23 de dezembro de 2018

AS SEMELHANÇAS ENTRE OS IDIOMAS HEBRAICO (עברית) E ÁRABE ( ערבי)



Tanto o árabe quanto o hebraico são reconhecidos como línguas oficiais do povo de Israel

A complexa relação entre o hebraico e o árabe é importante devido à significância cultural, religiosa e comunicativa na atualidade em Israel, bem como em outras áreas do mundo. As línguas influenciaram uma à outra de tal forma que hoje o hebraico e o árabe apresentam semelhanças na pronúncia e na estrutura da língua. A troca linguística é significativa principalmente quando se discute a comunicação entre as comunidades de árabes e judeus. As semelhanças linguísticas mostram laços históricos presentes no mundo contemporâneo.


As línguas influenciaram uma à outra de tal forma que hoje o hebraico e o árabe apresentam semelhanças na pronúncia e na estrutura da língua


. As línguas de Israel:

Tanto o árabe quanto o hebraico são reconhecidas como línguas oficiais do povo de Israel. Embora o árabe fosse inicialmente mais falado pela população árabe em Israel, o governo decidiu adotar a língua como idioma oficial juntamente com o hebraico.

. Sons e nomes das letras:

Tanto o alfabeto hebraico quanto o árabe possuem letras com sons, nomes e, em alguns casos, interpretações semelhantes. A Fundação Meru dispõe de uma tabela que compara os sons dos dois alfabetos de acordo com uma interpretação, conectando cada letra correspondente a um significado interpretativo comum. Por exemplo, a primeira letra no alfabeto árabe, alif, significa “Allah” (deus), enquanto a primeira letra do alfabeto hebraico, aleph, significa “mestre”. A Fundação Meru propôs que o significado compartilhado entre as duas palavras é “consciente”.

. Pronúncia das palavras:

Ambos os idiomas semíticos, o árabe e o hebraico, apresentam palavras que soam de forma parecida e compartilham significados semelhantes. Se apresentar dizendo “meu nome é” soa bastante parecido em ambas as línguas: em árabe se diz “ismee” e em hebraico “shmee”. Pelo árabe ter sido muito falado depois que o hebraico foi escrito, o árabe é linguisticamente influenciado por esse idioma. Quando o hebraico recuperou sua popularidade como uma língua falada, o idioma teve sua pronúncia influenciada pelo árabe.

. Direção da escrita:

Tanto o árabe quanto o hebraico são escritos horizontalmente da direita para a esquerda.



O alfabeto hebraico não tem vogais, uma característica comum nos primeiros alfabetos semíticos

. Os pontos e traços nikkud:

O alfabeto hebraico não tem vogais, uma característica comum nos primeiros alfabetos semíticos. Posteriormente, os nikkuds (pontos) foram aderidos ao alfabeto para exprimir o som das letras. Os nikuds são pequenos pontos e traços adicionados às letras hebraicas originais. O árabe também tem marcas que indicam vogais adicionadas ao alfabeto em um momento posterior ao seu desenvolvimento, visando dar mais clareza à linguagem escrita.

. Panorama gerasl dos idiomas semíticos:

Ambas as línguas árabe e hebraica são línguas semíticas, apesar de o hebraico, juntamente com o aramaico, ser do sub-grupo ocidental e de o árabe pertencer ao grupo sudoeste. Mas as duas línguas tratadas apresentam claras similaridades entre si. As línguas semíticas, juntamente com o egípcio, as línguas camíticas, berberes e cuxíticas (somaliano), formam a família de línguas Afro-Asiática. Línguas dos primórdios da civilização humana como o egípcio, o fenício e o acadiano (mas o sumeriano não) são línguas Afro-Asiáticas, portanto relacionadas com o árabe e o hebraico.
O hebraico em si começou a ser falado há mais de três mil anos, antes de os judeus serem monoteístas, mas os registros mais antigos datam de 900 a.C. 

. "Morte" e renascimento do hebraico:

Por volta da época de Jesus, o hebraico contudo já se encontrava em fase de extinção como língua falada, tendo sido substituído gradativamente pelo aramaico, e mantido apenas pelos poucos alfabetizados - principalmente como língua religiosa. A língua materna do judeu Jesus não era a mesma de seus antepassados bíblicos, como Moisés e Abraão, pois estes se comunicavam em hebraico e Jesus em aramaico. Toda a ação do Novo Testamento se desenrolou em aramaico, embora este tenha sido escrito em grego. Com a destruição de Jerusalém pelos romanos em 67 d.C., acaba de vez o uso falado da língua hebraica e o povo judeu inicia a “diáspora”, a migração para outras partes do mundo. E só voltariam definitivamente em 1948, com a fundação do Estado de Israel, data que também marca a volta do hebraico como língua viva não mais restrita à liturgia judia. Portanto, o hebraico é uma língua ressucitada. E ela legou muitas palavras às língua européias modernas, principalmente de origem bíblica. Palavras e nomes próprios como Maria, João, Jesus, José, Rafael, Gabriel, Miguel, Sara, Débora, sábado, páscoa, amém, aleluia, bálsamo, jubileu, querubim, éden, leviatã e muitas outras são hebraicas.
O hebraico tem quase cinco milhões de falantes, quase todos em Israel. Mas é conhecido como língua litúrgica por milhões de judeus espalhados pelo mundo e que usam outra língua no dia-a-dia.

. A popularização do aramaico: 

O aramaico, língua dos antigos arameus, se espalhou pelo Oriente Médio há 3.000 anos, se tornando a língua boa parte dos  povos de lá. Os arameus eram um povo de comerciantes da atual Jordânia que, contudo, conseguiram se estabelecer por todos os reinos da região. O aramaico se tornou então a língua franca do Império Assírio-Babilônico, por volta de 500 a.C. (a partir da dinastia Aquemênida). Essa língua desenvolveu um alfabeto próprio de 22 letras, derivado do fenício, e que foi a origem do alfabeto hebraico atual, também com 22 letras perfeitamente correspondentes. Esse aramaico tardio também é chamado de siríaco, assírio-aramaico ou, em suas variantes mesopotâmica, caldeu (em latim chaldaeus).
Os fenícios, que também falavam uma língua semítica, foram os inventores do alfabeto fonético. Dado à estrutura semítica de sua língua, escreviam apenas as consoantes e isso era suficiente. Os gregos pegaram esse alfabeto por volta de 900 a.C. e usaram algumas consoantes laringais, que em gregos seriam inúteis, para designar as vogais. O fenício, o aramaico e o hebraico eram bastante próximos um do outro e podem ser chamados de línguas semíticas canaanitas ou de noroeste.



Os árabes invadiram o sul da Itália e a Península Ibérica, deixando nas línguas desses países milhares de palavras. No português, 5% do vocabulário geral é árabe

. A história do árabe:

Já a história do árabe é bem diferente. Os árabes eram na Antigüidade um povo politeísta tribal e atrasado do sul da península arábica. Nessa era, que os árabes chamam de aljahiliyya (a ignorância), eles eram divididos em muitos clãs que sempre guerreavam entre si, e poucas eram as cidades e as pessoas educadas. Um dia , em 622 d.C., um árabe de vinte  e poucos anos, Maomé, começou a receber uma série de mensagens “divinas” de extrema beleza posteriormente chamadas de “alqur;án” (a recitação, leitura, do verbo “qara;a”, ler). Maomé e seus seguidores foram perseguidos por uns vinte anos mas no fim a nova religião pegou, e foi chamada simplesmente de “;islám”. Com uma nova religião monoteísta em suas mãos, os árabes se equipararam com os povos mais civilizados do norte (judeus e cristãos), se organizaram melhor e aproveitaram esse progresso para conquistar terras mais agradáveis do que o deserto da Arábia. Em menos de dois séculos, eles invadiram o Egito (pondo um ponto final nessa civilização milenar, já quase morta na época), a Pérsia (que também nunca mais foi a mesma e passou a chamar-se Irã) e diversos outros povos. O aramaico quase se extinguiu (hoje ainda é falado na Turquia e Síria) e o árabe passou a ser a língua de muitos povos conquistados, exceto os Persas que mantêm sua língua até hoje, o persa moderno (que não é relacionado com árabe, é uma língua indo-européia), embora tenham abandonado a escrita cuneiforme milenar e adotado a escrita árabe. Os turcos, que se originaram do atual Cazaquistão e foram invadindo o Oriente Médio por volta do ano 1000 d.C., converteram-se ao islamismo, adotaram o alfabeto perso-arábico (que só seria substituído pelo alfabeto latino em 1928) mas mantiveram sua língua, o turco, uma língua altaica que não é nem remotamente parecido com o árabe. 

. Expansão do idioma árabe:

Os árabes invadiram o sul da Itália e a Península Ibérica, deixando nas línguas desses países milhares de palavras. No português, 5% do vocabulário geral é árabe. A cultura árabe, que era a mais avançada do mundo até a a Europa tomar a frente por volta de 1500, legou milhares de contribuições ao mundo inteiro. Não há língua que não tenha palavras árabes. Da matemática à filosofia, da química à arquitetura, o mundo ganhou muito dos árabes.
O árabe tem cerca de 160 milhões de falantes e é a sétima língua mais falada do mundo, oficial em 21 países. Mas a língua falada no dia-a-dia varia muito de acordo com a região. Há pelo menos cinco dialetos principais: o levantino, falado na Síria, Líbano, Palestina e Jordânia; o do golfo pérsico, falado na Arábia Saudita, Kuait, Bahrein, Catar e Emirados Árabes unidos; o egípcio, no Egito, Sudão, partes da Líbia e partes ocidentais da Arábia Saudita; oiraquiano; e o magrebino, falado no Marrocos, Argélia e Tunísia. Essa divisão, porém, é muito simplificada, pois o árabe falado no Iêmen, em Omã, no Sudão e em outros países também cada um suas características próprias.
A língua escrita e formal, apesar dos dialetos, é padronizada e única. Há falantes do árabe também no Irã (onde a língua nacional é o persa, uma língua sem afinidades com o árabe além de empréstimos e do alfabeto), em Israel, em partes da Turquia (o turco também não é relacionado com o árabe, é um idioma altaico, escrito com o alfabeto latino), no Máli, no Níger, no Chade, na Mauritânia, além de em núcleos de imigrantes em diversos países da Europa e América - especialmente Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina (o ex-presidente Menem é de origem libanesa).


A primeira coisa que impressiona uma pessoa não familiarizada com nenhuma língua semítica ao deparar-se com as gramáticas do hebraico e do árabe é a seu exotismo

. Morfologia:

A primeira coisa que impressiona uma pessoa não familiarizada com nenhuma língua semítica ao deparar-se com as gramáticas do hebraico e do árabe é a seu exotismo. Suas estruturas não se assemelham a nenhuma língua da Europa ou da Ásia oriental. Elas são as únicas grandes línguas que se escrevem da direita para a esquerda, e quase sempre sem as vogais! Isso significa que uma palavra pronunciada [Sefer] (= livro, em hebraico) é escrita “Sfr”. Deve-se conhecer a língua muito bem para que se obtenha uma pronúncia correta. Mas, felizmente, há um sistema para se denotar as vogais em ambas as línguas, que compreende pontinhos e traços colocados acima ou abaixo das consoantes, usado em gramáticas, dicionários e, devido à métrica, em poesia.



As estruturas do hebraico e árabe não se assemelham a nenhuma língua da Europa ou da Ásia oriental

. Sistema de raízes:

A morfologia (= estrutura das palavras, forma das palavras) do hebraico e do árabe é baseada no sistema das raízes de três consoantes (ou, às vezes, quatro ou duas). Consiste de consoantes esqueletais que carregam um conceito geral e que são preenchidas por certos esquemas de vogais e às vezes afixos (= sufixos e prefixos) para assumir um significado mas específico dentro daquele conceito geral. Por exemplo, em árabe, a raiz K-T-B possui o conceito geral de escrita e coisas do tipo. Preenchida com o conjunto apropriado de vogais e às vezes afixos, pode se tornar um verbo (kataba= ele escreveu; ;aktubu= eu escrevo), alguns substantivos (kitáb= livro; maktúb= escrito, carta) e outras coisas (em hebraico essa raiz é K-T-V, mas livro é Sefer, e kitav é “um escrito”. Essa raiz S-f-r deu o árabe Sifr = zero, cifra). Os preenchimentos vocálicos são geralmente os mesmos para todas as raízes, então você viu que K-T-B ganhou o prefixo ma- +1a.consoante+2a. consoante+ú+3a. consoante, e virou “maktúb”= escrito, carta. Pois então a raiz B-L-L (molhar) se tornaria “mablúl” (molhado), além de outras formas. Nem todas as raízes possuem um significado claro, como em português, em que a raiz “plicar” têm “complicar”, “explicar”, “implicar” sem um sentido muito claro em comum.

. Fontes: 

Por Maria Estrella - Atualizado em 17 abril, 2017
Traduzido por Renan Cavalcanti Sobreira

https://www.ehow.com.br/semelhancas-entre-hebraico-arabe-lista_282433/

https://sites.google.com/site/mopclanguages/arabic-and-hebrew-compared/arabe-e-hebraico-esboco-comparativo

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