21 de fevereiro de 2019

ANTISSEMITISMO ATINGE NOVOS NÍVEIS NA FRANÇA: O PAÍS ABRIGA A MAIOR COMUNIDADE JUDAICA NA EUROPA


Cemitério israelita vandalizado na França

O antissemitismo em França atingiu os seus piores níveis desde a 2ª Guerra Mundial, segundo disse o presidente Emmanuel Macron aos líderes na comunidade judaica na passada quarta-feira (20), depois de centenas de pessoas terem manifestado o seu ultraje perante o aumento de crimes de ódio no país, de acordo com o jornal britânico The Guardian. A proposta de Macron é que o governo francês adote a definição de "antissemitismo" da Aliança Internacional de Memória do Holocausto e deve ainda propor uma lei para reduzir os discursos de ódio que circulam no espaço online. Estas medidas auxiliariam na orientação das forças policiais, magistrados e professores no seu trabalho diário, de acordo com o líder francês.



"O nosso país e outras partes da Europa viram um ressurgimento do antissemitismo que é provavelmente sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial", acrescentou Macron

Desde que a Aliança Internacional de Memória do Holocausto aprovou a definição em 2016, alguns críticos de Israel disseram que ela poderia ser utilizada para suprimir os direitos dos ativistas palestinianos. A mesma afirma que o antissemitismo pode tomar a forma da "negação ao povo judeu do seu direito à autodeterminação, por exemplo, alegando que a mera existência de um estado de Israel é uma prova de racismo." Macron afirmou concordar com essa visão.

Sylvain Maillard, um político no centrista de Macron, La République En Marche, disse esta semana que o anti-sionismo deve ser considerado uma ofensa punível na França, argumentando que o mesmo era usado com muita frequência como uma cobertura para o anti-semitismo. Mas a adoção de uma nova definição de trabalho antissemitismo em França, que inclui o anti-sionismo, não significa, neste estágio, mudar a lei.

Macron também mencionou o anti-semitismo baseado no "islamismo radical" como uma ideologia perturbante a crescer de maneira desenfreada nos bairros pobres multiétnicos de França.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressou o seu agradecimento em relação à adoção por parte na nação França da definição internacional de antissemitismo num telefonema com o líder francês antes do discurso, disse o gabinete de Netanyahu.

Macron também disse que seu partido apresentará uma legislação no parlamento em maio para forçar as redes sociais a retirar os discursos de ódio publicados online e usar todos os meios disponíveis para identificar os autores "o mais rápido possível".

Denunciou com especial desdém o Twitter por demorar dias, às vezes semanas, a remover conteúdo odioso e ajudar as autoridades a encontrar os responsáveis pela sua publicação.

O discurso de Macron vem apenas um dia depois de centenas de pessoas marcharem nas ruas de França, de maneira a denunciar ataques antissemitas em França nos últimos meses. Na manhã de terça-feira, cerca de 80 campas foram pintadas com símbolos de suásticas numa pequena aldeia francesa.
O governo francês constatou um aumento considerável em crimes anti-semitas no ano passado: 541 incidentes registados, mais de 74% dos 311 registados em 2017.

Outros incidentes ocorridos este mês, incluem graffiti de suásticas encontrado em retratos de rua de Simone Veil, sobrevivente de campos de concentração e ex-presidente do parlamento europeu, falecida em 2017, a palavra "juden" pintada nas janelas de uma loja de bagels em Paris, e duas árvores plantadas num memorial pensado para honrar um jovem judeu torturado até à morte em 2006, que foram vandalizadas.

"É a nossa falha," disse Macron. "Chegou o tempo de agir".

. Fonte:

https://www.sabado.pt/mundo/detalhe/antissemitismo-atingiu-novos-picos-em-franca?ref=DET_Recomendadas_pb

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