15 de maio de 2020

JUDAÍSMO NO BRASIL



Jacob Benzecry, Samuel Levy e Isaac Benchimol, em Belém, s/d. Foto: AHJB

A comunidade Judaica no Brasil é a segunda mais importante da América Latina, atrás da Argentina e à frente do México, com 120 mil judeus entre os 204 milhões de brasileiros, ou seja, 0,06% da população.



Cine Marconi, no Bom Retiro (São Paulo), em 1951. Acervo AHJB

. Chegada de cristãos-novos ao Brasil:

Até a proclamação da independência, em 1822, o catolicismo era a religião oficial do Brasil e não havia liberdade para a prática de outras religiões. Os cristãos-novos enfrentavam restrições sociais e econômicas, pois não podiam pertencer às Irmandades de Misericórdia e às Câmaras Municipais, nem casar com “cristãos-velhos”, por causa dos estatutos de “pureza de sangue”.

A Ocupação Holandesa, no Nordeste, permitiu favoravelmente a instalação de uma comunidade judaica. A Nova Holanda, governada de 1637 a 1644 por Maurício de Nassau exibia uma tolerância fora de padrões para a época, com outras religiões. Entre 1630 e 1654, há, em Recife, registros da primeira comunidade judaica organizada do Brasil. Entre 1636 e 1640, houve a fundação, também em Recife, da primeira sinagoga e centro comunitário judaico das Américas, a Kahal Kadosh Zur Israel (Santa Comunidade Rochedo de Israel). Depois, fundaram, em Maurícia, a sinagoga Kahal Kadosh Magen (Comunidade Sagrada Estrela). A união das duas, em 1648, contou com a assinatura de 172 integrantes da comunidade. Além da sinagoga, existiam uma escola religiosa e um cemitério.

A segunda comunidade judaica organizada no Brasil foi fundada em Belém, capital do Estado do Pará, a partir da década de 1820. O ciclo da borracha, na virada para o século 20, atraiu imigrantes de vários países, incluindo judeus.
Em 1824, em Belém (PA), judeus fundaram a primeira sinagoga moderna no país, a Shaar Hashamain. Em 1842, foi fundado um cemitério judaico na cidade. Em 1889/1892, outra sinagoga, a Essel Abraham, foi fundada na capital do Pará.

Em 1840/1850, foi fundada, no Rio de Janeiro, a primeira instituição judaica, a União Shel Guemilut Hassadim, estabelecida por judeus marroquinos que migraram do norte do Brasil. Em 1867, foi criada a Alliance Israélite Universelle e, em 1873, a Sociedade União Israelita. Outra instituição dessa época é a Sociedade Israelita do Rito Português. Fundada a sinagoga Shel guemilut Hassadim, a primeira do Rio de Janeiro.

Em 1904, há registros da primeira colônia gaúcha, em Philippson, região de Santa Maria, com 37 famílias originárias da Bessarábia. Criada, em Santa Maria, a primeira escola judaica.

Imigrantes judeus da Europa Oriental e Ocidental e do Oriente Médio formaram comunidades estruturadas nas principais cidades do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

Editado o primeiro jornal judaico em ídiche, em Porto Alegre (RS), o Di Menscheit, e as comunidades passaram a desenvolver uma intensa atividade cultural e de imprensa. 

Ocorre o 1° Congresso Sionista no Brasil, reunindo quatro movimentos: Ahavat Sion (São Paulo), Tiferet Sion (Rio de Janeiro), Shalom Sion (Curitiba) e Ahavat Sion (Pará), que fundaram a Federação Sionista do Brasil.

Cerca de 17.500 judeus entraram no país. Nesse período, houve diplomatas que salvaram judeus, como o embaixador Souza Dantas.

Governo de Getúlio Vargas bane o ensino e a publicação de jornais em línguas estrangeiras e as organizações de imigrantes tiveram que “nacionalizar” seus nomes e eleger diretorias com brasileiros natos. A instituições judaicas se adequaram, mas o ensino do hebraico foi mantido nas escolas. As comunidades participaram das campanhas em prol do esforço de guerra do Brasil, que rompeu relações com o Eixo em agosto de 1942. A comunidade judaica do Brasil doou cinco aviões para a recém criada Aviação Militar do Brasil, em 1942, e criou vários comitês para auxiliar os refugiados de guerra na Europa, alguns ligados à Cruz Vermelha. Os judeus também integraram as forças expedicionárias brasileiras e lutaram na Itália na tomada do Monte Castelo.
Fundada Federação Israelita do Estado de São Paulo, de linha sionista, para organizar a imigração do pós-guerra dos judeus refugiados na Europa para o Brasil. Foi fundada a Confederação das Entidades Representativas da Coletividade Israelita do Brasil; depois Confederação Israelita do Brasil (Conib).

Em finais dos anos 1950, chegaram os judeus húngaros e os egípcios, que se instalaram, sobretudo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Hospital Israelita Albert Einstein foi fundado em 1955. Nos anos difíceis da ditadura militar, 1964-1985, dez militantes judeus foram mortos pela repressão. O caso mais emblemático é o de Vladimir Herzog (Iugoslávia, 1937- São Paulo, 1975).

Universidade de São Paulo (USP) instituiu o Centro de Estudos Judaicos. O Programa de Pós-Graduação em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica da Universidade de São Paulo (USP) foi regulamentado.

o Brasil atrai judeus oriundos da América Latina, que deixam seus países em momentos de crise política ou econômica. Em 2002, é reinaugurada, após restauração, a antiga sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, em Recife. O dia 18 de março foi escolhido para ser o Dia Nacional da Imigração Judaica, em lei federal sancionada.

. União Israelita do Brasil:

Foi criada oficialmente em  28 de janeiro de 1873, com publicação no Diário Oficial, a União Israelita do Brasil, no Rio de Janeiro, pois o Brasil Imperial já tinha comunidade judaica organizada no país. 

. Fonte:

Confederação Israelita do Brasil

https://www.conib.org.br/historia/

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