartilhada por todos os movimentos: “judaísmo messiânico” não é judaísmo.

Os fundadores do "Judaísmo Messiânico" sequer foram judeus





Créditos:

Texto adaptado do site em inglês www.convert.org com a permissão de Barbara Shair
Tradução: Fábio Lacerda
Edição: Adriana Lacerda, Uri Lam e Mariane Dinis
Adaptação para o judaísmo brasileiro: Uri Lam
Agradecimentos especiais: Uri Lam, Mariane Dinis e Fernanda Goulart

DENOMINAÇÕES JUDAICAS: MOVIMENTO CONSERVADOR (MASORTI)

Movimento "Masorti" (Tradicional em Hebraico) - O Movimento masorti é o nome dado a linha conservadora do judaísmo pelo Estado de Israel.



Corrente do Judaísmo. Surgido ao final do século XIX o Movimento Conservador ficou conhecido como a denominação “do meio” no Judaísmo americano do século XX. Ou seja, um meio termo entre a “esquerda” religiosa representada pelo Movimento Reformista e a “direita” representada pela Ortodoxia. O judaísmo conservador, também conhecido como judaísmo Masorti, é uma denominação moderna do judaísmo que surgiu nos Estados Unidos, no início do séc. XX.


O judaísmo conservador se caracteriza por:

* Um comprometimento com as leis e costumes judaicos tradicionais
* Um ensinamento deliberadamente não fundamentalista dos princípios judaicos de fé.
* Uma atitude positiva frente à cultura moderna.
* Uma integração dos métodos rabínicos tradicionais de estudo e com o método cientifico modernos.

O judaísmo conservador tem suas raízes na escola de pensamento conhecida como judaísmo histórico positivo, desenvolvido na Alemanha nos idos de 1850, como reacção às posições religiosas mais liberais assumidas pelo judaísmo reformista. O termo conservador foi escolhido para indicar que os judeus devem conservar a tradição judaica, ao invés de reformá-la ou abandoná-la. O termo não implica em que os participantes do movimento sejam politicamente conservadores. Dado este potencial para confusão, um número de rabinos conservadores propôs renomear o movimento (dentro) e fora dos Estados Unidos, ele é conhecido como judaísmo Masorti (termo hebraico para “Tradicional”).



HISTÓRIA:

Como o judaísmo reformista, o movimento conservador desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos, no séc. XIX, quando os judeus reagiram às mudanças advindas do Iluminismo e da emancipação judaica. Na Europa o movimento era conhecido por judaísmo histórico positivo, e ainda é conhecido como “escola histórica.”

O judaísmo histórico positivo, o precursor do judaísmo conservador, desenvolveu-se como uma escola de pensamento entre 1840 e 1850, na Alemanha. Seu principal fundador foi o Rabino Zecharias Frankel, que rompeu com o judaísmo reformista alemão em 1845, pela rejeição do movimento reformista à primazia da língua hebraica nas orações judaicas. Em 1854, Frankel tornou-se o chefe do Seminário Teológico Judaico de Breslau, Alemanha. No seminário, Frankel ensinava que a lei judaica não era estática, ao contrário, sempre se desenvolvera em resposta à mudança de condições. Ele chamou seu enfoque de “Judaísmo Histórico Positivo”, que significa que a pessoa deveria ter uma atitude positiva na aceitação da lei e tradição judaicas como normativas, ainda que devesse estar aberto ao desenvolvimento da lei do mesmo modo como ela sempre se desenvolveu historicamente. Frankel rejeitava as inovações do judaísmo reformista como sem base suficiente na história judaica e na prática comunitária.

Entretanto, o uso por Frankel de métodos modernos de estudo histórico na análise de textos judaicos e desenvolvimento da lei judaica, colocaram-no à parte do judaísmo neo-ortodoxo, que estava se desenvolvendo na mesma época sob a liderança do Rabino Samson Raphael Hirsch. Na segunda metade do séc. XIX, os debates ocorridos no judaísmo europeu replicaram nos Estados Unidos. O judaísmo conservador começou, de maneira semelhante, como uma reacção à rejeição do judaísmo reformista à lei e à prática judaicas tradicionais. As diferenças entre as vertentes mais modernas e tradicionais do judaísmo americano vieram à tona em 1883, no “Trefa Banquet” – onde crustáceos e outros pratos não casher foram servidos na celebração da formatura da primeira classe do Hebrew Union College, em Cincinnati. A adopção da Plataforma ideológica radical de Pittsburgh, em 1885, que rejeitava a observância dos mandamentos rituais e das idéias de povo judeu e a nacionalidade judaica como “anacronismo”, criou um permanente atrito entre o movimento reformista e os judeus americanos mais tradicionais. Em 1886, os rabinos Sabato Morais e H. Pereira Mendes fundaram o Seminário Teológico Judaico (JTS), na cidade de Nova York, como uma alternativa mais tradicional ao Seminário Reformista Hebrew Union College. A breve afiliação do seminário com as congregações tradicionais que estabeleceram a União das Congregações Ortodoxas da América, em 1898, deveu-se fortemente à rejeição ortodoxa do enfoque académico, ou seja a possibilidade de estudar com os mesmos critérios da Universidade de Judaísmo do seminário com relação ao estudo judaico.

Na virada do século, o seminário fechou uma fonte de fundo permanente e passou a ordenar uma média de não mais que um rabino por ano. A sorte do judaísmo conservador passou por uma alteração dramática quando, em 1902, o famoso estudioso Solomon Schechter aceitou o convite para se tornar presidente do JTS, atraindo um corpo docente importante tornando-se um centro de renome, de alta reputação de estudo judaico. Em 1913, o movimento conservador fundou seu braço congregacional. A United Synagogue da América.

O judaísmo conservador passou por um rápido crescimento na primeira metade do séc. XX, tornando-se a maior denominação judaica americana. Sua combinação de inovação moderna (como assentos mistos – homens e mulheres sentando junto e prática tradicional) foi particularmente atractiva para a primeira e segunda gerações dos imigrantes judeus do leste europeu, que achavam a ortodoxia restritiva, mas o judaísmo reformista estranho. Depois da Segunda Guerra Mundial, o judaísmo conservador continuou a prosperar. Os anos 50 e início dos 60 apresentaram um “boom” na construção de sinagogas quando os judeus americanos se mudaram para os subúrbios.

A coalizão conservadora se rompeu em 1963, quando defensores da filosofia reconstrucionista do Rabino Mordechai Kaplan se retiram do movimento para formar um judaísmo reconstrucionista distinto. Kaplan tinha sido um líder do JTS durante 54 anos, e pressionou reformas e inovações litúrgicas na prática ritual dentro da estrutura do judaísmo conservador. Frustrados com a predominância das vozes mais tradicionalistas no JTS, os companheiros de Kaplan decidiram que as ideias do reconstrucionismo seriam melhor aproveitadas através da criação de uma denominação separada. Em 1968, a ruptura se formalizou com o estabelecimento do Reconstructionist Rabbinical College.

Nos anos 70 e início dos anos 80 o judaísmo conservador estava dividido quanto a assuntos referentes à igualdade de género. Em 1973, o Comitê de Lei e Conduta Judaica votou, sem adoptar uma teshuva (responsa rabínica), permitindo que mulheres contassem para minian, mas deixando a decisão de ser ou não igualitárias para cada congregação individualmente. Após toda uma década de debates, em 1983 o JTS votou por admitir a ordenação de mulheres como rabinas conservadoras. Certos oponentes desta decisão deixaram o movimento conservador para formar a União pelo Judaísmo Tradicional, grupo que hoje não tem expressão.

Nos anos 90, a University of Judaism em Los Angeles estabeleceu a Ziegler School of Rabinic Studies como uma escola rabínica independente. Na época da Pesquisa sobre a População Judaica Nacional de 1990, o judaísmo conservador permanecia sendo a maior denominação na América, com 45% de famílias judaicas afiliadas a uma sinagoga conservadora (comparados aos 35% de reformistas e 16% de ortodoxo). Dez anos mais tarde, o NJPS demonstrou que o movimento conservador tinha sofrido sério desgaste, com somente 33% dos judeus americanos filiados a uma sinagoga pertencendo a uma sinagoga conservadora. Pela primeira vez em cerca de um século, o judaísmo conservador não era mais a maior denominação na América. Ao mesmo tempo, entretanto, certas instituições conservadoras, em particular escolas, demonstraram crescimento significativo. Líderes conservadores concordam que estas tendências indicam que o movimento havia alcançado uma encruzilhada na chegado do séc. XXI.





CRENÇA:

Durante a maior parte da história do movimento, o judaísmo conservador evitou publicar explicações sistemáticas sobre os princípios judaicos de fé. Isto era uma tentativa consciente de manter uma ampla coligação. Esta preocupação foi posta de lado em grande parte depois que a ala à esquerda do movimento se separou em 1968 para formar o movimento de reconstrucionista, e depois que a ala à direita se separou em 1985 para formar a União pelo Judaísmo Tradicional.

Em 1988, o conselho de liderança do judaísmo conservador finalmente emitiu uma declaração oficial de fé, Emet Ve-Emuna: Declaração dos Princípios do Judaísmo Conservador. De acordo com o judaísmo rabínico clássico, os judeus devem manter certos credos. Entretanto, a tradição judaica nunca desenvolveu nenhum catecismo obrigatório. Assim, é difícil, se não impossível, destacar somente credo formal da pessoa e mantê-lo como obrigatório. Ao contrário, Emet Ve-Emunah permite uma gama de credos judaicos que os rabinos conservadores acreditam serem autenticamente judeus e justificáveis, destacando o pluralismo e adversidade judaica.

Assim Emet Ve-Emuna afirma a crença em Deus e na inspiração divina da Torá; entretanto também afirma a legitimidade de múltiplas interpretações sobre esses assuntos. Ateísmo, visões trinitárias de Deus e politeísmos estão todos descartados. O judaísmo conservador rejeita explicitamente o relativismo, mas rejeita também o literalismo e o fundamentalismo.






DEUS:

O judaísmo conservador afirma o monoteísmo. Seus membros têm várias crenças sobre a natureza de Deus, e nenhum entendimento sobre Deus é mandatário. Entre as crenças afirmadas estão: racionalismo mainonideano; misticismo cabalista; panteismo chassídico (neo-chassidismo, renovação judaica); teísmo limitado (como em “Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas”, de Harold Kushner); pensamento orgânico no estilo de Whitehead and Hartshorne, processo teológico a.k.a (tal como rabinos Max Kadushin e William E. Kaufman).

O naturalismo religioso de Mordechai Kaplan (judaísmo reconstrucionista) costumava ter um lugar influente no movimento, mas uma vez que o reconstrucionismo desenvolveu um movimento independente, esta influência se enfraqueceu. Folhetos de uma recente conferência da Rabbinical Assembly sobre teologia foram editados como suplemento especial do jornal Conservative Judaism (inverno de 1999); os editores observam que o naturalismo de Kaplan parece ter caído na tela do radar do movimento.

CRENÇA:

Em concordância com o judaísmo tradicional, o judaísmo conservador mantém que Deus inspirou os profetas para escreverem a Torá (os cinco livros de Moisés) e a Bíblia hebraica. Entretanto, por razões teológicas, a maioria dos judeus conservadores rejeita a idéia judaica tradicional que Deus ditou as palavras da Torá a Moisés no Monte Sinai, em uma revelação verbal. A revelação divina, entretanto, enquanto mantida como real, é aceita geralmente como não verbal – quer dizer, a revelação não incluía as palavras em particular dos textos divinos. O judaísmo conservador admite uma vasta gama de visões quanto ao assunto da revelação.

Os judeus conservadores sentem-se à vontade com as decisões do estudo cientifico da Bíblia, incluindo a hipótese documentária, a ideia de que o texto actual da Torá foi composto de diversas fontes anteriores produzidas em diferentes momentos da história do povo de Israel. Eles vão além e as autoridades rabínicas do movimento e comentário da Torá oficial (Etz Hayim: Um Comentário da Torá) afirma que os judeus deveriam fazer uso de uma análise histórica e literária crítica moderna para compreender como a Bíblia se desenvolveu.

Os judeus conservadores reconciliam estas crenças, mantendo que Deus, de alguma forma, revelou Sua vontade a Moisés e aos profetas posteriores. Entretanto, relatos da revelação devem ter passado através dos séculos de muitas maneiras, inclusive documentos escritos, folclore, poemas épicos, etc. Esses relatos foram eventualmente compilados para formar a Torá e, a partir daí, os outros livro do Tanach (Bíblia hebraica).






REVELAÇÃO:

Em concordância com o judaísmo tradicional, o judaísmo conservador mantém que Deus inspirou os profetas para escreverem a Torá (os cinco livros de Moisés) e a Bíblia hebraica. Entretanto, por razões teológicas, a maioria dos judeus conservadores rejeita a idéia judaica tradicional que Deus ditou as palavras da Torá a Moisés no Monte Sinai, em uma revelação verbal. A revelação divina, entretanto, enquanto mantida como real, é aceita geralmente como não verbal – quer dizer, a revelação não incluía as palavras em particular dos textos divinos. O judaísmo conservador admite uma vasta gama de visões quanto ao assunto da revelação.

Os judeus conservadores sentem-se à vontade com as decisões do estudo cientifico da Bíblia, incluindo a hipótese documentária, a ideia de que o texto actual da Torá foi composto de diversas fontes anteriores produzidas em diferentes momentos da história do povo de Israel. Eles vão além e as autoridades rabínicas do movimento e comentário da Torá oficial (Etz Hayim: Um Comentário da Torá) afirma que os judeus deveriam fazer uso de uma análise histórica e literária crítica moderna para compreender como a Bíblia se desenvolveu.

Os judeus conservadores reconciliam estas crenças, mantendo que Deus, de alguma forma, revelou Sua vontade a Moisés e aos profetas posteriores. Entretanto, relatos da revelação devem ter passado através dos séculos de muitas maneiras, inclusive documentos escritos, folclore, poemas épicos, etc. Esses relatos foram eventualmente compilados para formar a Torá e, a partir daí, os outros livro do Tanach (Bíblia hebraica).







HALACHA (LEI JUDAICA):

O judaísmo conservador vê a lei judaica como normativa e obrigatória. Entretanto, toma a posição de que a halachá pode e deve evoluir para ir de encontro à mudança da realidade da vida judaica. O judaísmo conservador, portanto, vê que esses códigos legais judaicos devem ser vistos através das lentes da crítica académica. Como observava Solomon Schechter, “por maior valor literário que um código possa ter, isto não lhe dá infalibilidade, nem isenta o estudante ou o rabino que faça uso dele da obrigação de examinar cada parágrafo por seus próprios méritos e o sujeitar às mesmas normas de interpretação que sempre foram aplicadas à tradição”. Os judeus conservadores acreditam que seu ponto de vista quanto à lei judaica como evolutiva e adaptável é de facto consistente com a tradição judaica. O judaísmo conservador mantém que ambos requisitos, éticos e rituais, são normativos. Os judeus conservadores portanto estão obrigados a observar leis rituais, incluindo o Shabat; manter-se Casher; a prática de reza três vezes ao dia; observar as festas judaicas e os eventos do ciclo de vida.

Diversos estudos têm demonstrado que há uma grande brecha entre o que o movimento conservador ensina e o que a maioria da comunidade tem incorporado às suas vidas diárias. A prática judaica conservadora é frequentemente indistinguível daquela do judaísmo reformista com respeito à observância das leis do Shabat ou do cashrut. Os judeus conservadores que são moderadamente ligados, entretanto, estão mais de acordo em seguir a doutrina conservadora na observância do ciclo de vida ou feriados (tal como ir à sinagoga nos dois dias de Rosh Hashaná ou manter as leis de Pessach). Há um significativo grupo de judeus conservadores comprometidos, formado por lideranças leigas, rabinos, chazanim, educadores e aqueles formados por escolas religiosas do movimento e acampamentos, que levam a lei judaica muito seriamente. Estudos recentes têm demonstrado um crescimento na observância dos membros do movimento.

Há um artigo em separado que detalha a responsa conservadora, opiniões legais e normas do judaísmo conservador e Masorti. A responsa conservadora foi redigida pelo Rabbinical Assembly’s Committee on Jewish Law and Standards.






VISÕES DE OUTRAS DENOMINAÇÕES JUDAICAS:

O judaísmo conservador contrasta com outras denominações em duas áreas maiores de diferença:

Com referência ao grau de revelação da Torá: aqui o judaísmo conservador mantém que a crença ortodoxa na revelação verbal da Torá escrita e oral não é necessária ou mandatária para a crença judaica. Entretanto, eles também rejeitam a visão reformista da Torá como sendo somente inspiração humana. Ao contrário, aceitam a crença na divindade da revelação não verbal da Torá escrita como visão judaica correcta, histórica e autêntica. Nesta visão, a Torá oral é considerada inspirada pela Torá, mas não necessariamente de origem divina.

Com relação à interpretação da Halachá (lei judaica): Devida a tradição legal do judaísmo, as diferenças fundamentais entre as modernas denominações judaicas também envolvem a interpretação e a aplicação da lei e da tradição judaica. O judaísmo conservador acredita que seu enfoque é a mais autêntica expressão do judaísmo como ele era tradicionalmente praticado. Os judeus conservadores acreditam que os movimentos à sua esquerda, como o judaísmo reformista e o reconstrucionista, têm errado ao rejeitar a autoridade tradicional da lei e da tradição judaicas. Eles acreditam que os movimentos judaicos ortodoxos, à direita teológica, têm errado em refrear ou parar o desenvolvimento histórico da lei judaica: “O judaísmo conservador acredita que o estudo dos textos judaicos indica que o judaísmo tem estado constantemente envolvido no sentido de ir ao encontro das necessidades do povo judeu em circunstâncias variadas, e que a autoridade halachica central pode continuar a evolução da halachica hoje.” O movimento conservador faz um esforço consciente para usar as fontes históricas para determinar que tipo de mudanças têm ocorrido na tradição judaica, como e por que ocorreram, e em que contexto histórico. Com tais informações, eles acreditam que podem compreender melhor a maneira apropriada para os rabinos interpretarem e aplicarem a lei judaica às nossas condições hoje em dia.

Mordechai Waxman, um líder da Rabbinical Assembly, escreve que “a reforma tem afirmado o direito de interpretação, mas rejeita a autoridade da tradição legal. A ortodoxia apega-se rapidamente ao princípio da autoridade, mas tem em gerações recentes e na nossa própria rejeitado o direito a quaisquer interpretações menores. A visão conservadora é que ambas são necessária para um judaísmo vivo. Portanto, o judaísmo conservador mantém-se ligado à tradição legal judaica, mas reafirma o direito de seu corpo rabínico agir como um todo para interpretar e aplicar a lei judaica.” (Mordecai Waxman Tradition and Change: The Development of Conservative Judaism)

Um dos líderes do movimento conservador escreveu sobre enfoques legais do movimento, comparando a halacha a um jogo de xadrez. Nos séc. XVI e XVII (correlato à publicação de Shulkan Aruch e seus comentários), o movimento ortodoxo colocou um domo de vidro sobre o tabuleiro. Os judeus conservadores simplesmente tiraram o domo e começaram as mover as peças novamente de acordo com as normas. Os judeus reformistas rejeitam as normas do jogo. O judaísmo conservador vê os processos pelo qual o judaísmo reformista e o reconstrucionista fazem mudanças nas tradições judaicas como inválidos. Assim, o judaísmo conservador rejeita a descendência por parte de pai e manteria que uma criança filha de mãe não judia que cresceu como judeu reconstrucionista ou reformista não é legalmente judia e deveria passar pela conversão para tornar-se judeu. Da mesma forma, enquanto os serviços reformistas e reconstrucionistas ou outros rituais não são inerentemente inválidos, se eles não estiverem de acordo com os requisitos da halacha (p. ex. um serviço que omita uma reza legalmente necessária), eles não seriam reconhecidos como legalmente significantes. Apesar do desacordo do movimento conservador com os movimentos mais liberais, ele está de acordo com o pluralismo judaico e respeita o direito dos judeus reconstrucionistas e reformistas de praticarem o judaísmo de sua própria maneira. Assim o movimento conservador reconhece seu clero como rabinos, ainda que frequentemente não aceite suas decisões específicas como válidas.

Em contraste, enquanto o judaísmo conservador vê o enfoque ortodoxo sobre a halachá como rígida e muito diferente ao precedente passado, também o vê como legalmente válido. Deste modo um judeu conservador poderia satisfazer suas obrigações halachicas participando de rituais ortodoxos. O judaísmo ortodoxo, entretanto, vê o enfoque conservador à halacha como inválida. Em particular, eles criticam a posição conservadora de que o precedente halachico não é obrigatório e o uso de posições minoritárias na literatura rabínica como suporte às normas conservadoras. Uma crítica mais profunda é que o processo conservador é dirigido mais por um desejo de alcançar resultados preferidos pelos seculares do que pelas considerações haláchicas tradicionais. Como resultado, o judaísmo ortodoxo não reconhece os rituais conservadores e alguns elementos do judaísmo ortodoxo não reconhecem os rabinos conservadores como rabinos autênticos.






OITO PERSPECTIVAS DE COMPORTAMENTO:

. Segundo o Rabino Jerome Epstein:

* 1) O Judeu Masorti ideal apoia uma sinagoga Masorti, participando de suas actividades.
* 2) O Judeu Masorti ideal estuda, pelo menos uma hora por semana.
* 3) O Judeu Masorti ideal emprega os valores judaicos aprendidos para orientar seu comportamento, mesmo quando entram em conflito com seus sentimentos ou inclinações pessoais.
* 4) O Judeu Masorti ideal incrementa sua vida judaica, graças ao seu compromisso com o Judaísmo e a uma séria consideração dos valores judaicos, agregando um mínimo de três mitzvot novas por ano.
* 5) O Judeu Masorti ideal emprega os valores de tikun olam para ajudar no contínuo reparo do mundo.
* 6) O Judeu Masorti ideal só toma decisões sobre o comportamento judaico após ter considerado seu efeito em klal Israel.
* 7) O Judeu Masorti ideal aumenta seus vínculos e conexões com Israel.
* 8) O Judeu Masorti ideal estuda para aumentar seu conhecimento do hebraico.

Muitas pessoas pensam equivocadamente que o Judaísmo Masorti é um Judaísmo “em que cada um escolhe o que lhe apetece” – em que não há regras nem expectativas. Entretanto, na verdade, o Judaísmo Masorti é comprometido com a tradição judaica e com a observância das mitzvot.

Os ensinamentos de nosso Movimento deveriam afetar a forma como vivemos nossas vidas – porque se o Judaísmo não der forma às nossas decisões diárias e ao nosso estilo de vida, então não faz sentido. O Judeu Masorti ideal é um judeu que se esforça, um judeu que está sempre a crescer em compromisso e em conhecimento. Cada um de nós deveria subir continuamente pela escada da observância. O Judaísmo Masorti pede-nos para aprendermos e crescermos.

21 de setembro de 2008

A IDENTIDADE DOS JUDEUS CONVERSOS NA DIÁSPORA E SUA RELAÇÃO COM ISRAEL AO LONGO DA HISTÓRIA

CONVERTIDOS AO JUDAÍMOS E O IMPASSE: QUEM É JUDEU? - QUEM É RABINO?



A IDENTIDADE DOS JUDEUS CONVERSOS NA DIÁSPORA E SUA RELAÇÃO COM ISRAEL AO LONGO DA HISTÓRIA

O governo de Israel está analisando a possibilidade de criar um Instituto de Conversão para educar novos judeus em uma das correntes da religião.

Para alguns, a definição do termo "judeu" ainda se divide entre a interpretação sionista, de uma nação judaica, e a interpretação religiosa, que considera judeu aqueles que obedecem as leis judaicas.

A questão da identidade judaica é abordada por meio de vários aspectos. Mas, de acordo com a legislação de Israel, qualquer judeu que queira viver no país recebe concessão imediata de cidadania, inclusive pessoas convertidas ao judaísmo.

Mas os novos convertidos não são aceitos facilmente por todos os judeus como verdadeiros judeus. De acordo com esde grupo de pessoas, somente pode ser judeu quem é nascido de mãe judia (“lei do ventre”).

Movimento Ortodoxo:






É possível se converter ao judaísmo, mas a religião não busca adeptos. E, segundo analistas, é assim que alguns problemas surgem em Israel.

Um exemplo: rabinos ortodoxos não aceitam a conversão de pessoas feitas por outras denominações judaicas e também são contra a decisão de Israel de aceitar convertidos ao judaísmo.


No caso de judeus conversos, é necessário que um rabino assine um documento comprovando que se trata de um judeu converso.

. Retrospectivo Histórico:

Ao longo de história houve os homens e mulheres que se uniram ao povo judeu por meio da conversão. No livro de Gênesis, depois que Abrão foi chamado por Deus para viajar à terra de Canaã, nós lemos: “E foi-se Abrão, como lhe falou o Eterno... e tomou Abrão a Sarai, sua esposa, e a Lot, filho de seu irmão... e às almas (pessoas) que haviam adquirido em Harán.” (Gênesis 12:4-5). De acordo com interpretação rabínica, as “almas que haviam adquirido” representaram os primeiros convertidos ao judaísmo; e todos os convertidos, quando adquirem seus nomes hebraicos, são conhecidos como ben (filho de) ou bat (filha de) Avrahám (Abrahão).

O exemplo mais famoso de um convertido bíblico é Ruth que, como sabemos, foi a bisavó do Rei David. Levando-se em conta o que diz a tradição — a saber, que o Messias virá da linhagem de David —, então o Messias também descenderá de uma convertida ao judaísmo.

No período talmúdico, vários rabinos e sábios famosos eram, eles mesmos, convertidos descendentes de convertidos, e também houve exemplos interessantes de conversão de grupos ao judaísmo, como todo o reino dos kazares, no século 8 da era comum.


Israel: cronologia






O Império Romano dominou Israel durante a época (63 d.C), mas concedeu aos judeus liberdade de culto.

A era atual ou Era Comum, EC, começa com o nascimento de Jesus Cristo. O judaísmo rabínico teve início no ano 70. Essa corrente de pensamento compreendeu uma nova forma de adoração.

A idéia de um lugar único para o louvor, o templo, foi abandonada. A partir de então, o judaísmo passou a ser uma fé que pode ser praticada em qualquer lugar do mundo.

Anos 70-200 EC:






Durante os primeiros 150 anos da Era Comum, os judeus se rebelaram duas vezes contra os líderes romanos. Ambas as revoltas foram brutalmente reprimidas e seguidas de restrições severas à liberdade dos judeus.

A primeira revolta em 70 EC levou à destruição do templo. Já na segunda revolta, em 132 EC, centenas de milhares de judeus morreram, milhares foram levados cativos, e os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém.

Anos 200-700 EC:

Entre os anos 200 e 700, o judaísmo se desenvolveu rapidamente. Politicamente, foi uma época de altos e baixos para o povo de Israel.

Os judeus puderam se tornar cidadãos romanos, mas mais tarde foram proibidos de possuir escravos cristãos ou casar com cristãos.


Em 439, os romanos proibiram que sinagogas fossem construídas e que judeus se tornassem funcionários públicos.

A Era de Ouro — Judeus na Espanha:

Mil anos após o nascimento de Cristo, os judeus viveram na Espanha uma época de sucessos.

Eles coexistiram com os islâmicos que habitavam o país e desenvolveram estudos nas áreas de ciência, literatura hebraica e Talmud.

Essa época, considerada a Era do Ouro, resistiu apesar da tentativa de forçar os judeus ao islamismo, registrada em 1086.

O milênio seguinte começou com as Cruzadas, operações militares comandadas por cristãos para capturar a Terra Santa.

Os Exércitos das primeiras Cruzadas atacaram comunidades judaicas no caminho para a Palestina, especialmente na Alemanha.

Quando os soldados das Cruzadas conquistaram Jerusalém, eles mataram e levaram cativos milhares de judeus e muçulmanos.

E, a exemplo dos romanos, anteriormente, proibiram os judeus de entrar em Jerusalém.


Em 1100, os judeus foram expulsos do Sul da Espanha após uma invasão bérbere. Na França, eles foram acusados de sacrificar crianças em rituais macabros.

Na Inglaterra, judeus foram mortos enquanto tentavam presentear o rei Ricardo I, durante a coroação.

Em 1215, a Igreja Católica condenou os judeus a viver em áreas segregadas, conhecidas como guetos, e a vestir roupas distintivas.

Em 1290, os judeus foram expulsos da Inglaterra e logo depois da França.

Em 1478, foram vítimas da Inquisição espanhola, e em 1492 foram expulsos da Espanha. Cinco anos mais tarde, era a vez de Portugal enviar todos os judeus para fora do país.

Na Alemanha, em 1547, uma das grandes vozes do antissemitismo partiu de Martinho Lutero, o monge que iniciou o movimento de reforma da Igreja Católica. É dele um dos manifestos contra os judeus conhecido como “Sobre os judeus e suas mentiras”.

Nessa época, é publicado na Espanha o Livro do Esplendor, que influenciou o misticismo judaico durante séculos. A cabala, forma de misticismo dos judeus, ganhou nova força.

De 1600-1900:

Esse é um período de expansão considerável do judaísmo. Os judeus são autorizados a voltar para a Inglaterra e vêem seus direitos aumentarem. Nos Estados Unidos, os primeiros judeus chegaram em 1648.

Hassidismo:

Na Polônia e na Europa Central surge o movimento hassidista. Essa corrente judaica inclui grande quantidade de misticismo cabalístico e a idéia de fazer a santificação presente na vida cotidiana de forma intelectual e alegre ajudou a aumentar a popularidade do hassidismo entre os judeus.

O movimento também causou divisão. Na Lituânia, o hassidismo foi excomungado em 1772, e os judeus pertencentes a esse movimento proibidos de negociar ou se casarem com outros judeus.

Perseguição na Europa:

Durante o final do século 18, judeus começaram a sofrer perseguição na Europa Central. Na Rússia, eles foram confinados a uma área do país.

No século 19, nasce o movimento reformado do judaísmo que começou na Alemanha e defendia que o judaísmo e as leis da religião tinham que acompanhar as mudanças do tempo, em vez de permanecerem rígidas.

Em 1860, os judeus da Grã-Bretanha passaram a ter os mesmos direitos de cidadãos britânicos. Mas nessa mesma época, houve pogroms na Europa Central e na Rússia.

Os judeus foram expulsos de suas casas e vilarejos e tratados cruelmente. Em Israel, a cultura judaica florescia, e a língua hebraica foi recriada de uma língua de história e religião para um idioma vivo e moderno.

Século 20:

Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, essa foi uma época de imigração para os judeus que fugiram da perseguição dos pogroms na Rússia e na Polônia.

O nascimento do sionismo:

O movimento sionista, cujo objetivo era criar um estado judaico em Israel, começou no final do século 20. Começou a ganhar força quando os judeus sentiram que a única maneira de viverem seguros era em um estado judaico.
O governo britânico ofereceu aos judeus uma vasta área em Uganda, mas a principal organização sionista insistia que o Estado judaico deveria ser construído na Palestina.

Em 1917, na Declaração Balfour, a Grã-Bretanha concordou que um Estado judaico deveria ser estabelecido em Israel.

Durante os anos 30 e 40, o Holocausto consumaria planos da Alemanha nazista e países aliados para estirpar todos os judeus da Europa. Durante o Holocausto, 6 milhões de judeus foram assassinados, e um milhão deles eram crianças.

O Holocausto afetou convicções religiosas de muitos judeus, que tentavam entender como Deus pode ter permitido a matança do povo.

O Estado de Israel:

O movimento sionista conseguiu fazer com que o Estado de Israel fosse criado em 1948, após uma campanha paramilitar contra o reinado britânico.

Israel teve que sobreviver a três grandes guerras: a da independência, logo depois de o Estado ter sido criado, a dos Seis Dias, em 1967, e da Yom Kippur (ou Dia do Perdão) em 1973, além de vários conflitos.

Israel tem tido dificuldades em suas relações com os vizinhos árabes, que não concordam com o êxodo dos palestinos que viviam na região antes da criação de Israel.

Desde sua criação, Israel tem sido apoiado militarmente e politicamente pelos Estados Unidos, que concentram uma grande comunidade judaica.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, territórios palestinos, além das Colinas de Golã, na Síria, e da Península do Sinai, no Egito.

A Península do Sinai foi devolvida quando Egito e Israel assinaram um acordo de paz, na década seguinte. Mas as negociações em torno dos territórios palestinos têm caminhado lentamente.

Segundo resoluções da ONU aprovadas depois da guerra de 1967, Israel já deveria ter desocupado essas regiões, mas os governos isralenses continuaram promovendo uma política de criação de assentamentos judaicos tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza.

Grupos palestinos como o Hamas e a Jihad Islâmica iniciaram ondas de ataques contra civis isrealenses, o que, segundo Israel, tem impedido o avanço das negociações de paz definidas no acordo de Oslo, em 1993.

O objetivo formal do diálogo continua sendo a criação de um Estado palestino que conviva pacificamente com Israel, o que já estava previsto no processo que criou o Estado de Israel.