23 de setembro de 2018

10 FATOS QUE TODO JUDEU DEVERIA SABER SOBRE O SHEMÁ (שְׁמַע = OUÇA/ESCUTE EM HEBRAICO)


Cobrimos os olhos para o primeiro versículo

A Prece Shemá (שְׁמַע = ouça/escute em hebraico) não é simplesmente a declaração judaica da fé de que D'us existe. É uma afirmação de que D'us é a única verdadeira existência. O único D'us é a essência de tudo. Somos ordenados a aceitar o reinado do Céu duas vezes ao dia recitando o Shemá. (Por Mordejai Rubin)



1 – O Shemá consiste de Três Parágrafos da Torá

Shemá não é tecnicamente uma prece. Consiste de três parágrafos bíblicos: Devarim 6:4-9, 11:13-21, e Bamidbar 15:37-41. As primeiras duas seções (Devarim 6:4-9 e 11:13-21) declaram a unicidade de D'us e nosso dever como judeus de amá-Lo, estudar a Torá e ensiná-la aos nossos filhos, cumprir suas mitsvot, incluindo colocar tefilin sobre nossos braços e cabeça e afixar mezuzot nos batentes de nossa casa. A terceira seção (Bamidbar 15:37-41) fala sobre a mitsvá de tsitsit e sobre o Êxodo do Egito.
2 – Recitamos o Shemá duas vezes ao dia

No primeiro parágrafo, o quarto versículo nos diz:1 “E deves ensiná-los aos teus filhos… quando você deitar e quando se levantar.” Deste versículo, aprendemos a recitar o Shemá duas vezes ao dia, pela manhã e à noite.
Para cumprir a obrigação de recitar o Shemá, o ideal é pronunciar todos os três parágrafos. Em caso de dificuldade, há opiniões variadas entre os rabinos sobre o que se pode fazer para cumprir a obrigação mínima; mas certamente, a pessoa deveria pelo menos recitar o primeiro parágrafo.


3 – Cobrimos os olhos para o primeiro versículo

Ao recitar o primeiro versículo, cobrimos os olhos com nossa mão direita. O motivo basico2 é eliminar distrações durante essa prece essencial. Porém há um motivo ainda mais profundo: durante a prece do Shemá declaramos que tudo é D'us, para que ao descobrirmos nossos olhos descobrimos uma nova realidade. Uma realidade que focaliza a Divindade. O mundo físico que vemos não é tudo que existe; há uma realidade maior acima do mundano.


4 – O Shemá é uma das primeiras coisas que ensinamos aos nossos filhos

Nas leis do Estudo de Torá, no Código da Lei Judaica, aprendemos3 que quando uma criança começa a falar devemos ensinar-lhe dois versículos: “A Torá que Moshê nos ordenou é uma herança para a congregação de Yaacov” (Devarim 33:4). E o segundo é: “Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um” (Devarim 6:4, o primeiro versículo do Shemá). Esses dois versículos são os fundamentos da nossa fé.


5 – A Segunda Linha do Shemá

A segunda frase desta prece, que é pronunciada em tom baixo, diz: “Bendito seja o nome da glória de seu reino para todo o sempre.” Este versículo não aparece em nenhum local da Torá e há opiniões diferentes sobre sua origem.
Uma das fontes é uma discussão e história no Talmud, Tratado Pessachim4, onde essa própria pergunta é feita: Yaacov está em seu leito de morte, questionando a fidelidade de seus filhos ao único D'us. Seus filhos respondem com o primeiro versículo do Shemá que levou Yaacov a exclamar: “Bendito seja o nome da glória de Seu reino para todo o sempre.” O Talmud conclui, pois já que não é um versículo da Torá é pronunciado silenciosamente.


6 – Um Significado Mais Profundo, Mais Que Monoteísmo

A ideia de que “D'us é Um” significa não apenas que há um D'us, mas que D'us e toda a criação são realmente um. Não há nada separado de D'us. Nada existe fora Dele; tudo que percebemos, toda partícula da existência, nada mais é que uma manifestação velada de D'us. Por este motivo, tudo no universo é totalmente dependente de D'us a todo momento. D'us criou o universo há muito tempo, mas Ele também recria perpetuamente sua existência. Os Sábios falam de uma corrente de energia emanando da essência infinita de D'us, recriando o universo a todo momento. Se Ele removesse sua força que dá a vida, o universo e tudo dentro dele deixariam de existir.


7 – O Shemá Expressa Dois Níveis de Unidade

Rabi Schneur Zalman foi um luminar chassídico e o primeiro Rebe de Chabad, cuja obra mais importante é intitulada Tanya. Na segunda seção do Tanya, O Portão da Unidade e Fé, ele explica como as primeiras duas frases do Shemá referem-se a dois níveis de unidade divina. O primeiro versículo descreve como D'us se relaciona com o mundo sob aperspectiva de D'us, como na verdade tudo é D'us.
A segunda sentença emprega a palavra ‘reinado’ referindo-se ao nível mais baixo de unidade, a perspectiva de Suas criações. Pois não pode haver um rei sem uma nação. Sob a nossa perspectiva, somos dependente de D'us para sustentar nossa existência.
8 – O Shemá é Sobre Amor

No primeiro parágrafo do Shemá somos ordenados a “Amar a D'us com todo o seu coração, toda sua alma, e com toda a sua força.” Isso significa que devemos dominar nossos desejos humanos (i.e., paixões animalescas) para servir a Ele – desenvolvendo amor por D'us a tal ponto que ficamos empolgados para cumprir Seus desejos. Devemos dedicar nossa própria força de vida, nossa alma a Ele. Devemos estar preparados para santificar Seu nome, como muitos judeus têm feito a ponto de colocar suas vidas em perigo. E finalmente devemos usar toda a nossa força para servir a D'us, com pelo menos a mesma energia que usamos geralmente para ganhar a vida.


9 – Gritar Shemá é o Clímax de Yom Kipur

No auge do dia mais sagrado do ano está a prece Neilá, a quinta prece recitada quando nos aproximamos do final do dia. O clímax dessa prece acontece pouco antes do toque do shofar, e inclui três versículos pronunciados em alto tom.
O primeiro, dito uma vez, é o versículo de abertura do Shemá: “Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um.”
O próximo, dito três vezes, é a segunda frase do Shemá: “Bendito seja o nome da glória de Seu reino para sempre e todo o sempre.” E o terceiro versículo, dito sete vezes, é: “D'us, Ele é o Único D'us.” Neste momento somos ensinados que devemos estar dispostos a abrir mão de nossas próprias vidas em prol do céu.


10 – Dizemos Shemá na Hora de Dormir

Antes de se preparar para dormir, muitos têm o costume (que vem do Talmud5) de recitar uma ordem de preces que inclui o Shemá (esta é em adição ao serviço noturno que também inclui o Shemá). Muitos motivos são dados para esse costume. O final do dia é a hora ideal para introspecção, uma chance de rever o nosso dia e ver o que pode ser melhorado, para que essas preces nos ajudem a crescer na direção certa. O Talmud também nos diz que é adequado ir dormir com palavras de Torá nos lábios: portanto, recitamos novamente o Shemá.

. Notas: 

1. Devarim 4:7
2. Código da Lei Judaica, Orach Chaim 61:5
3. SA YD 245:5
4. Pessachim 56a
5. Berachot 60b

. Fonte: 

https://www.beitchabad.org.br/library/article_cdo/aid/4105740/jewish/10-Fatos-que-Todo-Judeu-Deveria-Saber-Sobre-o-Shem.htm

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