10 de agosto de 2021

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL TAMBÉM AFETA JUDEUS


Polícia apura ofensas a judeus em panfletos jogados em ruas de condomínios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ)

A Polícia Civil instaurou um inquérito apurar o crime de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional em bilhetes com ofensas a judeus jogados em ruas de condomínios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Os milhares de papéis com a mensagem: “Judeus acumuladores compulsivos de ouro diamante e dólares” estavam no chão do Mundo Novo e Américas Park durante o fim de semana e chamaram a atenção dos moradores.

"Realizamos diligências nesses locais, apreendemos alguns dos bilhetes e estamos em busca de imagens de câmeras de segurança da região. O objetivo é identificar os autores desse ataque e ainda quem imprimiu as mensagens", explicou o delegado Leandro Gontijo de Siqueira Alves, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca).
Para Paulo Maltz, presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (Coneplir), em casos de ataques apócrifos, cuja origem é desconhecida, os criminosos se valem do anonimato para que os casos permaneçam impunes:

"Mensagens de ódio propagadas na internet ou por meio de panfletos sem assinaturas são acobertadas pelo manto da quase impossibilidade de identificação para que se combata o racismo. Infelizmente, os tempos atuais são estranhos e todas as religiões têm sofrido com a polarização da sociedade. Isso nos preocupa e nos alerta para a necessidade de denunciar, discutir e orientar para a aceitação de todos", acrescentou.

Já o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio (Fierj), Alberto David Klein, afirma que as ofensas simbolizam um ataque de ódio a grupos minoritários:
"Quem discrimina não o faz só contra os judeus, mas também contra muçulmanos, entre outros. É inacreditável que hoje discutimos mais esse assunto do que há dez anos. A polarização tem levado ao extremismo, ao racismo, ao anti-semitismo. E o que nos preocupa não é a mensagem tão somente nos bilhetes, mas a consequência desses ataques, porque pode ser que as pessoas que organizaram isso tenham seguidores e queiram dar prosseguimento a essas ações. Precisamos voltar ao equilíbrio, a normalidade e ao diálogo, para que sociedade aceite a diversidade", disse.

Também presidente da Associação Cultural Memorial do Holocausto, localizado no Mirante do Pasmado, em Botafogo, Klein ressalta a importância do exercício do respeito à defesa dos direitos humanos, à tolerância e ao humanismo. O espaço receberá exposições nacionais e internacionais com temas que estimulem a reflexão acerca dessa temática:

"É preciso que ensinemos nas escolas esses valores para que mensagens como as que estamos discutindo agora não voltem a ser disseminadas", disse.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) informou que irá acompanhar as investigações sobre os panfletos.

"O anti-semitismo vem crescendo desenfreadamente porque há uma parcela da sociedade que trata o movimento neonazista com naturalidade. Neonazistas não podem ser recebidos por chefes de estado com pompas e honras, devem ser tratados como criminosos - o que verdadeiramente são. Se não pusermos um freio imediato neste movimento, ele vai crescer, como cresceu o nazismo nos anos 30. Precisamos ter em mente que este movimento discrimina tudo o que é diferente, religiões afro, negros, homossexuais, mulheres e também judeus”, disse a vereadora, que é membro da comunidade judaica, em nota.

. Fonte:

https://extra.globo.com/casos-de-policia/policia-apura-ofensas-judeus-em-panfletos-jogados-em-ruas-de-condominios-da-barra-da-tijuca-rv1-1-25147473.html

Nenhum comentário: