5 de janeiro de 2018

A INFLUÊNCIA DO ZOROASTRISMO NO JUDAÍSMO: APÓS O EXÍLIO BABILÔNICO


O evento do exílio babilônico provocou, sem dúvida, muitas transformações na maneira de pensar dos judeus do chamado Período do Segundo Templo em Jerusalem

Resumo: O Zoroastrismo, também chamado de Masdaísmo ou Parsismo, é uma religião monoteísta reformada na antiga Pérsia pelo profeta Zaratustra, a quem os gregos chamavam de Zoroastro. É considerada como a primeira manifestação de um monoteísmo ético. De acordo com historiadores da religião, algumas das suas concepções religiosas, como a crença no paraíso, na ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, viriam a influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. 
O Zoroastrismo tem seus fundamentos fixados no Avesta e admite a existência de duas divindades (dualismo), representando o Bem (Aúra-Masda) e o Mal (Arimã), de cuja luta venceria o Bem. Já no Judaísmo, Deus é único, indivisível e a fonte de todo bem e mal.





De fato, quando os persas liderados por Ciro II (559-530 a.C.) dominaram a Babilônia em 538 a.C., a Arábia, a Síria, Judá e, posteriormente, o Egito e a Grécia sofreram um processo de revolução cultural e religiosa


. As interações culturais no chamado “Judaísmo” do Segundo Templo:

O evento do exílio babilônico provocou, sem dúvida, muitas transformações na maneira de pensar dos judeus do chamado Período do Segundo Templo (período que vai do final do exílio, em cerca de 539 a.C., até o advento Jesus Cristo). Assim, após uma crise político-religiosa iniciada na Babilônia, os judeus tiveram que rever os pontos essenciais de sua religião e cosmovisão. Entre os que mais contribuíram para essas mudanças estão, sem dúvida, os persas.
Alguns estudiosos afirmam que os efeitos da influência da cultura persa no judaísmo não se fizeram sentir durante o domínio persa na Palestina, e sim somente mais tarde, no período helenístico. Entretanto, as influências persas podem ser percebidas já no Dêutero-Isaías13. Tanto a doutrina de Zoroastro quanto o Isaías do V século a.C. revelam uma aversão comum à reverência de imagens sagradas.
De fato, quando os persas liderados por Ciro II (559-530 a.C.) dominaram a Babilônia em 538 a.C., a Arábia, a Síria, Judá e, posteriormente, o Egito e a Grécia sofreram um processo de revolução cultural e religiosa. Os reis aquemênidas Dario I (522-486 a.C.), Xerxes I (486-465 a.C.) e Artaxerxes II (404-359 a.C.), sucessores de Ciro, deixaram inscrições que revelam a adoção do Zoroastrismo como religião oficial do Império. Assim, pode-se constatar que a dominação persa no Oriente Médio levou a toda essa região influências da religião persa-iraniana, como o dualismo: bem e mal, associado a uma crença em um Deus Supremo e a uma conduta austera na vida cotidiana (puritanismo).
Em relação a esse puritanismo, é possível, inclusive, que a purificação dos judeus apregoada por Esdras tenha se dado a partir da Pérsia. O fato é que os cativos de Judá somente conseguiram voltar para a Palestina sob uma mudança político-religiosa impressa pelos persas em toda aquela região.


Os persas adotaram uma política de tolerância para com os povos dominados, evitando a subjugação violenta que os assírios e babilônios haviam adotado


. Política pacifista dos conquistadores persas:

Os povos dominados receberam a política pacifista persa com bons olhos: os babilônios receberam a Ciro II como o “Pastor de Marduc”; os egípcios o aceitaram como a “Encarnação de Hórus”, e os judeus o receberam como o “Messias de Iahweh”. Daí a influência persa presente no Dêutero-Isaías:

"Assim diz Iahweh ao seu ungido, a Ciro que tomei pela destra, a fim de subjugar a ele nações e desarmar reis, a fim de abrir portas diante dele, a fim de que os portões não sejam fechados. Eu mesmo irei a tua frente e aplainarei lugares montanhosos, arrebentarei as portas de bronze, despedaçarei as barras de ferro e dar-te-ei tesouros ocultos e riquezas escondidas, a fim de que saibas que eu sou Iahweh, aquele que te chama pelo teu nome, o Deus de Israel" - (Is 45,1-3)17

Este texto é um oráculo real de entronização. É interessante notar que Ciro II recebe o título de “Ungido de Iahweh”, título esse reservado aos reis de Israel e que se tornou o título do Messias/rei e salvador esperado. O paradoxo é que o título é concedido a um soberano estrangeiro, que não conhece Iahweh (“Embora não me conheças, eu te cinjo”, Is 45,5b). O mesmo oráculo aparece no “Cilindro de Ciro”, texto redigido por sacerdotes da Babilônia, no qual Bel, Nabu e Marduc, que não são deuses persas, favorecem Ciro; esse último deus, Marduc, profere o nome de Ciro e o chama para dominar toda a terra.
Parece óbvio que o rei persa também vê com bons olhos a crença dos judeus no VI século a.C., pois estes receberam a Ciro em sua cultura sem questionar a sua procedência. Parece também que o autor bíblico se adapta à nova geopolítica que estava se estabelecendo, assimilando o pensamento persa de forma consciente.
Os persas adotaram uma política de tolerância para com os povos dominados, evitando a subjugação violenta que os assírios e babilônios haviam adotado. Pode ser que os reis persas tenham justamente aprendido pelo exemplo desses impérios anteriores e adotado postura contrária.

. Mudança da concepção judaica:


Durante o exílio, os judeus tiveram que rever sua concepção de adoração a Iahweh, uma vez que não tinham mais o Templo e os sacrifícios de animais, fundamentos que, até então, tinham estado no centro de sua adoração divina

O fato é que, durante o exílio, os judeus tiveram que rever sua concepção de adoração a Iahweh, uma vez que não tinham mais o Templo e os sacrifícios de animais, fundamentos que, até então, tinham estado no centro de sua adoração divina. O motivo teológico da Sião inexpugnável, da proteção de Iahweh (a divindade como o protetor tribal, podendo evitar que os judeus fossem conquistados ou exilados) teve de ser revisto. A situação propiciou, então, a possibilidade e a conveniência da assimilação de influências persas.
A crença em uma vida na pós-morte, por exemplo, é de grande proeminência nos ensinos dos Gathas, a parte mais antiga do Avesta. As idéias persas de vida na pós-morte com céu e inferno, de um julgamento a ser realizado em um dia final, com o aniquilamento dos maus e felicidade/paz eterna aos justos.

. Fontes:

http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_02.pdf

https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120314092242AAtSdWe

10 comentários:

william pereira disse...

Bom dia amigo. poderia citar algum historiador que defende essa tese de que o Zoroastrismo chegou a influenciar as outras três religiões monoteísta?

Leonardo Ferreira disse...

. Fontes:

http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_02.pdf

https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120314092242AAtSdWe

Unknown disse...

Esses conhecimentos devem ser mais divulgados.

Unknown disse...

É obvio que a mudança de pensamento é influenciado no decorrer da história, basta ver o pentateuco não havia salvação, inferno e messias.

André Betinho disse...

esse assunto e muito mais vcs verão no livro: OS OUTROS DA BÍBLIA

Anônimo disse...

Que decepção!
Estava começando a acreditar no Judaismo, mas percebir que é só uma mera copia de outra.
Voltando ao Ateísmo.

rose disse...

Interessante,como os fatos,não são criados e fechados,surgem nas civilizações e vão sofrendo influèncias na história da humanidade,por isso temos que estar vigilantes em nossas crenças mas abertos a modificações que elevam a vida,a humanidade para a paz

Anônimo disse...

Tu diz que é monoteista e logo fala que eles acreditam em dualismo dois deuses um pro mal e um pro bem, nao faz muito sentido.

Anônimo disse...

Oiii

Anônimo disse...

Gostei