7 de dezembro de 2018

SUA FELICIDADE NÃO PODE DEPENDER DE OUTRA PESSOA


Viajar, cantar, dançar, gargalhar, ler, ver filme, comer bem. Passear, fazer trilha, ir à praia, cachoeira, rio. Experimente

Ela ainda não é boa de Beijo. Falta experiência. Não beija por que não tem experiência? Ou não tem experiência porque não beija? As duas opções estão corretas. Por questão de segurança, no receio de ser avaliada e não agradar, evita aproximação.


Ter um parceiro não pode ser um objetivo de vida, nem condição essencial para a felicidade. Objetivo de vida deveria ser feliz

A moça é tímida. Insegura. Mantêm uma cara fechada, séria. Nem olha, nem vê quem está olhando. Depois acha que ninguém se interessa. Ninguém passa no seu crivo cruel. Feio. Chato. Bobo. Politicamente incorreto. Sempre tem um motivo para descartar. A moça é seletiva de uma forma tal que nada serve.
O motivo verdadeiro mesmo? Medo. Um medo enorme de sair da sua zona de conforto e se abrir para outra pessoa. A razão do medo? Uma autoestima bem castigada. Uma visão bem ruim de si mesma. Ela se acha feia. O corpo cheio de defeitos. Pouco interessante. Todas essas questões fazem com que ela se feche numa fortaleza impenetrável. Sozinha, mas protegida. Triste, mas confortável nesse lugar solitário que já é seu velho conhecido.
Há famílias muito boas em empurrar os filhos para o mundo. Em mostrar que vida é luta. Que é preciso enfiar a cara e tentar. Outras, mais frágeis, têm medo do mundo. Vivem todos grudadinhos, fechados dentro de casa, como forma de proteção. Agem como se a casa fosse o mundo. Não ousam, nem estimulam que se ouse. Não se abrem, nem deixam os filhos se abrir. Vivem na fantasia de que esse mundinho protegido de quatro paredes é o bastante. Nela se isolam na feliz sensação de segurança. A visão do mundo, vasto mundo, apavora. Paralisa. Restringe. Sair de casa fica difícil. Geralmente se viram bem num esquema resumido a trabalho, escola, casa.
São pessoas diferentes? Por fora, não. Parecem bem normais, mas internamente elas se sentem assim. Não se sentem prontas para a vida. E quem está? A gente nunca está pronto. A gente entra na vida da mesma forma que sai. No susto. Sem preparo. Sem manual. Só que enquanto uns arriscam, uns se encolhem. Esse desconforto de se perceber pior faz com que essas pessoas murchem. Se isolem. Evitem amigos. Não façam amizades. Nem olhem muito para o lado. Entenda, são pessoas muito legais. Simpáticas. Prestativas. Generosas. Não são piores que ninguém. Apenas se sentem assim. Inexperientes para a vida. E como vão ter experiência se não se arriscam? Se não se permitem?


Objetivo de vida deveria ser feliz. Até porque, quando a gente está infeliz, ninguém chega perto. Nada dá certo

Moça, sorria. Olhe no olho. Mostre interesse. É assim que se paquera. É assim que se chega ao beijo. Beijando, se aprende a beijar. A prática leva à perfeição. Daí a outras experiências interessantes também vão surgindo.
É difícil confiar nos homens? Nas pessoas? Pois não confie, pronto. Melhor. Assim você vai indo com mais calma, sem tantos riscos de se machucar ou de se enganar. Também, se acontecer, sacuda a poeira e bote a fila para andar. É assim mesmo. Faz parte.
Não saber beijar ou namorar não é o fim do mundo. Tem outras coisas boas também. Viajar, cantar, dançar, gargalhar, ler, ver filme, comer bem. Passear, fazer trilha, ir à praia, cachoeira, rio. Experimente.
Ter um parceiro não pode ser um objetivo de vida, nem condição essencial para a felicidade. Objetivo de vida deveria ser feliz. Até porque, quando a gente está infeliz, ninguém chega perto. Nada dá certo. A gente afasta as pessoas sem perceber. A aflição de ter que ter alguém pode sufocar. Sua felicidade não pode depender de ter outra pessoa. Abra-se para a vida. Para as pessoas. Para você. E seja feliz.

. A autora:

Mônica Raouf El Bayeh é carioca, professora e psicóloga clínica. Especialista em atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias. Perita judicial. Escreva contando sua história. Mande sua sugestão para elbayehmonic@yahoo.com.br

 . Fonte:

Jornal Extra: Por: Mônica Raouf El Bayeh em 06/12/18 07:00 

https://extra.globo.com/mulher/um-dedo-de-prosa/sua-felicidade-nao-pode-depender-de-outra-pessoa-23281809.html

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